As participantes das oficinas de ritmos afroamazônicos para mulheres estarão no palco do Espaço Cultural Apoena neste domingo, 12, às 20h, junto com Suka B, Tâmara Almeida, Iris da Selva, Karina Dias e com o grupo Tambores Encantados, mostrando todo o aprendizado repassado pela mestra Antonia Conceição, coordenadora do projeto Mulheres no Carimbó, aprovado no Edital Patrimônio Imaterial da Lei Paulo Gustavo.
“Será uma linda festa, com muita energia emanadas ao som de todos os instrumentos, principalmente das maracas. O balanço [do projeto] foi muito produtivo e gratificante, pois cada uma tem suas dificuldades e estando no ambiente acolhedor, todas se sentem à vontade para expressar suas opiniões, sem julgamentos”, falou a mestra.
O projeto “Mulheres no Carimbó – Oficinas de Ritmos Afroamazônicos para Mulheres” foi voltado para transmissão de saberes do carimbó, com ênfase no repasse dos ritmos e toques dos agudos – maracas, milheiros, agbês e claves – exclusivamente para mulheres.
“Ele se destaca por valorizar todos os instrumentos graves e principalmente os agudos, muitas das vezes chamados de secundários, como se não houvesse importância [deles] no carimbó e em qualquer outro ritmo. A valorização do aprendizado é importante para a autoestima de cada uma, tanto no projeto profissional como pessoal. Digo sempre que o curimbó é o coração e a maraca é a alma do carimbó. Maraca é o meu instrumento de alma, pois com ele transcendo o espaço físico”, disse a mestra Antonia.
O projeto envolveu seis oficinas nos sábados de abril e maio no bairro da Marambaia, finalizando com a apresentação musical das participantes, mostrando no palco o resultado do aprendizado. “Colocar na programação do Apoena uma apresentação somente de mulheres é muito significativo, impacta na autoestima das participantes e da mestra também, pois tradicionalmente são os homens que constroem essas programações e as mulheres ficam como dançarinas ou nos bastidores. Dar essa visibilidade para as mulheres no carimbó vai quebrando paradigmas”, disse Ana Carla Franco, produtora do projeto.
As alunas do projeto – Cássia Teixeira, Bianca Casseb, Rebeca Nunes, Mayara Coelho, Ednara Lima, Katiane Silva, Camila Cunha, Leila Velasco, Milene Santana e Tâmara Almeida – apresentarão diversos ritmos entre o Lundu, Boi-Bumbá e Carimbó.
“Incentiva mais mulheres a ocuparem esse espaço, historicamente ocupado por homens, que têm mais tempo livre porque as mulheres ficam em casa com as tarefas do lar e cuidando de tudo para esses homens terem a liberdade de participação. As mulheres têm que enfrentar o estigma de que não são tão talentosas quanto os homens ao tocar instrumentos, são desencorajadas e duramente avaliadas e julgadas quando assumem esse papel de protagonismo. Então, iniciativas como essas são importantes para encorajar mais mulheres a ocuparem esse espaço”, pontuou a produtora.
Ainda de acordo com Ana Carla, a apresentação final é muito importante, pois foi escolhido um local de referência em Belém para apresentações de grupos musicais da cultura regional. “E isso traz um peso da responsabilidade e mostrará a capacidade das alunas em se apresentar”, finalizou.