Cintia Magno
A presença de unidades de diferentes redes de farmácias em uma mesma via, uma ao lado da outra, já virou até meme na internet. Mas o que é motivo de humor nas redes sociais é uma realidade que se repete em algumas cidades brasileiras.
Segundo dados do Conselho Federal de Farmácias (CFF), atualmente existem 90 mil farmácias regularmente registradas em todo o país, um crescimento de 63% em 20 anos. Somente no Estado do Pará, são 4,5 mil farmácias com inscrição ativa no órgão, requisito legal para funcionarem.
Mesmo que não seja difícil encontrar uma farmácia quando se circula por toda a Região Metropolitana de Belém, o cenário avistado na Praça Matriz de Marituba chama a atenção. Na mesma via, uma sequência de cinco farmácias, uma colada à outra, recebe uma movimentação intensa de consumidores.
Para quem não abre mão de pesquisar o melhor preço antes de fazer a compra, a particularidade é vista como positiva. “Facilita pra quem quer pesquisar o preço porque não precisa se deslocar. Essa sequência de farmácias é um diferencial aqui da praça, em Marituba”, considera o motorista Douglas Veloso, 29 anos. “O bom é que elas funcionam até no domingo, então, a gente não fica sem o serviço. Quando precisar, elas estão abertas. Até pela concorrência mesmo porque uma não vai querer fechar, enquanto a outra fica aberta”.
Também moradora do município, a dona de casa Francisca Botelho, 42 anos, também avalia que é uma vantagem para o consumidor encontrar em um mesmo quarteirão farmácias de diferentes redes e, inclusive, estabelecimentos locais. Dessa forma, ela rapidamente consegue consultar em outra farmácia, quando não há o medicamento na primeira em que ela entrou, por exemplo. “Eu acho ótimo, principalmente porque eu sou dessas pessoas que pesquisa o preço mesmo. Eu acabei de sair de uma farmácia e entrei nessa aqui, onde eu achei o remédio que eu queria e o preço estava melhor”, conta. “Acaba sendo uma facilidade para o cliente”.
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Com pelo menos outras quatro opções de compra à disposição dos clientes a apenas alguns passos, para quem atua na área lado a lado com o concorrente resta desenvolver estratégias para fidelizar os clientes. O atendente de farmácia Paulo Roberto de Almeida Júnior, 26 anos, conta que tenta se diferenciar no atendimento.
“A gente tenta conquistar o cliente no atendimento, sempre tratando com gentileza, cordialidade. Às vezes têm clientes que estão aguardando muito tempo em uma fila e por causa da demora para serem atendidos, eles decidem sair e entrar em outra farmácia. Nem sempre é o preço do remédio em si”.
Paulo conta que não é incomum que os clientes que entrem na farmácia comentem a presença de vários estabelecimentos do tipo no mesmo quarteirão, mas, no geral, eles gostam de ter opção. “Tem gente que já chega brincando ‘aqui tem farmácia para dar e vender’, mas o bom é que tem movimento sempre, principalmente nos períodos de pagamento do funcionalismo público e do INSS. Esse já é um período que a gente se prepara, abastece o estoque, porque sabemos que a demanda vai aumentar”.
O bom movimento também é observado pela farmacêutica Mayara Rangel. Ela conta que o estabelecimento em que atua já está no mesmo ponto há quatro anos e a concorrência de outros estabelecimentos, inclusive os de grandes redes, não atrapalha a boa demanda.
“Por ser uma farmácia local, a gente acaba conseguindo fazer um preço mais acessível, mais em conta para o consumidor, inclusive porque a gente trabalha com as três classes de medicamentos – os medicamentos referências, os genéricos e os similares – e a diferença de preço entre eles, às vezes, é muito grande”, considera. “Para o consumidor acaba sendo mais viável porque ele tem mais opção e para a gente não é um problema também porque a movimentação é grande”.
