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Leão joga para debelar a crise, afirma Gerson Nogueira

O Clube do Remo se mostrou favorável à paralisação do Campeonato Brasileiro em todas as divisões após a tragédia ocasionada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul.. Foto: Samara Miranda/Ascom Remo
O Clube do Remo se mostrou favorável à paralisação do Campeonato Brasileiro em todas as divisões após a tragédia ocasionada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul.. Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

Leia a coluna de Gerson Nogueira deste final de semana

Na lanterna, Leão joga para debelar a crise

Não adianta fingir que as coisas estão normais no Evandro Almeida. A campanha pífia na Série C coloca o Remo quase na mesma situação do ano passado, quando perdeu as quatro primeiras partidas do campeonato e praticamente deu adeus à chance de brigar pelo acesso. Tudo o que não podia acontecer neste ano era a repetição do calvário de 2023.

Para desespero do torcedor, o time resolveu reprisar o filme do verão passado. Foram dois jogos até agora, com duas derrotas para Volta Redonda e Athletic. Atuações pavorosas nas duas ocasiões, por conta principalmente do pífio funcionamento do setor de criação.

Sem criatividade não há ataque que se imponha. Quando a bola chega à frente é sempre na forma dos manjados cruzamentos. Não por acaso, os dois gols marcados (por Jaderson e Sillas) resultaram da troca de passes dentro da área. É um caminho óbvio a ser seguido.

Talvez seja esse o objetivo de Gustavo Morínigo ao insistir com Jaderson, Pavani e Matheus Anjos na meia-cancha. Através da repetição, pretende dar entrosamento e fazer com que as jogadas criativas comecem a aparecer.

Outra esperança de gols é o atacante Mateus Lucas, reforço que veio do Boavista-RJ e que estreia diante do Botafogo-PB, neste domingo. Ele terá Sillas e Cachoeira como companheiros de ataque. Todo mundo preferia ver Ronald e Felipinho nas extremas, aproveitando o provável cenário da partida, com o Remo explorando o contra-ataque.

Morínigo, porém, tem suas convicções e continua firme no propósito de escalar um time diferente a cada jogo. Foi assim no fiasco diante do Voltaço, na derrota para o Athletic e agora contra o Botafogo.

A zaga terá Ícaro e Ligger, dupla que ainda não jogou nesta Série C, e o estreante Helder na lateral esquerda. Que as experimentações funcionem desta vez. Caso contrário, é certo que a casa vai cair.

Papão tropeça (de novo) em casa

É provável que os passadores de pano usem a expulsão do zagueiro Quintana, aos 10 minutos do 2º tempo, como justificativa para mais uma atuação confusa do PSC no Brasileiro da Série B. Ao longo da etapa inicial, o time abdicou de pressionar. No período final, conformou-se com o empate.

A fraca produção ofensiva voltou a ser destaque negativo no PSC. Nicolas, que voltava à equipe, teve atuação discreta, sem participar diretamente de nenhuma investida ao gol catarinense. Os dois homens de lado, Jean Dias e Edinho, erraram quase todas as jogadas de infiltração na área.

O meio-campo ficou apenas na transpiração, sem vestígio de vida inteligente ao longo de toda a partida. João Vieira, Leandro Vilela e Val Soares, volantes de ofício, pouco fizeram para dar opções ao ataque. Entregaram-se a uma postura tão conservadora quanto desnecessária, pois o Avaí claramente não veio disposto a se arriscar.

A igualdade no placar se desenhou desde a metade do 1º tempo pela absoluta ineficiência do setor ofensivo do Papão e pela indolência dos atacantes do Avaí. A bola ficava presa a uma disputa interminável na área central do campo.

Os 9 mil espectadores (7 mil pagantes) não tiveram sequer a chance de vibrar com lances de perigo. As jogadas quase sempre morriam no nascedouro, com passes errados e tentativas bisonhas de finalização.

Os dois melhores momentos ficaram por conta do time visitante. Giovani recebeu passe dentro da área, mas chutou por cima da trave. Depois, Garcez chegou a balançar as redes do Papão, mas Pottker estava adiantado e em impedimento.

Nos instantes finais, o PSC voltou a rondar a área. Edinho cruzou da direita e o goleiro César espalmou. Leandro Vilela aproveitou para emendar de primeira, mas a bola explodiu na defesa catarinense.

Depois do intervalo, a partida recomeçou em clima morno. Na primeira arrancada do Avaí, Giovani lançou Pottker no centro do ataque. O atacante avançou em direção à área, mas foi agarrado por Quintana, último homem da zaga. A expulsão do zagueiro mexeu na estrutura defensiva e enfraqueceu o ataque do PSC.

Jean Dias foi substituído por Luan Freitas, que entrou para recompor a defesa. Curiosamente, apesar da vantagem numérica, o Avaí seguiu cozinhando o galo, sem partir decisivamente em busca do gol.

Essa postura facilitou as coisas para o PSC, que correu poucos riscos e ainda teve duas boas oportunidades no ataque, com Esli García e Juninho, melhor figura da segunda parte do confronto.

É importante observar que o time paraense foi sempre muito hesitante, como se estivesse com receio do Avaí. Com isso, deixou passar um tempo precioso sem propor jogo, perdendo-se em toques improdutivos.

As coisas ensaiaram evoluir quando Juninho entrou e aplicou alguns bons dribles, mas o time estava ocupado demais em segurar o empate. No fim das contas, o 0 a 0 premiou a incompetência geral. Resultado justo.

Bola na Torre

O programa vai ao ar às 22h, na RBATV, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em debate, a campanha dos clubes paraenses no Campeonato Brasileiro. A edição é de Lourdes Cezar.

Palavras de um esteta do futebol

O craque Eduardo Galeano partiu há nove anos – morreu em 15 de abril de 2015. Deixou, porém, um baú de ensinamentos sobre (e além) futebol, com a humildade dos gigantes: “Não passo de um mendigo do futebol, ando pelo mundo de chapéu na mão, e nos estádios suplico: – Uma linda jogada pelo amor de Deus! E quando acontece o bom futebol, agradeço o milagre – sem me importar com o clube ou o país que o oferece”.