YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Paraná investiga uma esteticista suspeita de ter realizado o procedimento conhecido como peeling de fenol em uma mulher de 64 anos que sofreu queimaduras de terceiro grau no rosto. O caso aconteceu no dia 25 de maio, em Curitiba.
O fenol é uma substância química cáustica, utilizada por dermatologistas em peelings químicos profundos para tratar rugas, manchas na pele e cicatrizes.
A polícia não informou o nome da esteticista e a defesa não foi encontrada pela reportagem.
A dona do empreendimento se apresentou à paciente como biomédica, mas não tinha formação. O procedimento foi realizado no dia 25 de maio, mas a paciente, 11 dias depois, começou a sentir dores intensas e foi hospitalizada. Ela passou por intervenção cirúrgica para reconstruir a pele do rosto.
“Por diversas ocasiões após o procedimento, a vítima e os familiares questionaram a profissional sobre a necessidade de assistência médica, a qual teria afirmado que as dores eram normais e apenas recomendou a aplicação de uma pomada no rosto”, afirmou Aline Manzatto, delegada titular à frente da investigação.
Nesta quinta-feira (13) a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária de Curitiba estiveram no centro estético onde a vítima sofreu queimaduras.
Os agentes encontraram produtos sem registro de Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e substâncias com data de validade vencida, como ácido hialurônico.
“As ampolas com fenol, para nossa surpresa, eram manipuladas por uma dentista de São Paulo que receitava o produto. Ele era produzido em uma farmácia de manipulação de São Paulo em nome da esteticista, como se a esteticista fosse utilizar nela mesmo. Ela trazia para Curitiba e aplicava nas clientes”, disse a delegada.
Segundo a polícia, a esteticista pode responder por crimes de exercício irregular da profissão, lesão corporal e falsificação de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais.
O uso inadequado de fenol pode causar consequências graves, como queimaduras, intoxicação e até a morte. Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), mesmo quando são realizados por médicos, os procedimentos estéticos invasivos devem ocorrer em ambientes preparados de acordo com normas sanitárias e estrutura para intervenção imediata de suporte à vida no caso de intercorrências.
A Polícia Civil de São Paulo compartilhou com a Polícia Civil do Paraná trechos do inquérito da morte do empresário Henrique da Silva Chagas, 27.
Henrique morreu após fazer o peeling em uma clínica de estética de São Paulo. Imagens de uma câmera instalada na clínica da influencer Natalia Fabiana Freitas Antonio, 29, conhecida como Natalia Becker, mostram o empresário passando mal após a realização do procedimento, no dia 3 de junho. Ele morreu no local.
A ideia é que o compartilhamento de informações entre as polícias dos dois estados ajude a apurar a conduta da farmacêutica responsável por ministrar o curso online de peeling de fenol para Natalia.
Em seu depoimento, a influenciadora afirmou ter comprado o curso online ministrado pela farmacêutica Daniele Stuart, proprietária da clínica Neo Stuart, com sede em Curitiba.
A morte do empresário Henrique Silva Chagas, de 27 anos, levou o deputado estadual Rogério Nogueira (PSDB) a apresentar um projeto de lei que restringe a realização do procedimento de peeling de fenol a médicos, preferencialmente com especialização em dermatologia ou cirurgia plástica.