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Estudo mostra que Ozempic reduz risco de doença renal e complicações da diabetes

A associação americana de AVC publicou novas recomendações para a prevenção e o tratamento do acidente vascular cerebral e incluiu remédios do tipo GLP-1, composto do Ozempic.
A associação americana de AVC publicou novas recomendações para a prevenção e o tratamento do acidente vascular cerebral e incluiu remédios do tipo GLP-1, composto do Ozempic. Foto/Reprodução

A semaglutida, presente nos medicamentos Ozempic e Wegovy, reduziu significativamente o risco de complicações renais, cardíacas e de morte em pessoas com diabetes tipo 2 e doença renal crônica, segundo um importante ensaio clínico. As descobertas podem revolucionar o tratamento de pacientes com doença renal crônica, que afeta mais de um em cada sete adultos nos EUA e não tem cura.

“Aqueles de nós que realmente se importam com os pacientes renais passaram toda a nossa carreira querendo algo melhor”, afirmou a médica Katherine Tuttle, professora de medicina da Universidade de Washington e autora do estudo.

A pesquisa foi apresentada na reunião da Associação Europeia de Nefrologia em Estocolmo e publicada no The New England Journal of Medicine. O ensaio, financiado pela Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, foi tão bem-sucedido que a empresa o interrompeu precocemente. Martin Holst Lange, vice-presidente executivo de desenvolvimento da Novo Nordisk, disse que a empresa pedirá à FDA para atualizar o rótulo do Ozempic, incluindo a redução da progressão da doença renal crônica em pessoas com diabetes tipo 2.

O diabetes é uma das principais causas da doença renal crônica, que ocorre quando os rins não funcionam adequadamente. Em estágios avançados, os rins não conseguem filtrar o sangue corretamente, causando acúmulo de líquidos e resíduos, o que pode agravar a pressão alta e aumentar o risco de doenças cardíacas e derrames, explicou o médico Subramaniam Pennathur, chefe da divisão de nefrologia da Michigan Medicine.

O estudo incluiu 3.533 pessoas com doença renal e diabetes tipo 2, metade das quais receberam uma injeção semanal de semaglutida e a outra metade recebeu placebo. Após um período médio de três anos e meio, os pesquisadores descobriram que os pacientes tratados com semaglutida tinham 24% menos probabilidade de sofrer um evento renal importante, como perda significativa da função renal ou necessidade de diálise ou transplante renal. O grupo da semaglutida teve 331 eventos renais graves, em comparação com 410 no grupo do placebo.

Os pacientes tratados com semaglutida também tiveram menores taxas de morte por problemas cardiovasculares ou qualquer causa e apresentaram um declínio renal mais lento.

O dano renal geralmente ocorre gradualmente e sem sintomas até estágios avançados. Os médicos tentam retardar o declínio da função renal com medicamentos e mudanças no estilo de vida, explicou a médica Melanie Hoenig, nefrologista do Beth Israel Deaconess Medical Center. No entanto, a doença pode progredir a ponto de requerer diálise ou transplantes de rins.

Os participantes do estudo estavam em estado grave, com complicações severas comuns em estágios avançados da doença renal crônica, destacou o médico George Bakris, professor da Universidade de Medicina de Chicago e autor do estudo. A maioria já estava em tratamento para a doença renal crônica.

Para pacientes com doença renal avançada, as descobertas são promissoras. “Podemos ajudar as pessoas a viver mais tempo”, disse Vlado Perkovic, nefrologista e pesquisador da Universidade de New South Wales, em Sydney, e autor do estudo.

Embora os resultados sejam positivos, há ressalvas: dois terços dos participantes eram homens e brancos, o que limita a generalização dos resultados, já que a doença renal crônica afeta desproporcionalmente negros e indígenas. Além disso, os pacientes que receberam semaglutida apresentaram mais problemas gastrointestinais, efeitos colaterais comuns do Ozempic.

Os médicos também querem saber se o medicamento pode beneficiar pacientes com doença renal, mas sem diabetes, e têm dúvidas sobre os potenciais riscos a longo prazo de tomar semaglutida. Mesmo assim, os dados mais recentes reforçam que a semaglutida pode tratar mais do que diabetes ou promover a perda de peso. Em março, a FDA autorizou o Wegovy para reduzir o risco de problemas cardiovasculares em alguns pacientes.

 

Fonte: Jornal o Sul