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Jornalista paraense Léo Aquino lança podcast “Torpor”, um estudo sobre uso e abuso de opioides

Com formato de audiodocumentário, a série de cinco episódios estará disponível em todas as plataformas a partir desta quarta. Ilustração: Mariana Tavares / divulgação
Com formato de audiodocumentário, a série de cinco episódios estará disponível em todas as plataformas a partir desta quarta. Ilustração: Mariana Tavares / divulgação

Wal Sarges

Radicado em Recife-PE há mais de dez anos, o jornalista paraense Léo Aquino lança nesta quarta, 12, o podcast “Torpor”, em todas as plataformas digitais de áudio. A série trata sobre o consumo indiscriminado de opioides e a dependência que causam nas pessoas. O podcast é uma parceria com a farmacêutica Janaina Versiani, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), consultora científica do projeto.

Resultado de quase um ano de trabalho, o podcast é uma série de cinco episódios no formato de audiodocumentário em que o jornalista conta a história do uso milenar do ópio e seus derivados, a partir de pesquisas em livros, jornais, entrevistas com especialistas e com pessoas que de alguma forma conviveram com o tema. A série aborda desde o uso nas sociedades antigas até a crise dos opioides no século 21, nos Estados Unidos, onde a venda desenfreada dessas substâncias, com prescrição médica, levou a um problema de saúde pública, com um enorme número de pacientes viciados e de mortes por overdose com substâncias como o Fentanil.

Os opioides são extraídos da semente da papoula (Papaver somniferum) e constituem uma classe de analgésicos que agem no Sistema Nervoso Central, utilizados como sedativos e anestésicos. Além dos extratos naturais, existem também derivados sintéticos e semi-sintéticos. “Existem os opiáceos que são substâncias derivadas diretamente da papoula. O ópio é extraído de uma planta conhecida como papoula dormideira, cujo nome científico é Papaver somniferum. Essa planta tem uma cápsula que, ao passar por uma incisão, libera uma espécie de seiva. Desse látex é produzido o ópio. Alguns desses opioides recebem a denominação de opiáceos. Daí se tem a morfina, a heroína e a codeína. Existem ainda os opioides sintéticos que são substâncias desenvolvidas completamente em laboratórios, sem necessidade da planta. Os mais conhecidos dessa classificação dos sintéticos são o Tramadol, o mais vendido no Brasil, e o Fentanil, que é o pivô da crise dos Estados Unidos”, detalha Léo Aquino.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) possui uma lista de substâncias controladas dividida em categorias, a partir de uma portaria editada em 1998. “Tem a categoria A para entorpecentes; B para classificação dos psicotrópicos; e C para as demais substâncias de controle especial. Os opioides estão todos na categoria A, embora haja subdivisões dentro dela, entre fortes e fracos. Na prática, para conseguir uma receita de opioides, é preciso ter um talão específico de receita A de cor amarela, que não pode ser prescrito por qualquer médico ou especialista. São talões numerados para facilitar o rastreamento dessas prescrições”, explica.

Mas isso não deixa o Brasil distante do alerta. Num dos episódios, por exemplo, será mostrada uma entrevista com uma pessoa que usa Tramadol para tratar a dor, indiscriminadamente. “Ela se consulta regularmente com um médico, mas sente muita dor e o médico não prescreve na quantidade que ela precisa. Então, ela vai com conhecidos médicos que conseguem a receita”, conta o jornalista.

Além de histórias como essas, Léo Aquino diz também ter se preocupado em trazer informações técnicas traduzidas de forma simples. “Tentei fazer analogias para tornar as informações técnicas mais acessíveis e entrevistei pessoas de várias áreas do conhecimento, então, tem médicos, pesquisadores, cientistas da área da química e da saúde. Entrevistei ainda historiadores, cientistas políticos, gente das relações internacionais, justamente porque existem muitos ‘tijolinhos’ para construir essa história, que não são apenas de laboratório. Tentei aumentar a amplitude das informações nesse debate para trazê-lo ao público com a complexidade que ele precisa ser conduzido”, argumenta o jornalista.

Conhecido pela atuação no jornalismo esportivo, Léo Aquino enveredou pela reportagem científica a partir da troca com a farmacêutica e professora pesquisadora da UFPE, Janaína Versiani, com quem é casado, e que assina a consultoria científica de “Torpor”. FOTOS: DIVULGAÇÃO

Doc buscar ampliar o debate do tema

Composta de cinco episódios, a série conta com a apresentação de Léo Aquino, que também assina a produção, a reportagem e o roteiro. Formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), o jornalista trabalha desde 2011 na equipe de esportes da TV Globo em Pernambuco e não é novato no formato de podcast jornalístico. Tem no currículo a produção e apresentação do podcast “Rivaldo Confidencial”, que aborda a trajetória do jogador de futebol Rivaldo, disponível no Globoplay.

OUÇA

l “Torpor” – podcast audiodocumental

Produção, reportagem e apresentação: Leonardo Aquino

Consultoria científica: Janaína Versiani

Lançamento: 12/06 (quarta-feira), desde a zero hora.

Episódios: Semanalmente, às quartas-feiras.

Onde: no site

www.torpor.com.br

e em todas as plataformas digitais de áudio.

Redes sociais @torpor_podcast