Agência Gov
O Boletim InfoGripe da Fiocruz reafirma o alerta para as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente por influenza A (gripe) e vírus sincicial respiratório (VSR). O cenário nacional apresenta, atualmente, uma situação heterogênea, com alguns estados apontando reversão na tendência de crescimento, enquanto outros ainda mantêm o ritmo de aumento semanal.
O estudo ressalta ainda que, em função da situação atual do Rio Grande do Sul, os dados das semanas recentes devem ser analisados com cautela em razão de eventuais impactos na capacidade de atendimento e registro eletrônicos de novos casos de SRAG no estado. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 21, de 19 a 25 de maio, o estudo tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 27 de maio.
Apesar de haver alguns casos associados também ao rinovírus, o predomínio das internações de SRAG atualmente no país continua sendo pela influenza A e pelo VSR. Ao analisar a influenza A, observa-se uma situação de reversão e de interrupção no crescimento na região Nordeste, com início de queda em vários estados. No Centro-Sul brasileiro, no entanto, há um número maior de estados que continuam com aumento, embora alguns deles já comecem a pelo menos diminuir o ritmo de crescimento semanal. Já em relação ao VSR, o quadro ainda é mais homogêneo pelo país, mantendo o conjunto de estados com cenário de aumento.
Pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes comenta sobre o panorama e faz apelos aos cuidados. “De maneira geral, continuamos tendo volumes importantes de internações por infecções respiratórias. Quando olhamos para o agregado nacional, temos uma situação de platô, então continuamos com as recomendações fundamentais e básicas, ou seja, vacinação contra a gripe, especialmente para quem é grupo de risco, e uso de boas máscaras para toda e qualquer pessoa que estiver com sintomas de resfriado, de gripe e qualquer um que for a uma unidade de saúde”, destaca Gomes. Ele ainda ressalta que, independente do motivo da visita ao posto de saúde, o uso de máscara é fundamental para evitar o contágio e a circulação de tais vírus. “São pequenos cuidados que cada um de nós pode tomar nesse momento que vão acabar ajudando toda a população”.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (25,8%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (56%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (4,5%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (47,6%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (17,6%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (26,6%).
Estados e capitais
A atualização aponta que 17 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.
Entre as capitais, 11 mostram indícios de aumento de SRAG: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Macapá (AP), Natal (RN), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ) e São Luís (MA).
Resultados positivos para vírus respiratórios e óbitos em 2024
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 63.489 casos de SRAG, sendo 30.918 (48,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 22.939 (36,1%) negativos, e ao menos 6.047 (9,5%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (18,8%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (42,6%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (25,3%).
Em relação aos óbitos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 4.162 óbitos, sendo 2.362 (56,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 1.433 (34,4%) negativos, e ao menos 123 (3,0%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, tem-se influenza A (22%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (6,8%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (66,8%).