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Feijão com arroz fica longe das mesas dos paraenses

Feijão com arroz fica longe das mesas dos paraenses Feijão com arroz fica longe das mesas dos paraenses Feijão com arroz fica longe das mesas dos paraenses Feijão com arroz fica longe das mesas dos paraenses
Foto: Wagner Almeida/ Diário do Pará.
Foto: Wagner Almeida/ Diário do Pará.

Diego Monteiro

“Quanto mais barato, melhor”. Esta é a definição da compra perfeita para Elaine Gaspar, 46, especialmente quando precisa adquirir feijão e arroz. No entanto, essa famosa combinação está pesando no bolso do consumidor, aponta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), que registrou uma alta de 20% nos preços desses itens no primeiro trimestre de 2024.

Para compreender, basta observar a evolução do preço do feijão, que em dezembro do ano passado custava R$ 6,68 por quilo e, no mês seguinte (janeiro), passou para R$ 7,87, encerrando março em R$ 7,99, uma alta acumulada de 20%. Quanto ao arroz, o preço subiu de R$ 6,17 em dezembro para R$ 7,55 em março, representando um aumento de pouco mais de 22%.

Para chegar a este resultado, o Dieese/PA monitorou semanalmente os valores dos itens nos principais e mais frequentados supermercados de Belém. Conforme a entidade, os reajustes, em ambos os casos, não foram uniformes, mas superaram a inflação de 1,58%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Esses produtos são considerados básicos na mesa dos brasileiros, mas que ficaram caros por diversos motivos, entre eles a sazonalidade e a entressafra – ambos afetaram a produção. Ainda, houve uma diminuição na área plantada, não só de arroz, como a de feijão, que vêm perdendo cada vez mais espaço para a plantação de soja, por exemplo”, enfatizou o supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa.

Mas apesar do otimismo por bons preços, os próximos dias não são animadores. “Os custos continuam subindo e é provável que o mês de abril apresente novos aumentos no valor do arroz e do feijão, impactando diretamente o custo total da cesta básica. Mas esperamos que até o final do primeiro quadrimestre esses produtos fiquem mais estáveis”, completou o representante do Dieese/PA.

Alena Souza, promotora. Foto: Wagner Almeida/ Diário do Pará

Estratégia

De fato, o custo da cesta básica voltou a subir no último mês, impulsionado principalmente por produtos como os já mencionados feijão e arroz. Em março, a cesta básica atingiu o valor de R$ 667,53, comprometendo 47,27% (quase a metade) do salário mínimo (R$ 1.412), sobrando apenas R$ 744,47 para outras despesas.

No supermercado, entre um corredor e outro, Elaine, fica de olho nos menores preços antes de colocar os produtos no carrinho. “Há pouco tempo, conseguia comprar muito mais do que hoje. Para conseguir comprar tudo, mudei meu comportamento e agora faço uma pesquisa minuciosa para garantir alimentos em casa”, disse a atendente.

A promotora Alena Souza, 43 anos, destacou que tem optado por compras em grande quantidade, como nas redes de atacado, para obter mais descontos, pois essa estratégia ajuda a equilibrar as finanças no final do mês. Segundo ela, o “malabarismo” com as compras no supermercado é o principal mecanismo para não piorar a qualidade, nem diminuir a quantidade na dispensa.

“Na hora de pagar a conta, a diferença é significativa em comparação com os supermercados convencionais. Infelizmente, essa é a tendência dos brasileiros, especialmente das pessoas com menos recursos; caso contrário, será cada vez mais difícil ter feijão e arroz à mesa”, afirmou Alena.

Por sua vez, Rodrigo Rocha, 39, tem propriedade para falar sobre o assunto, já que trabalha como pesquisador de preços. “Todos os dias, visito diversos estabelecimentos e posso afirmar que os preços subiram consideravelmente. Quando houve redução nos produtos, foi em pequena escala e não compensou os aumentos subsequentes. Para economizar, é preciso pesquisar bastante”, orientou.