A pesquisa foi conduzida por Carolina Melo e Naercio Menezes Filho, ambos economistas e professores do Insper. “Nossa pesquisa mostrou que há uma extensa manipulação das datas dos partos devido ao carnaval, afetando principalmente mulheres de maior nível educacional”, diz Melo.
A tendência entre mães mais escolarizadas é antecipar os partos para evitar o feriado, o que pode encurtar o período de gestação e colocar os bebês em risco. Por outro lado, quando os partos não podem ser antecipados, muitas mulheres acabam tendo partos naturais, o que resulta em melhores indicadores de maturidade gestacional e sobrevivência neonatal. Um aumento líquido de 3,5 dias no tempo gestacional dos partos manipulados pode levar a um ganho de peso de 60 gramas.
Melo alerta que a postergação dos partos devido ao carnaval, ao reduzir a mortalidade neonatal, sugere que muitos nascimentos no Brasil ocorrem precocemente por causa das cesáreas eletivas. Nos hospitais privados, 86% dos partos são cesarianas, muito acima da média nacional de 55%, que já é alta comparada à recomendação da OMS de até 15%.
A pesquisa, apesar de focar no carnaval, indica que a tendência de antecipar partos é mais ampla e não restrita a feriados. Enquanto a OMS recomenda um período gestacional mínimo de 39 semanas, a média brasileira é de 38,5 semanas, sugerindo que muitos bebês nascem antes do tempo ideal.
O estudo destaca a necessidade de políticas públicas que restrinjam a antecipação de partos sem necessidade médica, visando minimizar os riscos de nascimentos prematuros e baixo peso ao nascer.
A pesquisa teve apoio da FAPESP através de uma Bolsa de Pós-Doutorado concedida a Carolina Melo e do Centro Brasileiro para o Desenvolvimento na Primeira Infância (CPAPI), coordenado por Menezes Filho em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
(Com informações de Agência FAPESP)