Ana Laura Costa
Um estudo realizado pelo Instituto do Coração (Incor) e divulgado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), apontou que os danos gerados no coração pelas bactérias com origem na boca não são raros, pelo contrário, cerca de 45% das doenças cardíacas possuem causas dentárias. Ademais, 36% dos óbitos estão relacionados às lesões bucais que se agravaram para condições malignas no coração.
O cirurgião dentista Salomão Fima comenta que, antes, profissionais dentistas orientavam a realização de consulta periódica a cada seis meses, entretanto, com a observação sobre o aumento de doenças cardíacas relacionadas à saúde bucal, hoje aconselha-se consultas a cada três meses.
De acordo com Fima, algumas doenças cardiovasculares podem ser desenvolvidas a partir da saúde bucal do paciente, são elas: endocardite bacteriana, com infecções por bactérias nas estruturas internas do coração; aterosclerose, que consiste em formação de placas de gordura nas veias e artérias, o que prejudica a circulação; arritmias, caracterizada por alterações nos batimentos cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC).
Ele explica que a relação entre saúde bucal e doenças do coração envolve o fato de que existem milhões de bactérias localizadas na cavidade oral. É no desenvolvimento da gengivite (inflamação da gengiva) e periodontite (inflamação dos ligamentos e ossos que dão suporte aos dentes), que o alerta deve ser ligado.
“Mas, a partir do momento que essa bactéria é alojada, é formada uma placa bacteriana e posteriormente é desenvolvida uma periodontite, por exemplo, onde ocorre a inflamação da gengiva e a acaba se acumulando ali. A bactéria cai na corrente sanguínea se alojando nas válvulas do coração, podendo desenvolver doenças cardíacas por conta dessas lesões”, pontua.
O cirurgião dentista destaca que pacientes com condições sistêmicas, com comorbidades, diabéticos, hipertensos não podem deixar de se consultar periodicamente. No mais, Fima destaca hábitos simples e diários para deixar a saúde bucal em dia.
“A utilização do fio dental, no mínimo três vezes ao dia nas principais refeições, a própria escovação, com o tempo suficiente de dois minutos, e alguns enxaguantes bucais sem álcool, para estar fazendo o bochecho e tirando a placa bacteriana que está localizada em locais onde não se consegue higienizar de fato, são importantes. Daí conseguimos eliminar algumas placas bacterianas para não cair na corrente sanguínea ou virar úlcera”, destaca.