Entretenimento

Bienal sobre as águas amazônicas: Segunda edição será realizada em um barco

Bienal sobre as águas amazônicas: Segunda edição será realizada em um barco

Uma Bienal sobre as águas. Assim deve ser a próxima edição da Bienal das Amazônias, projeto artístico que estreou em 2023 com elogiada exposição e que acaba de ganhar um espaço permanente, com a inauguração do Centro Cultural Bienal das Amazônias no centro de Belém, na última quinta-feira. Na próxima edição, um barco adaptado com design do artista boliviano Freddy Mamani cruzará as águas dos principais rios amazônicos para encontros com a população ribeirinha, incluindo em seu trajeto diferentes atividades artísticas. A novidade foi anunciada na sexta-feira, 10, pelo corpo diretor da Bienal, em encontro com a imprensa. As datas e o curador da próxima edição só devem ser divulgados a partir de junho.

Pedreiro, arquiteto e engenheiro, Freddy Mamani se notabilizou ao criar uma nova arquitetura andina, com trabalhos já realizados na Bolívia, Peru e no Brasil. O barco desenhado por ele vai navegar pelos rios Amazonas, Tapajós e Purus. “O barco vai levar festa, performances e práticas culturais”, destacou Keyna Eleison, diretora de Conteúdo e Pesquisa da Bienal, completando que a Bienal também vai oferecer um programa de residência para artistas, com seleção de candidatos das Amazônias brasileira e internacional

Outra novidade apresentada foi a Itinerância Bubuia, que vai levar a programação da Bienal para fora da capital paraense. “Começaremos por Marabá. E vamos a Canaã dos Carajás, Macapá, Manaus e São Luís”, informou a diretora de Projetos Especiais, Vânia Leal. Com isso, os artistas da Bienal terão suas obras exibidas no circuito da floresta amazônica. Segundo Vânia, as exposições itinerantes vão envolver ações de formação, por meio de atividades de arte-educação, voltadas para a potencialização do olhar artístico dentro das comunidades.

As ações contemplam um caminho para aquilo que foi definido como um dos grandes desafios da Bienal das Amazônias: pensar a Amazônia com todas as suas complexidades e abraçar as comunidades, atuando para a transformação social por meio da arte.

Segundo a presidente da Bienal, Lívia Condurú, o projeto está empenhado na aplicação de uma pedagogia da experiência, com inclusão e acessibilidade, para levar a arte das Amazônias a diferentes ambientes e espaços da imensidão da floresta. Para Gabriel Gutierrez, representante do Instituto Cultural Vale – um dos patrocinadores máster da Bienal junto à Shell, via Lei Federal de Incentivo à Cultura -, as Amazônias precisam ser vistas na sua complexidade, não de forma trivial, e iniciativas como as da Bienal permitem a criação de “novos eixos de centralidade, para que novos pensamentos sejam possíveis”, assinalou ele, que é diretor do Centro Cultural Vale Maranhão, em São Luís.

Leise Duarte, coordenadora de Projetos Estratégicos e Eventos da Shell, destacou que a Bienal coloca em evidência um tema transversal no debate das sociedades contemporâneas: diversidade e inclusão. “Essa mensagem é muito forte nesse projeto”.

As novidades chegam ainda no calor dos festejos pela inauguração do Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA), no mesmo espaço que recebeu a 1ª Bienal das Amazônias – “Bubuia: Águas como Fonte de Imaginações e Desejos”. O prédio da antiga loja matriz da Y.Yamada no centro comercial, localizado na rua Manoel Barata com a travessa Campos Sales, foi totalmente requalificado para abrir às portas à comunidade como um espaço de arte, com exposições, oficinas, workshops, palestras e outras atividades centradas na diversidade cultural e artística da Pan-Amazônia e da Amazônia Legal.

Com oito mil metros quadrados, o CCBA tem um café, uma loja e uma biblioteca para consulta pública. O prédio foi todo adaptado para garantir a acessibilidade, com elevadores, rampas, escadas rolantes, sinalizações, banheiros adaptados e um sistema de sonorização de emergência.

“Esse prédio agora será mantido como centro cultural, com várias atividades para a comunidade em torno de projetos de arte-educação. Não só aqui, mas também por meio das itinerâncias”, afirmou Lívia Condurú.

As primeiras atividades já poderão ser aproveitadas pelo público a partir da próxima quarta, 15, quando abrem à visitação a exposição “RGB: As Cores do Século”, do artista plástico venezuelano Carlos Cruz-Diez, considerado o grande mestre da cor do século 20, e ainda a instalação fotográfica “Para que não se acabe: catar memórias”, da fotógrafa Paula Sampaio, que percorre os principais sítios históricos da Cidade Velha.