Belém deverá ganhar, até o final deste ano, um Memorial da Escravidão, que será instalado na área do Complexo Feliz Lusitânia, região onde, no passado, houve dois pelourinhos e que marca, também, o ponto onde os negros africanos escravizados desembarcavam vindos para a capital paraense por meio do processo do tráfico transatlântico.
O projeto foi apresentado nesta quinta-feira, 23, pela Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), durante Sessão Especial da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa) em homenagem ao Dia Internacional da África, comemorado neste sábado, dia 25.
O titular da Seirdh, Jarbas Vasconcelos, realizou a apresentação do projeto arquitetônico do Memorial da Escravidão.
Vasconcelos explicou que a Seirdh encomendou uma pesquisa histórica e cartográfica, realizada por professores especialistas em história e georreferenciamento, para identificar os pontos de desembarque dos negros africanos escravizados em Belém. Esse estudo identificou que Belém já teve dois pelourinhos, um onde hoje se situa a Praça Frei Caetano Brandão e outro onde hoje está localizado o Mercado de Carne Francisco Bolonha. A pesquisa também mostrou que os negros escravizados desembarcavam principalmente na área do Ver-o-Peso.
O deputado Carlos Bordalo, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Alepa, disse que a Sessão Especial visava celebrar o Dia Internacional da África, “um dia criado pela ONU para expressar toda importância do continente africano e lembrar a humanidade que a África é o continente-mãe de todos os outros continentes, e que, por outro lado, teve arrancados do seu solo milhões de irmãos para serem escravizados na América, com uma parte considerável tendo vindo para o Estado do Pará”.
A Sessão contou com apresentações culturais e representantes de movimentos negros e de defesa das tradições afro-brasileiras, que lotaram o auditório João Batista. Também foram prestadas homenagens a entidades e pessoas que se destacam nas lutas antirracistas no Estado do Pará.