Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) e Governo do Pará assinaram, na terça-feira, 11, em Brasília, Acordo de Cooperação Técnica para viabilização do “Programa Ação para Meninas e Mulheres do Marajó”. O objetivo é realizar ações integradas para prevenção e enfrentamento da violência contra mulheres e meninas na Ilha de Marajó, a partir do fortalecimento do acesso à Justiça. As instituições têm 30 dias para apresentar um plano de trabalho com detalhes a fim de tornar concretas as ações.
O presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, abriu a solenidade destacando a importância do termo de cooperação para a região.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2023, no Pará, foram registrados 4.079 casos de estupro contra crianças e mulheres, entre os anos de 2017 e 2022. No Marajó, há 763 processos de crimes sexuais pendentes de julgamento.
O magistrado agradeceu a todos que se juntaram para o conjunto de medidas que vai beneficiar cerca de 590 mil habitantes do arquipélago. “Esses dados são alarmantes e revelam a importância dessa cooperação com o objetivo de estabelecer e aperfeiçoar políticas que rejeitem todas as formas de violência e que protejam e garantam os direitos constitucionalmente previstos para mulheres e crianças”
O governador do Pará, Helder Barbalho, reafirmou a importância do momento. Disse que estava tocado pelo envolvimento do CNJ e do CNMP para fortalecer a proteção às mulheres e meninas do Marajó. Acrescentou que sabe do desafio social e que o envolvimento do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e sociedade brasileira em torno do assunto. Falou sobre ações que o governo estadual já está desenvolvendo, como o recém-instalado Centro Especializado para Mulheres e Meninas do Marajó, em Breves, município mais populoso. “Festejo a postura, o posicionamento, a proatividade do CNJ e de todos os seus membros e particularmente com o ministro Barroso”, afirmou.
A presidente do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), desembargadora Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos, ressaltou que se tratava de uma ação desafiadora, mas que trazia muita alegria porque as mazelas seriam enfrentadas. “É uma oportunidade transformadora e que nós estaremos sempre ao lado do CNJ em suas ações, em suas aspirações, junto ao nosso estado. A população ribeirinha sempre teve o apoio do Judiciário porque estivemos sempre ao lado deles, quando saímos em busca de levá-los direitos, cidadania. Junto nós vamos minimizar esta problemática que temos no nosso querido Marajó”, disse.
O conselheiro do CNMP, Engels Muniz, representando o procurador geral da República, Paulo Gonet, ratificou que o acordo visava ações integradas, sobretudo com foco na justiça e no esclarecimento à população. “Empecilhos demandam o diálogo constante das instituições públicas com a sociedade civil. Hoje damos um passo importante assinando esse acordo de cooperação”, disse.
Por último, a conselheira do CNJ, Renata Gil, agradeceu a confiança ao trabalho, lembrando que o programa nasceu no Pará, com o Judiciário e o Executivo, partindo das vivências e das experiências de quem conhece a região e com muita atenção daqueles que lá habitam. “Nossa intenção não era inventar a roda. Era fortalecer o sistema de Justiça, os equipamentos públicos que lá já funcionavam e estruturar outros”, explicou.
A cooperação vai ao encontro da Portaria nº 2238/2024-GP, que instituiu, no âmbito do Judiciário do Pará, um Grupo de Trabalho para, juntamente com as unidades judiciárias, executar os procedimentos necessários à implementação do projeto “Ação para Meninas e Mulheres do Marajó”, de autoria do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), sob demanda da conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Renata Gil.
O projeto objetiva realizar ações integradas para prevenção e enfrentamento da violência contra mulheres e meninas nas Ilhas de Marajó, a partir do fortalecimento do acesso à Justiça e esclarecimento da população marajoara sobre as diversas formas de violência e suas consequências.
Entre as metas estão: melhorar o acesso das vítimas de violência e exploração sexual a serviços de apoio e assistência jurídica, além de promover capacitação de profissionais do sistema de Justiça local para lidar de forma eficaz com casos de violência e exploração sexual.
Também estão entre as ações, prestar auxílio às unidades judiciárias, no julgamento e nas baixas processuais dos casos de violência doméstica e familiar contra mulheres, crimes contra crianças e adolescentes e infância e juventude, com auxílio do Grupo de Assessoramento e Suporte (GAS) do TJPA.
O Judiciário ainda deverá expandir ao arquipélago projetos já existentes, como o projeto Judiciário na Escola: Unindo Esforços no Enfrentamento à Violência de Gênero; projeto Mudando a História: uma vida sem violência; Grupo reflexivo de homens autores de violência doméstica e familiar contra mulher; projeto Porto Seguro e o programa Patrulha Maria da Penha.
O Grupo de Trabalho é composto pelos seguintes desembargadores(as): a presidente do TJPA, Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos, que atuará como Coordenadora Geral; o coordenador geral dos Juizados Especiais e Gestor da Agenda de ltinerância do TJPA, Leonardo de Noronha Tavares, que atuará como Coordenador do Grupo de Trabalho; a coordenadora Estadual das Mulheres em situação de Violência Doméstica e Familiar (CEVID), Maria de Nazaré Saavedra Guimarães; o coordenador Estadual da Infância e Juventude (CEIJ), José Maria Teixeira do Rosário; e a coordenadora do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos no Estado do Pará (Nupemec), Dahil Paraense de Souza.
Também participam do Grupo de Trabalho o juiz auxiliar da Presidência, Sílvio César dos Santos Maria; a juíza auxiliar da Presidência, Antonieta Maria Ferrari Mileo; a juíza auxiliar da Coordenadoria dos Juizados Especiais, Ana Lúcia Bentes Lynch; a juíza titular da 2ª Vara da Infância e Juventude da Capital e vice coordenadora da CEIJ, Danielle de Cássia Silveira Buhrnheim; o juiz titular da 3ª Vara da Infância e Juventude da Capital e juiz auxiliar da CEIJ, Vanderley de Oliveira Silva; a juíza titular da 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital e juíza auxiliar da CEVID, Rubilene Silva Rosário; a juíza substituta respondendo pela Comarca de Gurupá, Mirian Zampier de Rezende; e o juiz titular da Comarca de Portel, Thiago Fernandes Estevam dos Santos.
(Fonte: TJPA)