Irlaine Nóbrega
Um protesto sobre a morte de um cão durante em um dos voos da companhia Gol Linhas Aéreas foi realizado neste domingo (28), no Aeroporto Internacional de Belém. Com o slogan “Não somos bagagem, somos o amor da vida de alguém”, o ato, organizado pelo Clube de Goldens de Belém, reuniu tutores de pets para cobrar melhores condições no transporte aéreo de animais domésticos.
A morte do Golden Retriever Joca foi causada por uma negligência no transporte do animal, que deveria ter sido levado ao município de Sinop, no Mato Grosso, mas chegou a Fortaleza. Por meio das redes sociais, tutores de cães e simpatizantes com a causa animal se uniram para pedir explicações à companhia aérea e reivindicar mudanças na política de transporte de animais nos porões das aeronaves.
“Essa notícia foi um baque muito grande, foi um filho nosso que sofreu. Ele morreu em um ambiente frio,com uma pressão alterada e isolado de todo mundo. Hoje em dia muitas pessoas viajam com seus pet, então a companhia aérea não pode ignorar essa realidade. As companhias aéreas têm que fazer um local próprio, seja dentro da cabine ou fora, mas estruturado e apropriado para os animais e com a presença de veterinário”, sugeriu a advogada Marília Eleres, 51, representante do Clube de Goldens de Belém.
Para a organizadora, as leis que estabelecem as formas de traslado dos animais, como cães e gatos, de pequeno e grande porte, devem ser revistas, a fim de proporcionar o conforto dos pets e a diminuição do estresse. “A alteração da legislação nesse sentido é essencial. Quando a gente tem uma legislação aérea que é fechada no que temos hoje, a consequência é o que aconteceu com o Joca. Ele estava viajando em um voo de carga, não é um voo normal. Você não pode conceber que um animal possa estar como uma carga”, afirmou Marília Eleres.
A morte de Joca reforçou o medo de Myrtes Martins, 56, de viajar de avião com a cachorra Pandora. Tutora de uma Golden Retriever, a médica nunca viajou com a pet por esse meio de transporte, já que diz que o caso não é o primeiro no Brasil de morte de cães de grande porte após serem transportados no porão das aeronaves. Para ela, o ato era o meio de pedir por mudanças na forma de transporte de animais no país.
“Eles não podem ser tratados como bagagem. São nossos filhos de quatro patas, parte da nossa família. Eles têm que ter dignidade para viajar de forma segura. Para quem é tutor de Golden foi muito difícil. Eles são muito dóceis, não avançam e não mordem. A gente não consegue entender o motivo de despachar um cachorro desse na bagagem junto com as malas dos passageiros”, questiona a médica.
Para Berg Prado, de 56 anos, é constante a preocupação com a viagem dos bichinhos, já que o transporte em aviões tem normas restritivas e que não respeitam as particularidades do cuidado com os pets. “É sempre uma preocupação. Apesar do meu ser de porte pequeno, não é permitido tirar da gaiola,isso gera muito estresse no animal”, relata.
“É preciso ter mais respeito pelo pet porque não é somente um animal, é como um filho, faz parte da família. A questão não é somente da companhia aérea, mas da ANAC, que tem que resolver esse processo para que qualquer pet possa viajar tranquilo e chegar com saúde”, afirma o administrador.
O CASO
No dia 22 de abril, um cachorro da raça Golden Retriever foi encontrado morto após ter sido embarcado por engano em um dos voos da Gol Linhas Aéreas. O animal tinha destino o município de Sinop, no Mato Grosso, mas foi “extraviado” pela empresa para Fortaleza e logo após levado de volta a São Paulo, onde já chegou morto. Segundo a família de tutores, o cachorro chamado “Joca” tinha 5 anos e estava saudável no momento do embarque, no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Na última quarta-feira (24), a Gol Linhas Aéreas suspendeu a venda do serviço de transporte de animais, da GolLog, nos porões da aeronave por 30 dias, período em que as investigações serão concluídas, a ser realizada pelo Ministério dos Portos e Aeroportos em conjunto com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).