Fábio Nóvoa

Rivais

Zendaya vive um triângulo amoroso em “Rivais”. FOTO: divulgação

Luca Guadagnino não é um diretor de cinema afeito à paralelos semióticos muito nas entrelinhas. Tanto em “Me Chame Pelo Seu Nome”, quanto em “Até os Ossos” e mesmo no remake de “Suspiria”, suas referências visuais são quase sempre simples e diretas, cruas até.

Já em “Rivais” (2024), o cineasta refina seu estilo, jogando com as sutilezas. Sempre com uma sexualidade pulsante, em cima da relação entre jogadores de tênis com o esporte e a vida amorosa. Daí surge um caminhão de signos visuais, fálicos, presentes em roupas, gestos, gemidos e até em alimentos. Tudo remete para o contexto sexual que gravita em torno do triângulo amoroso central entre os personagens de Zendaya (agarrando com força seu primeiro papel no cinema como protagonista), Mike Faist e Josh O’Connor.

Em jogo, hormônios, desejos e ambições em diferentes proporções e realizações. Guadagnino brinca magistralmente com a libido do espectador, despertando sentimentos de cumplicidade entre os personagens em cena e seus “voyeurs” externos. Assim como o recente “Love Lies Bleeding”, o culto ao corpo se faz em suor e músculos, mas não no sentido totalmente erótico, partindo até para o anedótico e metafórico.

É interessante que mesmo não tendo uma história muito complexa ou definida, o filme mantém o ritmo dinâmico, investindo em diálogos ligeiros, elipses temporais e focando em treinos e partidas do esporte, com direito à trilha sonora eletrônica (da dupla do Nine Inch Nails, Trent Reznor e Atticus Ross) e placares flutuantes em tela.

Guadagnino também brinca com as possibilidades por meio de transições divertidas, além do uso de câmera lenta e efeitos visuais. Ou seja, mesmo que invista em uma trama clássica de thriller romântico, o diretor apela exacerbadamente para a cultura pop em seus diversos ângulos. O filme passou rapidamente pelos cinemas e já está disponível para aluguel nos streamings. Vale conferir.

CELEBRAÇÃO

NACIONAL

Para comemorar o dia do Cinema Nacional, celebrado ontem (19 de junho), a Netflix disponibilizou um catálogo de obras brasileiras, entre clássicos e filmes novos, como “Central do Brasil”, “Pacarrete”, “Terra Estrangeira”, “Vidas Secas” (1963) e “A Dama do Lotação” (1978), além de produções recentes, como “Sem Coração” (2023) e “Aquarius” (2016). Ou seja, uma seleção de qualidade e que incentiva o público brasileiro a conhecer a produção local. Prestigiem o cinema nacional.