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Marcante do Brega: Projetos engatilhados e muitos sucessos

Vários artistas foram fazer última despedida a Tonny, nesta segunda-feira. FOTO: Reprodução/Instagram
Vários artistas foram fazer última despedida a Tonny, nesta segunda-feira. FOTO: Reprodução/Instagram

Wal Sarges

Desde a década de 1980, Tonny Brasil fazia experimentações utilizando os chamados “eletrorritmos”. Em seus shows, ele misturava as batidas de aparelhagem, fazendo músicas repletas de sintetizadores. Ganhou fama ao misturar elementos do zouk caribenho, às canções, que logo passaram a ser gravadas por grandes nomes da música paraense. Sua primeira criação aos moldes do tecnobrega foi “Lana”, nos anos 1990.

Na última despedida, durante o velório, familiares e amigos, entre anônimos e famosos, foram prestar as últimas homenagens ao artista. Entre eles, vários nomes do brega paraense, como Chyco Salles, Sandro Aragão, Ted Marques, Nelsinho Rodrigues, Edilson Morenno e Kim Marques.

Chyco Salles disse que a parceria com Tonny começou há mais de três décadas. “O Tonny era um gênio. Ele andou com a banda Calypso por um longo tempo e quase não parava. Com ele, a cena do brega ascendeu, tanto que ele é o pai do tecnobrega e daí vieram o tecnomelody, o calypso. As letras dele abrangiam ainda a lambada e a cumbia. O Tonny para mim, era o gene do nosso brega e da nossa cultura”.

Chyco Salles ressaltou ainda que o amigo planejava um projeto inédito, visando a COP-30, em Belém. “Ele deixou em tecnomelody a música da COP-30. Ele estava fazendo vários planos com a Joelma, o Wanderley Andrade e comigo. Ele deixou uma música inédita para a Aninha e para o Nelsinho Rodrigues. A cabeça dele era efervescente de ideias, muitas vezes a gente só mandava o tema e ele compunha numa velocidade única. Fica o legado para a família, os amigos e para a nossa cultura”.

LENDA

Para Sandro Aragão, Tonny Brasil é uma lenda. “Parte do que sou, enquanto artista paraense, devo ao Tonny. Sou compositor também e juntos tínhamos uma grande afinidade para compor. Ele era ainda um excelente produtor. Quem arranjou as minhas músicas foi ele. Os meus maiores sucessos, como ‘Começo e Fim’ e ‘Bye, Bye Saudade’, tiveram a mão dele. Até no falsete de ‘Começo e Fim’, foi ele que me sugeriu para cantar da forma que a música é conhecida”, cantarolou Sandro Aragão.

“O Tonny representa um ícone para gente. Eu tive a honra de gravar algumas canções dele. A gente trocava resenha no café da manhã porque era um amigo íntimo meu, com quem eu trocava confidências. É uma grande perda, que me arrepia em falar porque não vou ter mais a possibilidade de tomar aquele café com ele. Estou estarrecido enquanto músico e de coração partido assim como a nação paraense e como toda a classe artística que sempre reverenciou o Tonny Brasil”, se emocionou o cantor Ted Marques. “Foi um cara que representou muito e eu tive a honra de fazer parte da vida dele. As músicas compostas por ele eram poesias, uma delas é ‘Filme ou Novela’, que me emociona muito em cantar porque ele disse que era a minha cara”, lembrou.

Jimmy Góes disse que só lembra do quanto a presença do pai era uma alegria para a família. “Ele era o melhor pai que alguém poderia ter. Era muito animado, festivo e brincalhão. A gente vai sentir muita falta da presença dele, principalmente porque ele era muito alegre”.

Mariza Siqueira compartilha do mesmo sentimento por ter ao lado um homem companheiro e um pai devotado. “O nosso relacionamento era maravilhoso, o Tonny sempre foi muito companheiro, um paizão presente. Ele também foi muito dedicado à música, amava demais fazer música. O que nos conforta é o legado que ele deixou. Conferimos, inclusive, mais de duas mil músicas. Ele era muito organizado, então registrou tudo”, afirmou.

“Tonny não tinha vícios, não tinha diabetes e nem era hipertenso. Ele era sadio, não fumava, então foi uma fatalidade. Ele tinha uma vida agitada de artista e acabava sem a preocupação de se alimentar direito. O trabalho dele era esse, ele dizia que tinha que cumprir as metas dele com os filhos e a família. Ele dizia assim: ‘não quero riqueza e nem ser milionário, mas somente que as pessoas cantem a minha obra’, que é a música dele. Cada vez que um artista gravava as músicas dele, ele ficava muito feliz”, recordou Mariza Siqueira.