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Greve nas universidades chega ao fim após 69 dias

Professores, técnicos-administrativos e estudantes de universidades federais e institutos federais de ensino fizeram greve. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Professores, técnicos-administrativos e estudantes de universidades federais e institutos federais de ensino fizeram greve. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Folha

A greve dos professores das universidades federais terminou após 69 dias. Em assembleia neste domingo (23), o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) informou que a maioria de suas instituições filiadas optou por acabar com a paralisação.

Foram 33 votos a favor do encerramento do movimento e 22 contrários.

O argumento para a decisão é a “intransigência” do governo Lula (PT) quanto às negociações salariais. Para os docentes, Brasília não iria conceder o reajuste pedido para este ano, e seguir sem aulas somente prejudicaria os estudantes.

Agora, o sindicato deve avisar sua deliberação ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e assinar um acordo na quarta-feira (26).

Parte dos servidores das universidades já havia decidido abandonar a greve na última semana. Até a noite de sexta-feira (21), docentes de instituições como UnB (Universidade de Brasília), UFPR (Universidade Federal do Paraná), UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiram retornar às salas de aula.

Três indivíduos engajados em um protesto ao ar livre, onde dois deles tocam tambores com fervor. O homem à direita levanta o punho em sinal de resistência, enquanto a mulher ao centro, vestindo uma camiseta com a inscrição “Greve Geral Federal”, toca um tambor menor. Uma bandeira vermelha com uma estrela branca é agitada ao fundo

Servidores federais da educação em greve fazem ato em frente ao Palácio do Planalto, enquanto o presidente Lula se reúne com os reitores das universidades federais –

Neste domingo, antes das universidades, professores e servidores técnico-administrativos de institutos federais já tinham resolvido encerrar a greve iniciada há mais de dois meses. Em assembleia à tarde, o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais na Educação Básica, Profissional e Tecnológica) anunciou a decisão.

CRISE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS

Representados pelo Andes e pelo Sinasefe, os servidores reivindicam aumento de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio 2026. Brasília oferece 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.

Em 22 de maio, o governo assinou um acordo com o Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico), uma das entidades que representam os professores federais, visando encerrar a greve.

Mas, em 29 de maio, a Justiça Federal anulou o acordo, após ação movida pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe, um braço do Andes.

Tentando acalmar os ânimos, o governo lançou um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na segunda-feira (10) para as universidades federais e para os hospitais universitários, com previsão de R$ 5,5 bilhões em investimentos.

Os valores, porém, já eram previstos no orçamento deste ano e foram somente adiantados, como mostrou a Folha.

O ministro da Educação, Camilo Santana, também anunciou um acréscimo de recursos para o custeio das instituições federais, em um total de R$ 400 milhões. Desse total, R$ 279,2 milhões serão para as universidades e outros R$ 120,7 milhões para os institutos federais.

NEGOCIAÇÕES

O fim da greve ocorreu após tentativas de Lula de se aproximar da categoria. Nas últimas semanas, o presidente realizou um encontro com reitores, escutou suas demandas e prometeu agir. Depois, o governo anunciou um pacote de investimento nas universidades e fez, por meio do Ministério da Gestão, nova proposta para o encerramento da greve.

Brasília ofereceu, por exemplo, a revogação da portaria 983, que amplia a carga horária dos docentes. Também foi prometida a criação de um grupo permanente de trabalho para discutir a restruturação da carreira acadêmica.

Porém, não foi apresentada proposta de reajuste salarial ainda em 2024. Por isso, o Andes ficou contrariado e inclinado a continuar a paralisação, mas convocou assembleias nas universidades para discutir os termos do governo. Dessas assembleias, veio o veredito: encerrar a greve.

Nas instituições, houve muita negociação. Segundo membros do PT, Lula pediu para alguns correligionários mais próximos conversarem com servidores e enfatizarem todos os benefícios oferecidos pelo governo, além de fazer promessas por melhorias futuras. Surtiu efeitos.