Tropeço na conta do técnico
O Remo foi derrotado logo na estreia na Série C. Não perdeu para o adversário, Volta Redonda, mas para os erros de seu técnico, Gustavo Morínigo. Logo que a escalação foi anunciada, ficou evidente que os riscos eram imensos. O jogo confirmaria isso. O Leão foi derrotado por 2 a 1, após um 1º tempo pavoroso. Reagiu no 2º tempo, mas sofreu um castigo tremendo nos minutos finais e ainda teve dois pênaltis não marcados.
Depois de errar quase todas as tentativas de saída, o Remo tomou o primeiro gol logo aos 19 minutos. A defesa, mal posicionada, não conseguiu marcar a troca de passes entre Berguinho e MV, culminando com a finalização perfeita deste último, mandando a bola no ângulo esquerdo do gol defendido por Marcelo Rangel. Um golaço.
Depois dos 30 minutos, o Remo atacou muito, mas sempre pelo lado errado e com a objetividade prejudicada pela ausência de força na área. Morínigo, que havia inventado três estreias – Sheldon na zaga, João Afonso no meio e Cachoeira no ataque –, decidiu ir além, lançando Sillas como centroavante. Sim, não é delírio, é teimosia mesmo.
O centroavante improvisado estragou uma boa oportunidade na pequena área, deixando de finalizar ou tocar para os lados. Simplesmente, errou na hora de definir. Nenhuma surpresa, pois Sillas foi um dos mais improdutivos na sequência de clássicos, desperdiçando chances claras.
Havia um engessamento entre os setores, com jogadores espaçados demais. Tudo o que Gustavo Morínigo havia conseguido em termos de consolidação de um sistema foi por água abaixo diante do Volta Redonda.
Coube a Jaderson a melhor jogada remista, batendo de curva sobre o gol de Jean Dorny, com muito perigo. Nos instantes finais, o Voltaço voltou a sair para o ataque, criando dois bons ataques com Ítalo Carvalho.
Veio o 2º tempo e o treinador azulino tratou de corrigir as próprias lambanças. Trocou João Afonso por Matheus Anjos, Cachoeira por Ribamar e Felipinho por Ronald. Com os jogadores certos, o time se soltou e dominou amplamente as ações, acuando o Volta Redonda.
As chances começaram a surgir em sequência, com Ribamar (2), Matheus (2), até que aos 31 minutos veio o empate, com Jaderson escorando um rebote da defesa. O Remo exercia pressão total, o visitante se livrava da bola e parecia questão de tempo para sair o segundo gol.
Matheus botou uma bola na trave e Jaderson encaixou um disparo na gaveta, mas o goleiro Jean foi nela e desviou para escanteio. Aos 40’, Thalys foi atingido na perna quando saía da área, mas o árbitro não deu o penal.
Aí veio o castigo cruel. Sob chuva forte, aos 43’, num raro ataque do Voltaço, a zaga cedeu escanteio. Na cobrança, Pavani desviou contra o patrimônio. Um gol que fez a torcida esmorecer no Baenão.
Ainda houve tempo para um outro pênalti ignorado pelo árbitro. Michel fez carga sobre Ribamar dentro da área, diante do apitador, que nada marcou. A diretoria do Remo encaminhou protesto à CBF, denunciando a arbitragem ruim, mas o estrago já foi feito.
Sobre responsabilidade e comprometimento
A derrota para o Voltaço reavivou o trauma azulino de 2023, quando o time de Marcelo Cabo perdeu os quatro jogos iniciais da Série C. Por essa razão, o que ocorreu no estádio Evandro Almeida no sábado à tarde é mais grave do que parece, por abrir caminho para um novo mau começo.
Gustavo Morínigo atribuiu a derrota a erros no aspecto coletivo e mau rendimento dos atletas estreantes. Ora, até o leãozinho de pedra do Baenão sabia que mexer nos três setores era uma temeridade.
Morínigo e sua comissão técnica entenderam que os novatos eram superiores aos antigos titulares. Não são. João Afonso não é superior a Paulinho Curuá, Sheldon não é melhor que Jonilson ou Bruno Bispo.
Cachoeira pode vir a ser uma opção interessante pelos lados, mas está muito abaixo de Ronald. O pior foi a centralização de Sillas no ataque, sendo que Kanu seria uma alternativa natural para a função.
É preciso que a comissão técnica e o elenco sejam cobrados com mais rigor. O projeto do acesso à Série B é fundamental para o clube, inclusive financeiramente. Ninguém alcança resultados sem comprometimento.
Cabe lembrar que, das quatro metas do Remo na temporada, três (Copa Verde, Parazão e Copa do Brasil) já foram perdidas.
Papão surpreende positivamente, apesar da derrota
O 1º tempo na Vila Belmiro foi inteiramente favorável ao PSC, que não deixou o Santos jogar. Favorito por jogar em casa (mesmo sem torcida), o Peixe teve imensas dificuldades para sair do campo de defesa nos 15 minutos iniciais. A pressão alta exercida pelo meio-campo e ataque do Papão provocava erros seguidos dos defensores santistas e abria espaço para arremates de fora da área.
Jean Dias, Robinho e Edinho tiveram boas oportunidades para abrir o placar, revezando-se em ações pelos lados e investidas pelo centro do ataque, sempre com toques de primeira e praticamente sem erros de passe.
Do começo ao fim da etapa inicial, o PSC foi dominante e marcou o Santos com extrema eficiência. Nem mesmo a substituição forçada de Robinho por Val Soares, aos 23 minutos, quebrou o ritmo imposto pelos bicolores.
Veio a segunda etapa e o cenário se modificou. O Peixe fez duas mudanças importantes nas laterais: JP Chermont e Rodrigo substituíram Aderlan e Hayner, aumentando o poder de fogo pelos lados. Essas mexidas iriam se complementar depois com a entrada de Pedrinho no lugar de Otero.
E foi Pedrinho que abriu caminho para a vitória santista. Com a colaboração de Gabriel Bispo, ele fintou dois marcadores e mandou rasteiro no canto direito de Matheus Nogueira, fazendo Santos 1 a 0, aos 23 minutos. Bispo havia substituído Leandro Vilela.
Aos 27’, quase saiu o segundo. Julio Furch finalizou diante de Matheus Nogueira, que fez excelente defesa. Aos 34’, Michel Macedo recebeu livre e em condições de definir, mas dominou mal e perdeu a chance do empate.
O Santos liquidaria a fatura aos 44’, em nova boa jogada de Pedrinho. Após fintar Bispo com facilidade, ele bateu cruzado. Matheus Nogueira deu rebote e Guilherme chutou para as redes. Apesar da queda na segunda etapa, o PSC deixou boa impressão na partida de retorno à Série B.