O violonista paulista Fabio Zanon se apresenta com a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), neste domingo, 2, às 20h, no Theatro da Paz, gratuitamente. No repertório, o “Concierto de Aranjuez”, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo Vidre (1901-1999) para violão e orquestra, com as partes 1 (Allegro com Spirito), 2 (Adágio) e 3 (Allegro Gentile). O evento faz parte do XXXVI Festival Internacional de Música do Pará e será regido pelo maestro Victor Hugo.
“É a primeira vez que toco com eles e só ouvi elogios a respeito. Tenho certeza de que será uma parceria harmoniosa. O ‘Concierto de Aranjuez’ é uma obra muito popular, mas acredito que não tenha sido tocada em Belém por bastante tempo. E música bonita como essa precisa ser tocada sempre. É uma obra que dialoga com o repertório do álbum, pois é o primeiro concerto espanhol para violão e orquestra, que representa o desfecho de um ciclo criativo, que coincide com o final da Guerra Civil Espanhola”, falou Fabio Zanon, que é internacionalmente conhecido por interpretações expressivas.
O violonista está em turnê mundial para divulgar o novo álbum, “Alborada”, e faz uma pausa para se apresentar em Belém. “A música do CD ‘Alborada’ é muito comunicativa e fácil de ouvir. Ela também mexe com a memória afetiva dos ouvintes, porque cria e reforça a ideia do que é o violão clássico espanhol. Desde que foram escritas, nas décadas de 1920 e 1930, essas músicas têm tido um enorme sucesso com o público. Foram testadas e aprovadas por gerações de violonistas desde que o violonista Andres Segovia (1893-1987) as estreou”, falou Zanon. O álbum reúne joias musicais do século 20, de compositores como Torroba, Turina e Arregui, e chegou às plataformas digitais recentemente.
Até o citado século 20, o violão permaneceu ausente da linha-mestra da música clássica moderna, alternando períodos de maior ou menor ostracismo. Fabio Zanon, que se apresentou em Belém pela primeira vez em 1988, é um dos músicos brasileiros que mais procura ressaltar a presença desse instrumento no mundo.
“O violão sempre será um instrumento com um diferencial dentro da música clássica. Ele é o instrumento mais tocado no mundo. Todo mundo conhece, gosta e arranha algumas notas no violão. Não dá para falar a mesma coisa do violino ou do trombone. Porém, a música clássica se estabelece como um cânone de obras primas, que passam por compositores que nunca escreveram ou se interessaram pelo violão”, comenta o violonista.
Por esta razão, ainda de acordo com ele, trata-se de um repertório de nicho, de obras normalmente menos densas e com um componente identitário – quase sempre latino – muito forte. “Isso, junto à sua popularidade, era meio mal visto no meio da música clássica. Isso hoje mudou, mas a sensação de ser uma coisa diferente permanece”, contou ele, que como solista já se apresentou em mais de 50 países.