Irlaine Nóbrega
A obesidade infantil é uma condição de excesso de gordura corporal em crianças, o que afeta diretamente a saúde. Entre os principais prejuízos estão o aparecimento de doenças como hipertensão e diabetes, além do impacto na autopercepção e baixa autoestima. Os altos índices de incidência da obesidade no público infantil brasileiro reforçam a importância da prática de atividades físicas na prevenção do sobrepeso.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 12,4% dos meninos e 9,4% das meninas são considerados obesos no Brasil. Isso porque 80% das crianças de até 5 anos consomem alimentos processados ou ultraprocessados, como biscoitos recheados e refrigerantes. A OMS ainda estima que até 2025 chegue a 75 milhões o número de crianças obesas no mundo.
Segundo a educadora física Laís Pinheiro, o exercício físico na infância estimula o desenvolvimento físico e cognitivo, além de ser aliado na prevenção de doenças. “A partir dos seis meses, as crianças podem fazer exercícios como natação, estimulação motora, psicomotricidade, que são atividades que ajudam no cotidiano, no andar, correr, comer, na autonomia do brincar e na independência. Essas atividades também são de suma importância na prevenção de doenças que atingem o sistema cardiovascular e respiratório”.
As atividades físicas para crianças são recomendadas conforme a faixa etária dos pequenos. Para crianças menores de seis meses é indicado a prática da natação, enquanto as crianças a partir dessa idade podem praticar exercícios sensoriais e o circuito físico-recreativo. A partir dos quatro anos, esse público já pode praticar algumas modalidades de artes marciais e demais esportes, sempre respeitando a individualidade e a fase que a criança vive.
“É preciso ver com o que a criança se identifica. Colocar uma criança em uma atividade física que ela não se identifica pode fazer com que ela perca a vontade e desanime. Se ela gosta de correr, pular, fazer exercícios, jogar futebol, gosta de água, então ela precisa fazer as suas atividades físicas voltadas para isso. Se ela não se adaptar, é preciso procurar pelo que ela gosta para que ela faça com desejo e consiga socializar com os colegas”, recomenda Laís Pinheiro.
A OMS sugere que crianças e adolescentes pratiquem 60 minutos de atividade física diariamente, porém mais de 80% desse público não chega ao objetivo. “Eu também recomendo que as crianças façam essas atividades de duas a quatro vezes por semana. Isso ajuda no afastamento das telas, tirar a criança do comodismo e fazer com que elas gastem energia. Quanto mais elas estiverem em movimento, mais vão ser crianças saudáveis e felizes”, afirma a educadora física.
DESENVOLVIMENTO
As doenças hereditárias motivaram Dayse Aires, 45, a estimular a prática de exercício físico no filho de dois anos. Hipertensa, ela já passou por um quadro de diabetes gestacional e ainda luta para não desenvolver a forma crônica da doença. Em conversa com o pai da criança, eles decidiram dar um passo no futuro em relação à saúde do filho, que faz natação e circuito físico-recreativo.
“É importante que ele tenha uma vida ativa desde criança para que quando ele cresça mantenha um hábito saudável. Desde que ele começou, as atividades ajudaram no desenvolvimento motor, cognitivo, dos músculos e ossos, no crescimento e a desenvolver habilidades futuras. Já percebi que ele gosta de música, então já pensei em colocar ele pra fazer aulas. Por causa dessas aulas, ele já conhece as vogais, as cores e a gente percebe que ele tem falado mais”, conta a enfermeira.
A atividade física é um meio de interação do filho de Bárbara Pantoja, 32 anos. Aos dois anos, ele ainda não está em idade escolar, fase em que a criança começa a desenvolver rapidamente as habilidades sociais. Com indicação de uma fisioterapeuta, a mãe buscou por aulas que estimulam o progresso dos marcos de desenvolvimento do menino, realidade perceptível desde os primeiros meses de aula.
“Ele se desenvolveu mais rápido com a interação com outras crianças. Quando ele começou, não batia palma, não obedecia a comandos, mas agora ele já consegue correr, levantar e descer como todo mundo, bater palma, coisas que antes ele não fazia. Eu já estou esperando ele fazer quatro anos para entrar em um esporte e fazer música, que ele gosta. Quero muito que ele se desenvolva nessas duas áreas, mente e corpo”, conclui a servidora pública.