Estradas de chão e rios: os caminhos dos professores no Pará

Piso Salarial Profissional Nacional do magistério público da educação básica para o exercício de 2024 terá reajuste de 3,6%. Novo valor mínimo é de R$ 4.580,57
Piso Salarial Profissional Nacional do magistério público da educação básica para o exercício de 2024 terá reajuste de 3,6%. Novo valor mínimo é de R$ 4.580,57

Segundo o Censo Escolar 2021, a Região
Norte concentra 36,1% das escolas de pequeno porte que oferecem vagas para a
Educação Básica (Ensino Infantil e Ensino Fundamental). Estas unidades têm por
característica principal o limite de 50 alunos matriculados. Tais dados não
revelam apenas uma questão matemática que serve de base para a criação de
políticas públicas na área da Educação.

Professora paraense vira referência na América Latina

Analisar estas informações permite conhecer a realidade das escolas para além dos números. Mostra ainda a
geografia dos lugares onde elas estão construídas.

 











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No caso do Pará – cuja dimensão
territorial (que é de 1.247.954 Km²) chega a ser maior que a de Angola, país da
África com 1.247.000 Km² – as distâncias e o acessibilidade representam um
desafio para os professores chegarem até as comunidades ribeirinhas,
quilombolas e rurais. Lugares onde a vida é simples em alguns aspectos e
difícil quando se trata de logística, infraestrutura e distribuição de renda.

Ser professor no campo e nas ilhas
requer, além da dedicação, perseverança para cumprir uma jornada onde muitos
desistem em virtude das dificuldades – que não são poucas, como comenta a
professora Iranilda Silva.

 











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O educador físico Rafael Barroso, de 36
anos, é um dos quase 60 mil professores paraenses (58.873, segundo o IBGE) que
atuam no Ensino Fundamental e buscam fazer a diferença na vida de meninos e
meninas com idade entre 7 e 13 anos. Leciona em escolas municipais de Curuçá e
Marapanim, na região nordeste do Pará. 

Este professor percorre diariamente 70 quilômetros de estradas de terra, manguezais e rios para ensinar em 13 agrovilas e na ilha de Pacamorema. Uma jornada que começa cedo, antes do dia
clarear.

“Tudo é válido para tentar fazer a
diferença na vida dos meus alunos. Todos eles têm um sonho e, nessa jornada que
eu assumi, tento ajudá-los a alcançar a realização deles, por meio da Educação.
E, assim, também realizo os meus [sonhos]”, enfatiza o professor Rafael.

 











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Uma das comunidades mais longínquas em
que ele trabalha é a de Pacamorema, ilha que pertence ao município de Curuçá. O
acesso até esta comunidade ribeirinha exige que Rafael deixe a motocicleta na
estrada e caminhe por uma ponte sobre o mangue para chegar até a margem do rio,
onde atravessa de canoa. A estrutura tem 900 metros de comprimento e está em
péssimas condições.

A professora Eliete Araújo é a
responsável pela Escola Catarina Neves, a única da ilha. A unidade oferta
somente os anos iniciais do Ensino Fundamental. Para concluir a segunda etapa
do Fundamental e os três anos do Ensino Médio, os alunos ribeirinhos se
deslocam até as escolas que ficam na área urbana do município.

 











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O entusiasmo dos alunos estimula o
educador físico a não desistir de ensinar. “Quando acordo, já penso que tem
crianças me esperando, cheias de esperança e com a intenção de sair de uma
realidade que, às vezes, é triste”, ressalta. “A aula não é só um aprendizado.
É um momento de felicidade que eles sentem – e tem – para transformar a
realidade, que, às vezes, é sofrida”, pontua Rafael.

Coqueiro

Às terças-feiras, Rafael dá aulas na
Escola Teófila Teixeira, localizada na comunidade do Coqueiro, zona rural de
Curuçá. O prédio, construído em 1965, está fechado para reforma e as atividades
estão sendo ministradas de forma improvisada numa casa na orla do rio que dá
nome à cidade.

 











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Para o professor, este período de obras
não tem sido problema, já que ele ministra as aulas de Educação Física no
calçadão da encosta. O espaço é cercado por uma paisagem que, diga-se de passagem,
é de provocar inveja em qualquer outra comunidade escolar.

Rafael utiliza como ferramentas de
trabalho alguns elementos extraídos de forma sustentável da natureza para
trabalhar a coordenação motora e o desenvolvimento de meninos e meninas. A
metodologia também ajuda a garotada a enxergar de outra forma os recursos
naturais existentes na mata envolta da comunidade e nos rios.

A atividade de Rafael com os alunos é
observada pela mãe de um dos garotos, Marcela Souza, que fala um pouco sobre os
desafios que observa sobre a Educação no campo.

 











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No Brasil, 19% dos alunos de Educação
Básica (Infantil e Fundamental) estão matriculados em escolas da zona rural e
comunidades ribeirinhas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE).

Praias do Atalaia e Corvinas viram patrimônios do Pará

Questionado se todas as dificuldades não
o desestimula da jornada, o professor Rafael responde sem titubear que não e
dar um depoimento emocionante sobre a Educação no campo. Assista:

 











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 Alguns dados do Censo Escolar

– 24,6% das escolas com
séries iniciais tem até 50 alunos matriculados

– 60,2% das escolas de
Educação Básica são das redes municipais de Ensino

– 19% dos alunos da
Educação Básica (Infantil e Fundamental) estão na zona rural

– 59,9% dos alunos do
Ensino Fundamental estão nos anos iniciais