Leia a coluna de Gerson Nogueira
O que esperar (ainda) de Neymar?
Neymar marcou presença nas tribunas do estádio Sofi, em Los Angeles, para acompanhar a estreia do Brasil na Copa América, segunda-feira à noite. Parece pronto para desfilar e abrilhantar o mundo fashion. Sem previsão de voltar a jogar, sua presença reavivou questionamentos sobre sua real importância que tem para a Seleção.
A pífia atuação do Brasil contra a Costa Rica acentuou o debate a respeito do futuro de Neymar no escrete. Aos 32 anos, não há obstáculo para que volte a atuar como protagonista. As dúvidas se concentram no grau de competitividade e comprometimento com a busca por títulos.
Neymar passa a impressão, desde a Copa do Mundo de 2022, de que não tem interesse em alcançar conquistas pela Seleção. É como se hoje preferisse jogos de exibição, onde tivesse liberdade para mostrar todo o seu formidável repertório de dribles, sem maiores responsabilidades.
Justamente aí se estabelece o conflito. A torcida espera um Brasil capaz de se impor nas Eliminatórias Sul-Americanas, na Copa América e na Copa do Mundo de 2026. Um time historicamente vencedor não pode se contentar em ser mero coadjuvante, como nos últimos anos, justamente o espaço de tempo que se convencionou chamar de “era Neymar”.
Os atributos de Neymar são inegáveis. Coleciona passes, fintas e jogadas bonitas dignas dos grandes craques da era de ouro. Acontece que nunca ganhou uma Copa, como Pelé, Romário e Ronaldo, até porque teve o infortúnio de jogar pela metade em 2014, meia-boca em 2018 e pouco decisivo em 2022.
Ao mesmo tempo, o insucesso na Seleção foi acompanhado por decepções nas premiações de melhor do mundo. Entre 2012 e 2020, quando no apogeu, deixou-se levar pela indisciplina, a falta de foco e o desvio de prioridades. Passou a ser visto como mais um pagodeiro ilustre, envolvido com eventos de moda e baladas.
Muitos de seus defensores alegam que sofreu com dificuldades circunstanciais, como o azar de jogar em seleções “erradas” (ruins), o que é verdade, mas impõe questionamentos. Exemplo: Messi é o que é, apesar de ter jogado sempre em seleções fracas da Argentina, incluindo a atual.
Nos debates acalorados sobre Neymar nas redes sociais sempre aparece alguém para louvar um lado supostamente libertário e destemido, como o suposto ato de peitar a Globo, por exemplo. Na prática, representado pelo pai, ele bateu o pé para algumas imposições, mas não a ponto de estabelecer uma ruptura radical com a emissora.
As posições que adota, seja em relação à política ou ao meio ambiente, costumam ser equivocadas. Gente mais jovem do que ele – e mais vitoriosa –, como Mbappé, não se priva de manifestar opinião clara sobre os rumos de seu país. (Em entrevista sobre o Real Madrid, o francês conclamou os jovens de seu país a enfrentar a onda extremista de direita).
Hoje, mesmo na limitada Seleção de Dorival Júnior, Neymar teria pouco a acrescentar. Nas Eliminatórias, antes de se lesionar, foi um jogador mediano, de rendimento discreto. O fato é que o camisa 10 está mais para um boleiro talentoso que optou pelo legítimo direito de acumular fortuna.
Essa decisão pessoal leva a um caminho sem volta, o da irrelevância a médio prazo, o que é uma pena. Comporta-se hoje como um aposentado em permanente desfrute de férias nababescas – um direito dele.
Não deixa esperanças quanto ao futuro imediato. O papel de ídolo é cada vez mais contestado e ele não demonstra ter a intenção de reescrever a caminhada, como Ronaldo Fenômeno. Tende a passar para a história como exemplo de um monumental desperdício de talento e habilidade.
Netinho, a novidade que já estava dentro de casa
O PSC tem apresentado um inesperado “reforço”: Netinho, volante com vocações ofensivas e um poderoso chute de média distância. Depois de quase ter sido dispensado antes da Série C, chegando a ser sondado pelo rival Remo, ele tem sido lançado nos últimos jogos, sempre com muito destaque.
Foi assim contra o CRB, quando esteve perto de marcar, com dois chutes perigosos. Depois, veio o confronto com a Chapecoense e ele novamente marcou presença, desta vez com um tiro espetacular.
O volante entrou na 2ª etapa. Aos 35 minutos, o PSC tentava o gol de desempate e avançou suas linhas. Netinho recebeu uma bola na intermediária, penteou e driblou um marcador. Em seguida, acertou um disparo perfeito, no ângulo direito da trave de Cavichioli, sem defesa.
A característica de bater de fora da área é um trunfo de Netinho na carreira. Destaca-se porque a coragem de arriscar de longe é incomum entre jogadores brasileiros. Melhor para o Papão, que, além dele, tem outro especialista nesse tipo de jogada, o também volante Val Soares.
Surpresas, novidades e algumas decepções na Euro
A Eurocopa chega aos últimos jogos da primeira fase, mas já está consolidada a imagem de um torneio repleto de novidades e surpresas, como a Áustria e a Turquia. E algumas decepções, como Inglaterra e França, que se classificaram sem encantar.
Dos favoritos, somente a Espanha tem demonstrado qualidade e ambição para brigar pelo título. Venceu os três jogos iniciais e vai entrar fortalecida na fase de mata-mata. A Alemanha remoçada também pode fazer estragos, contando com o apoio da torcida.
A seleção de Portugal tem cumprido seu papel, mas sem brilho. Que ninguém se iluda: Cristiano Ronaldo ainda pode fazer a diferença nesta que deve ser sua última Euro.