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Jornalismo esportivo perde 3 lendas em menos de 24h

Apolinho, Antero e Silvio Luiz deixaram importante contribuição
Apolinho, Antero e Silvio Luiz deixaram importante contribuição

Três importantes nomes do jornalismo esportivo brasileiro morreram em menos de 24h, deixando uma legião imensa de amigos e simpatizantes enlutada. Silvio Luiz, dono de bordões históricos, Washington Rodrigues e Antero Greco fizeram história na crônica esportiva e deixaram um importante legado com suas irreverências e narrações e comentários precisos e inesquecíveis.

Confira abaixo o perfil dos jornalistas que marcaram várias gerações:

Apolinho

Apolinho, considerado um dos maiores comunicadores da radiodifusão brasileira, era comentarista e apresentador na Super Rádio Tupi.

Considerado um dos maiores comunicadores do esporte brasileiro, morreu nesta quarta-feira (15), aos 87 anos, o comentarista e apresentador Washington Rodrigues, o Apolinho. A informação foi confirmada pela Super Rádio Tupi, onde ele atuava desde 1999.

“Para tudo, para o jogo, 4 a 0 para o Flamengo. Quero pedir desculpas aos ouvintes pela minha emoção. São 25 minutos do segundo tempo. Hoje, 15 de maio de 2024, acaba de falecer Washington Rodrigues, o Apolinho, supremo ídolo, depois de uma vida tão brilhante”, anunciou, chorando, o locutor Luiz Penido, durante a transmissão do jogo entre Flamengo e Bolivar pela Libertadores.

Apolinho estava internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde fazia tratamento contra um câncer.

“Em décadas de carreira, moldou a forma como vivemos o futebol. Criou expressões inesquecíveis -é impossível lembrar do gol do Pet, em 2001, sem lembrar do aviso que ‘acaba de chegar São Judas Tadeu’ na voz de Apolinho”, escreveu, em nota, a diretoria do Flamengo, clube em que foi treinador no ano do centenário e depois e diretor técnico.
Segundo o Flamengo, ele era admirado até pelas torcidas adversárias pelo carisma, imparcialidade e paixão pelo time.

“Ele nos deixou em uma noite em que o Flamengo venceu com chocolate -expressão inventada por ele para definir goleadas”, completa a nota.

Nascido no Rio, Apolinho costumava contar que desde a infância era um amante do futebol e costumava organizar saídas da escola para frequentar o recém-inaugurado Maracanã.
Foi bancário, jogou futebol de salão e começou na profissão mandando boletins esportivos para a Rádio Guanabara, onde trabalhou anos mais tarde.

O comunicador atuou também nas rádios Globo e Nacional, em dupla com José Carlos Araújo, o Garotinho. Escreveu para jornais e trabalhou também em emissoras de TV. Na Super Rádio Tupi, onde estava há mais de duas décadas, ficou famoso com o popular Show do Apolinho e formou dupla com Penido, que nesta quarta falou sobre o amigo, aos prantos.

Antero Greco

Antero Greco morreu em São Paulo e fez história no jornalismo esportivo brasileiro

O humor não é necessariamente uma característica que salta aos olhos nos telejornais da ESPN, canal em que os apresentadores costumam estar vestidos de terno e gravata para falar de esportes. Mas a língua afiada de Antero Greco, com comentários sagazes e alguns trocadilhos, deram ao tradicional Sportscenter uma marca pessoal do jornalista.

Desde 2000 na bancada do programa, ao lado do também sempre divertido Paulo Soares, Antero cultivou em mais de duas décadas uma legião de fãs, aficionados por sua mistura de informação de qualidade com boas risadas. Um estilo que ele construiu em mais de 40 anos de jornalismo, carreira à qual dedicou grande parte de sua vida, transitando em jornais e na televisão.

Nesta quinta-feira (16), aos 69 anos, o jornalista morreu em decorrência de complicações causadas por um tumor no cérebro. A informação foi confirmada pela ESPN.

“Imaginávamos ainda voltar a bancada do SportsCenter. Nosso sonho acabou. Vamos enviar luz e paz para que seja uma passagem tranquila”, escreveu o companheiro de bancada Paulo Soares, em texto publicado na coluna de Juca Kfouri no UOL.

Antero Greco descobriu a doença em 2022, quando ficou afastado da TV por quase um ano.
“Estar aqui na bancada que há mais de vinte anos eu ocupo é uma emoção. É uma vitória da ciência e da fé”, disse ele durante um discurso emocionado em seu retorno ao Sportscenter, em 16 de maio de 2023, antes de comentar o motivo de sua ausência.

Primeiro, ele contou que passou mal em casa, foi ao hospital e constatou um tumor na cabeça. Internado com urgência, ele passou por cirurgia e foi liberado para voltar para casa. Dois meses depois, no entanto, teve uma recaída.

“Exames de rotina mostraram que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido. Até que eu tive aquele ‘piripaque’ aqui, nesse canto”, recordou-se.

Greco comentava uma vitória do São Paulo sobre o Atlético Goianiense pela Copa Sul-Americana, em 8 de setembro de 2022, quando parou abruptamente de falar. O apresentador Felipe Motta, que estava ao lado dele, perguntou se o colega estava bem, e com a negativa chamou o intervalo para que ele fosse atendido.

Depois disso, ele ficou novamente afastado, até ter um retorno gradual à emissora. Inicialmente, de forma remota, e em setembro de 2023, ele voltou a se sentar ao lado de Paulo Soares, ao vivo, no estúdio da ESPN, onde ele ingressou em 1994.

Além da emissora, o paulista passou também por SBT, Band, Estadão, Diário Popular e Folha de S.Paulo, durante um breve período, de setembro a novembro de 1989.
Como jornalista e comentarista, trabalhou na cobertura de 11 Copas do Mundo, entre outras competições importantes, como Copa das Confederações, Copa América e Libertadores.

Silvio Luiz

O narrador Silvio Luiz, tinha 89 anos e era um dos mais irreverentes no meio esportivo

Quando a voz rouca de Silvio Luiz ressoava, não tinha como ficar indiferente. Naquele momento, qualquer um que estivesse ao alcance de sua narração colocava o “olho no lance”.

Era assim que o histórico locutor esportivo paulistano, nascido em 14 de julho de 1934, fazia para chamar a atenção dos torcedores para lances do futebol que poderiam terminar com a bola na rede.

O bordão fazia parte de um extenso repertório de frases bem-humoradas, com as quais ele se tornou um dos locutores mais icônicos do rádio e da televisão no Brasil, além de atravessar gerações, conquistando público também na internet.

Foram mais de mais de 50 anos dedicados à cobertura esportiva no país, uma paixão que ele exerceu até os últimos dias de sua vida.

Nesta quinta-feira (16), aos 89 anos, Silvo Luiz morreu em decorrência de falência de múltiplos órgãos. Ele estava internado no Hospital Oswaldo Cruz, para onde foi levado depois de passar mal durante a transmissão da final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Santos, no Allianz Parque.
Ele havia acabado de narrar o segundo gol do time alviverde quando o humorista Márvio Lúcio, conhecido como Carioca, notou que o locutor não estava se sentindo bem. Depois de sinalizar a condição dele para a equipe de produção, Silvio foi retirado do local por um agente do Corpo de Bombeiros. Ele deixou a cabine de transmissão com dificuldades para falar.

Em um primeiro momento, a família informou que ele chegou à unidade hospitalar bem e consciente, mas precisou ficar internado para fazer exames e ficar em observação. Na segunda-feira (8), ao confirmar que o locutor estava internado, a Record citou em nota que o estado de saúde dele “era considerado bom pela equipe médica”.

Casado com a cantora Márcia, com quem teve três filhos, o narrador respirava o mundo do rádio desde a infância. Descendente de espanhóis, ele era filho de Elizabeth Darci, garota propaganda da extinta TV Tupi.

Antes de assumir a função de locutor, também foi repórter de campo e fez parte da famosa equipe da TV Record que tinha Raul Tabajara como narrador e Paulo Planet Buarque como comentarista. No canal, ele exerceu, ainda, por um tempo a função de diretor de programação.

Também passou por TV Paulista, Rádio Bandeirantes, canal BandSports, Rádio Record, TV Excelsior, SBT, Band e Rede TV!, onde fez seu último trabalho em TV aberta. Atualmente, o locutor trabalhava no Portal R7 e na plataforma Play Plus, ambos da Record, onde dividia a bancada de transmissão com os humoristas Carioca e Bola (Marcos Chiesa).