Wal Sarges
O grafismo e a estética tapajônica e marajoara embelezam peças e elementos do vestuário, que integram parte dos produtos encontrados na Feira de Artesanato, na Praça da República, em Belém. São placas, brasões, letreiros assim como utensílios do lar e uma infinidade de objetos diversos. Centenas de pessoas aproveitaram o clima ameno de ontem, 12, Dia das Mães escolhendo o local como ponto de lazer.
A psicóloga Sônia Gabi, 62, contou que este é um passeio tradicional que ela faz na companhia de sua família, mas que teve um significado diferente. “Ah, é mais um Dia das Mães especial. Tenho uma filha que mora longe e passa o ano inteiro distante e hoje está aqui em Belém, então, mais completa impossível”, comentou ela que tem duas filhas e dois netos.
“É uma emoção só. A gente já foi tomar café no Bar do Parque, que é um lugar lindo. Passear por aqui é muito legal e tem mil coisas pra fazer. É Belém e com esse tempo maravilhoso, a gente aproveitou e veio para a praça. Sou muito feliz por ser mãe, elas têm o melhor de mim. E eu consigo ser melhor cada vez mais como pessoa”.
Apreciando a artesania local, os familiares da psicóloga a presentearam com um balão especial comemorativo, além de usufruir do passeio na Praça da República, que tradicionalmente conta com centenas de barracas pelo espaço. É um costume antigo, que data desde o século 19, quando à época, o entorno da Praça da República era chamada de Largo da Pólvora.
Hoje, com todas as transformações econômicas, estruturais e culturais ocorridas na cidade, a Praça da República continua sendo palco para muitos artistas garantirem seu próprio sustento e de suas famílias.
Na vida do artesão Silas Nascimento, 23, o termo artista ainda é um adjetivo incomum porque aquela foi a única forma que o pai conseguiu para sustentar a família. “Faço isso desde que me entendo por gente, mas quem entalha na madeira é meu pai, eu apenas faço a parte da pintura que é mais simples”, contou o jovem que deseja seguir na carreira militar.
O pai de Silas, José Nascimento, 57, disse que nasceu em Curuçá, no nordeste paraense. De lá, ele veio para Belém para estudar e conheceu a arte de criar os grafismos aos 15 anos de idade. “Viemos para Belém, eu e minha avó e morávamos na Pedreira com minha mãe e comecei a fazer isso na Escola Rego Barros, aprimorei a técnica e acredito que é um dom de Deus. Hoje, depois de 12 anos, voltei para a Praça da República para ganhar o pão de cada dia”, disse ele, que fatura cerca de R$300 a R$500, além das encomendas, em um domingo bem movimentado.