Pará

Círio de Vigia de Nazaré retorna às ruas

Círio de Vigia de Nazaré retorna às ruas

Neste domingo (11), o Círio de Vigia de Nazaré retornou às ruas do município após dois anos sem a procissão oficial. Com o tema “Maria, ajuda-nos a viver em comunidade”, a homenagem à padroeira da cidade completou 325 edições. A devoção pela Santa começou no final do século XVII (dezessete), sendo considerada a mais antiga procissão do Pará, até mesmo da realizada em Belém. A expectativa era que 100 mil pessoas tenham participado dessa edição.

Celebrado sempre no segundo domingo de setembro, o Círio de Vigia teve início na Igreja de São Sebastião, ao final da celebração da Santa Missa, com destino a Igreja Matriz Madre de Deus. Durante o trajeto, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré recebeu diversas homenagens, incluindo chuva de papel picado, fogos de artifício e apresentação de grupos de carimbó. A caminhada foi marcada pela ausência da corda, mas uma multidão de devotos aproveitou a retomada da comemoração para agradecer pela intercessão dos pedidos e as graças alcançadas nos últimos anos.

DEVOTOS

Edinelma Moraes, 36 anos, seguia a procissão com a filha vestida de anjinho no colo, forma que encontrou para agradecer pela graça concedida há 1 ano e seis meses. Ela passou 17 anos com dificuldades para engravidar. A situação frustrava a expectativa da pedagoga de construir uma família, o que fez com que ela se apegasse a fé em Nossa Senhora. Depois de anos de negativa e a possibilidade de desistência, o teste de gravidez positivou.

“A gente fez tratamento, em que nós já estávamos fazendo por 1 ano. O médico chegou a nos falar que não tinha mais possibilidade, para dar certo somente inseminação. Nesse momento eu me apeguei realmente com Deus e Nossa Senhora de Nazaré para que eles fizessem o milagre deles. Foi o que aconteceu. Em um ano, eu engravidei sem nenhum procedimento”, contou Edinelma. “Agora está sendo uma emoção maior ainda em poder estar vivendo de novo uma vida normal e é uma gratidão muito grande pelo o que aconteceu na minha vida”, disse a pedagoga.

Durante todo o cortejo, Felícia Cardoso, 69, levava uma casa de isopor em cima da cabeça. O objeto simbolizava a graça alcançada pelo filho. Depois de tantas dificuldades, recentemente o rapaz garantiu a aprovação para a compra da primeira casa própria, conquista que a aposentada atribui a devoção a Nossa Senhora.

“Ele precisava do CPF de um fiador. Aí eu me apeguei com Ela e falei ‘ô minha Nossa Senhora, vós fazeis com que apareça uma pessoa que dê certo para ele comprar a casa própria. Eu vou fazer uma casinha para acompanhar o Círio desde o Arapiranga até a Matriz’. Até que ele tentou com ajuda de uma amiga da esposa dele e com quinze dias tinha sido aprovado. Agora eu só estou cumprindo a minha promessa com Nossa Senhora”, relatou Felícia.

Mesmo sem um dos maiores símbolos do Círio, Edielson Lobo, 49, decidiu manter a tradição que segue por 20 anos. Durante a caminhada, ele levava um pedaço grande da corda que conseguiu em Círios passados. A intenção era seguir até a Matriz agradecendo pela saúde de todos os familiares. “O maior símbolo do Círio é a corda. Como todo ano eu sou promesseiro da corda, eu consegui esse pedaço e para não perder o clima de não ter a corda eu vim carregando. Hoje eu só vim agradecer pela saúde da minha família, pela minha saúde e também a do povo vigiense. Mesmo sem a corda, está tudo maravilhoso, bem abençoado, graças a Deus. Ficamos na expectativa, já que ano passado não teve e esse ano está uma festa muito linda”, finalizou o técnico em eletrônica.