Os alunos da Educação Infantil e Fundamental 1 estão sem aula na escola municipal Manoel Gregório Rosa Filho, na comunidade Quilombola do Abacatal, no bairro do Aurá, em Ananindeua. O motivo: os professores lotados na escola foram exonerados pela Secretaria Municipal de Educação. O protesto foi endereçado ao órgão e ao prefeito da cidade, Daniel Santos.
“Hoje ver meus netos, meus sobrinhos sem professores dói, dói muito. Essa noite eu nem dormi, nem consegui dormir de tanta raiva que a gente fica de um prefeito que não tem responsabilidade com a educação no município”, disse Maria Santana da Costa Barbosa, avó de quatro netos.
Ao todo, 59 alunos estão sem ter como estudar.
“O ano passado a Samara sofreu um acidente de carro. Então, ela precisa muito da professora que está ensinando ela, e ela está aprendendo de novo a escrever a primeira letra do nome dela. É muito difícil para mim não poder trazê-la para a escola”, desabafou Patrícia dos Santos Silva, mãe de uma aluna.
Revoltada com tamanha falta de respeito tanto com as educadoras quanto com os estudantes, a trabalhadora rural Vivia da Conceição Cardoso fez um desabafo.
“Meu filho precisa da educação básica. A minha filha tem 16 anos no ano, não tem inglês. Como é que ela vai passar pro ensino médio sem ter a língua estrangeira? Por que os pretos são marginalizados em faculdades, em universidades da vida? É por isso que a educação básica não é de qualidade. O racismo dele é tão elevado que exatamente no ano passado ele não pagou os professores daqui do território. Nenhum funcionário do território recebeu. E nós queremos os professores de volta sim, mas queremos os nossos professores daqui, porque eles conhecem a nossa realidade”.
Sem aula e com a reforma inacabada, essa é a atual situação da Escola Municipal da Comunidade Quilombola do Abacatal, que já existe há 314 anos.
“Eu tenho 55 anos, estudei até a terceira série, não tive a oportunidade de estudar, mas hoje eu luto pela educação dos meus netos, meus sobrinhos, e todos têm direitos iguais, segundo a Constituição. Mas não temos isso. O prefeito não respeita trabalhador de Ananindeua, principalmente da educação. Essa comunidade tem história, tradição e cultura”, declarou Maria Santana Barbosa.