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Secult lança guia para a acessibilidade e inclusão na cultura

Guia vai estar disponível no site da Secult e no Mapa Cultural do Pará FOTO: DIVULGAÇÃO
Guia vai estar disponível no site da Secult e no Mapa Cultural do Pará FOTO: DIVULGAÇÃO

TEXTO: WAL SARGES

Direcionado a agentes, gestores culturais e fazedores de cultura do Pará, o “Guia de Acessibilidade, Inclusão e Protagonismo da Pessoa com Deficiência e do Migrante” será lançado hoje, 21, às 17h, no Teatro Estação Gasômetro (Av. Gov. Magalhães Barata, 830 – São Brás). Bilíngue, o material será oferecido gratuitamente no site da Secretaria de Estado de Cultura e no Mapa Cultural, em diversas versões, incluindo braille.

A assessora em gestão cultural Gláfira Lôbo coordenou e mediou os encontros que possibilitaram a concepção do material, além de ter participado na organização da publicação. Ela diz que o guia é basicamente um caderno de orientações para nortear fazedores de cultura e, ainda, uma forma de garantir a inclusão e o protagonismo dessas pessoas. Tem também o propósito de atender às políticas públicas no âmbito nacional e estadual.

“Tanto a Lei Paulo Gustavo quanto a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), e os editais em geral, vêm exigindo que se estabeleçam essas políticas de ações afirmativas. Entre essas ações, está a acessibilidade das pessoas com deficiência, tanto no sentido delas terem direito de acessar espaços e formarem plateias quanto no direito de serem protagonistas como devem ser”, explica.

POLÍTICA CULTURAL DEMOCRÁTICA

O propósito da política pública cultural mais democrática é assegurar mecanismos de estímulo à participação e protagonismo dos agentes culturais, enfatiza a assessora. “Primando pela Política Nacional Aldir Blanc, para estimular essa participação social, nós fizemos sete encontros, sendo cinco presenciais e dois on-line, com participação de profissionais da área, ativistas da área, artistas e produtores com deficiência, além de coordenadorias e secretarias. A gente montou esse guia seguindo as orientações que as pessoas com deficiência, que são artistas e produtores, relataram como deve ser”, ressalta.

Segundo Gláfira Lôbo, há um diferencial deste material entre tantos que já existem. “Ele foi feito por muitas mãos, mas o protagonismo foi realmente dos artistas e produtores com deficiência que estiveram presentes, que falaram como eles se sentem, quais as melhores formas de serem abordados. Ele carrega toda essa importância por estarem presentes nessa construção e falarem por eles mesmos nos seus lugares de fala, dizendo para nós, pessoas sem deficiência, como é que deve ser feito”.

GUIA FOI CONSTRUÍDO JUNTO COM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, ASSOCIAÇÕES E COLETIVOS

A titular da Secult, Ursula Vidal, detalha que houve uma escuta qualificada com a participação efetiva de entidades, pessoas com deficiência, associações, coletivos, instituições representativas e também pessoas ligadas ao poder público que desenvolvem essa política de acessibilidade e inclusão em várias instâncias do governo do Estado. “Portanto, foi uma escuta incrivelmente dedicada, delicada e respeitosa, para que todas essas orientações estivessem contidas nesse guia para auxiliar não só os gestores e gestoras de cultura municipais do estado do Pará e a Secult, como todo o nosso Sistema Integrado de Museus e Memoriais e a própria Fundação Cultural do Pará – que também tem uma política de fortalecimento da cultura em seus espaços culturais. Mas também para que esse guia seja uma ferramenta para os trabalhadores e trabalhadoras da cultura”, afirma.

“Quando o trabalhador da cultura ou o fazedor cultural submete o seu projeto para um edital, por exemplo, é preciso garantir dentro do projeto esse aspecto da inclusão e da acessibilidade para pessoas com deficiência. Queremos estimular a pessoa com deficiência a ser um proponente e acessar essas políticas públicas, mas que a temática da pessoa com deficiência e do migrante faça parte do processo criativo na elaboração dos projetos”, completa Ursula.

Haverá uma versão impressa, outra em braille e ainda um formato PDF disponível para download que pode ser acessado por leitor de tela. “A principal barreira para que a pessoa com deficiência tenha autonomia e possam usufruir dos conteúdos culturais e das oportunidades de protagonismo, inclusive nessas ações culturais, está muito ligada ao capacitismo. Esta sociedade capacitista cria imaginários negativos sobre o corpo da pessoa com deficiência e afasta todas essas possibilidades das potencialidades criativas e da própria existência da pessoa com deficiência dentro do processo criativo”, considera Gláfira.