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Black Soul Samba volta à periferia

Mestre da cultura popular, o cantor e compositor Ronaldo Silva apresenta seu trabalho pontuado pelos ritmos de folguedos tradicionais. FOTO: divulgação
Mestre da cultura popular, o cantor e compositor Ronaldo Silva apresenta seu trabalho pontuado pelos ritmos de folguedos tradicionais. FOTO: divulgação

O coletivo cultural Black Soul Samba retoma, a partir desta terça, o projeto que leva às periferias de Belém oficinas, palestras e shows gratuitos. É a terceira edição do “BSS nos Bairros”, com atividades ainda nesta quarta, 5, e no sábado, 8 de junho, concentradas no Parque dos Igarapés, no bairro do Coqueiro.

Serão dois dias de agenda educativa, voltada a inspirar e qualificar jovens em diversos setores da arte, economia criativa e sustentabilidade. A culminância será no sábado, com um festival de música que celebra a arte das quebradas da Amazônia e a cultura popular do Norte, com batalhas de MCs, apresentação de DJs, pocket shows de artistas do rap, além dos folguedos de Ronaldo Silva e o carimbó pau e corda do grupo Mãos de Veludo. O ingresso será a doação de alimento não perecível, para ações solidárias realizadas pela Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

O projeto Black Soul Samba nos Bairros surgiu em 2013, como uma extensão do trabalho do coletivo dedicado à divulgação das mais diversas tendências da música negra. Desde o início, a ideia era agregar a juventude que vive nas áreas periféricas da Grande Belém, e colaborar para o estímulo da formação cidadã, artística e empreendedora desse público. Duas edições foram realizadas em 2014 e 2015, e depois de um hiato de nove anos, a terceira edição chega com patrocínio da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult) e Governo do Estado.

“É fundamental que os projetos culturais possam ser mais relevantes e que se comuniquem melhor com a população, aproximando a arte e a educação de moradores de regiões que normalmente são pouco ou nada valorizados”, diz Uirá Seidl, um dos idealizadores do projeto, ao lado dos outros dois DJs residentes da BSS, Eddie Pereira e Kauê Almeida. O projeto ganhou ainda apoio institucional do Cartão Amigos do Parque, Parque dos Igarapés, Belchior, Moviement Filmes e Nortx Ground.

Oficinas e palestras

Cerca de 150 jovens, com idade entre 12 e 16 anos, estudantes de escolas públicas do Coqueiro, devem participar das palestras e oficinas que serão realizadas pelo BSS nos Bairros hoje e amanhã. Entre eles, alunos atendidos pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), instituição que há décadas presta assistência gratuita e luta pelos direitos da pessoa com deficiência no Brasil. Todas as ações terão intérpretes de Libras.

A primeira palestra será “Cidadania cultural: uma abordagem sobre economia criativa e acesso aos direitos sociais”, com Leandro Barros, professor, percussionista e membro do Conselho de Cultura e de Segurança Pública de Belém. Já a oficina “Música corporal: a natureza da música e o movimento”, será ministrada pelo professor Rutiel Felipe, arte-educador, músico e diretor musical. Júlio Sodré, pós-graduado em Gestão Empresarial em Cinema e TV, e bacharel em Artes Visuais, ministra a oficina “Fotografia: princípios básicos de composição visual”. Athos Jorge, formado em Produção Musical em Curitiba e como operador de áudio (UFPA), ministra a “Oficina de DJ para iniciantes”. Tâmia Douahy, estudante de Marketing e empresária na Kaboquinhas Ateliê, fala sobre “Sustentabilidade criativa: artesanato e moda como geração de renda”, explicando como combinar a beleza do artesanato feito à mão com a preocupação ambiental.

“Queremos somar forças em proporcionar projetos que saiam meramente da categoria de ‘festa’, e que possa ter um grau maior de colaboração e sinergia social. Com as oficinas, que possamos plantar uma sementinha em alguns destes jovens, e a partir daí eles possam ter seus talentos despertados ou fortalecidos, ir atrás de mais informação e mais conhecimento”, diz Uirá.