Débora Costa
Uma recente reportagem publicada pelo jornal O POVO traz uma perspectiva polêmica para o mundo do agronegócio. Segundo destacado, o Ceará tem um mercado consumidor robusto, crescendo a uma taxa de 15% ao ano, sendo o açaí cultivado no Ceará com um grande potencial de superar o do Pará, conforme destacou Eliseu Belort, consultor técnico em fruticultura irrigada. O pesquisador afirma que o fruto produzido no Ceará recebe uma luminosidade mais alta, facilitando o cultivo.
O assunto veio à tona durante o evento da PEC Nordeste 2024. O consultor técnico acrescentou que o cultivo do açaí depende de três fatores principais: infraestrutura, solo e clima. No último aspecto, o Ceará se sobressai em relação ao Pará, já que a luminosidade na região cearense atinge 4380 hl/ano, enquanto no Pará é de 2389 hl/ano. “Aqui, temos a capacidade de produzir açaí com uma qualidade muito superior.”
Eliseu Belort destaca ainda que a segurança hídrica desempenha um papel fundamental no cultivo do açaí, enfatizando a importância de buscar regiões que ofereçam essa garantia. Além disso, a temperatura é outro fator crucial a se considerar. Ele menciona a existência de uma plantação com mais de cinco anos de idade em Paracuru, na Fazenda Agropar, como exemplo no estado.
Diante dessa exposição, um olhar direcionado para o mercado de exportação, com a busca por novos investidores no Ceará. Será mesmo que o açaí maranhense tem capacidade para superar a qualidade da produção do açaí do Pará? Esse é um debate acalorado entre os apaixonados pelo fruto, produtores e especialistas.
Essa fruta icônica, símbolo da região norte do Brasil, tem sido tradicionalmente associada ao estado do Pará, mas será que o Ceará está prestes a desafiar essa hegemonia? Vamos explorar essa questão em detalhes, mergulhando nas nuances da produção de açaí e nos potenciais impactos econômicos e culturais dessa possível mudança.”
No Pará, encaramos a sazonalidade da produção de frutos, o que os especialistas chamam de entressafra, de fato, um período em que a produção do açaí impõe desafios aos produtores, pois ocorre à escassez da fruta típica da região amazônica nesse período, nos primeiros meses do ano, quando ocorre o chamado inverno amazônico, a produção da fruta diminui consideravelmente por motivos climáticos.
No entanto, a busca por soluções sustentáveis e equitativas permanece como uma prioridade para os pesquisadores da região, produtores e todos os envolvidos em garantir o acesso a esse alimento tradicional da Amazônia.
No Ceará, o consultor compartilha o conhecimento, “A correção do solo, especialmente em relação ao pH, é vital. Um pH adequado melhora a disponibilidade de nutrientes e reduz a toxicidade de elementos como o alumínio, que pode ser prejudicial às plantas.”
Com base nesse estudo, o governo do Maranhão está direcionando esforços para atrair novos investidores para o agronegócio, conforme destacado pelo secretário-executivo do agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro ao Jornal O POVO.
“O açaí é uma cultura que eu acredito que tem um grande potencial e pode dar grande salto na produção no Estado. Tem demonstrado isso em algumas regiões, principalmente no Paracuru. É uma cultura que tem uma demanda gigante no Brasil”, afirmou.
De acordo com Sílvio Carlos Ribeiro as empresas que o governo está em contato são da Espanha, Chile e Peru, que é o maior exportador de frutas da América do Sul, para potencializar as exportações do açaí Cearense para Europa, Estados Unidos, Oriente Médio e Ásia.
“Temos buscado tecnologias e novas atividades para transformar o nosso agro. O Ceará tem uma área muito boa para produzir frutas e determinadas espécies de frutas, além de uma localização estratégica no Atlântico e infraestrutura portuária, o que facilita a exportação.”
Um deles é o de culturas de alto valor agregado, em que visa propiciar ao agricultor a produção de culturas com maior valor de venda. Além do programa Cientista Chefe da Agricultura e da Pecuária, que desenvolve novas variedades adaptadas ao clima e região do Ceará.
“Nos últimos anos, o grande desafio da agricultura irrigada tem sido a disponibilidade de recursos hídricos. Com a mesma quantidade de água, podemos produzir mais em termos de valor bruto. Precisamos trazer tecnologia, sensibilizar o agricultor e fazer a interlocução com o setor de recursos hídricos.”
É incontestável o sucesso do açaí no mercado nacional e internacional. O açaí do Pará tem uma longa história e uma reputação estabelecida, o surgimento do açaí cearense como um concorrente sério sugere uma dinâmica em evolução no mundo do agronegócio. São aspectos econômicos interessantes, com implicações sociais, ambientais e culturais. Quem vai liderar o futuro do açaí no Brasil e além?
(Com informações do jornal O POVO)