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Dona Onete chega aos 85 anos com disco novo e clima de festa de interior

Dona Onete reúne ritmos do Pará em mais um conjunto de 10 músicas autorais, já disponível nas plataformas de música

FOTO: RENATO REIS/divulgação
Dona Onete reúne ritmos do Pará em mais um conjunto de 10 músicas autorais, já disponível nas plataformas de música FOTO: RENATO REIS/divulgação

Aline Rodrigues

A rainha do carimbó chamegado Dona Onete celebrou seus 85 anos ontem reunindo jornalistas, músicos e cantoras numa coletiva de imprensa com clima de festa de aniversário, onde apresentou seu aguardado novo álbum: “Bagaceira”. Com 10 músicas inéditas e autorais, que oferecem uma jornada pelos diversos estilos musicais do Pará, como carimbó, banguê e toada de boi, a cantora falou com alegria sobre o seu quarto disco – já disponível nas principais plataformas digitais de música.

“Tem coisa melhor para unir a gente do que uma festa de interior? Depois que tira o sapato, já bebeu todas, comeu, quando alguém oferece um agasalho, paraense sabe o que é agasalho, é aquele ‘vem deitar, depois que tu melhorar tu vai ti embora’. Falo sutilmente de uma festa no interior, pode ser na Ilha do Combu, na Ilha das Onças, Cotijuba, Mosqueiro, pode ser em qualquer lugar. Onde a festa aconteça, vira uma bagaceira”, falou Dona Onete sobre a faixa que dá título ao álbum.

O novo disco da artista já está nas plataformas digitais, foi o primeiro que a cantora fez questão de participar ativamente de todas as etapas, desde a escolha das músicas até a arte da capa, assinada pela artista plástica paraense Maitê Zara, inspirada em uma foto de Renato Reis especialmente selecionada por Dona Onete, que reflete toda a sua essência e energia. O próprio figurino deste trabalho foi escolhido a dedo pela diva. Nele, encontramos elementos da arte marajoara, estampados na saia rodada e típica das dançarinas de carimbó, entre outras referências da cultura paraense. E para fechar com chave de ouro, Dona Onete fez questão de usar a sua coroa de Rainha do Carnaval do Carnamango/Circo Voador 2024.

“Deu muito trabalho, era muita música para pouco CD. Vai dar para se encontrar em cada faixa, porque falo de amor e carinho. Além de falar de coisas do meu Pará”, contou ela, que nas canções ecoa suas experiências de vida, a essência dos locais onde nasceu e viveu. Desde o envolvente banguê da faixa-título “Bagaceira” até a atmosfera festiva do carimbó em “Curió Cantador” e “Festa no Ver-o-Peso”, o disco é também uma grande celebração da música paraense. É seguro dizer que todas as músicas podem contagiar qualquer ambiente com a energia e a atmosfera do Pará.

“‘Chamego Caboclo’ fala de onde vem esse chamego, porque o Pará é a terra mais chamegosa, aqui a gente se beija, abraça, acha graça, é uma coisa da gente. Passamos fogueira, viramos comadre e compadre, que quem ver pensa que foi na igreja, mas não, foi na fogueira. Estou falando desse jeito carinhoso de ser com as pessoas, que só temos aqui”, comentou também sobre esta outra faixa do álbum.

Já em “Lunlambumbarumbó”, o que se destaca é uma mistura de vários ritmos paraenses explicada já no título: lundu, lambada, boi bumbá e carimbó. Nela, a cantora ainda exalta mais uma vez a figura feminina. “Atrevida, abusada, gostosa é a mulher brasileira…”, diz um trecho da canção, que tem participação do cantor e guitarrista Félix Robatto. “Além da gente estar precisando de empoderamento, precisando ser mais queridas, mais bem tratadas, é o jeito que tenho de falar da mulher, que vem da mãe, da tia, da avó. Não tem nada melhor que esse chamego de parente”, disse ela sobre a faixa.