O terceiro dia da programação da Semana dos Povos Indígenas, realizado no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia até este domingo, 21, contou com a participação de artistas que também atuam como ativistas e defensores dos direitos dos povos originários. Alessandra Negrini, Yanna Lavigne, Klebber Toledo, Bruno Gissoni, Felipe Cordeiro e Viviane Batidão chegaram ao evento na tarde deste sábado, 20, de braços dados com lideranças indígenas.
Neste domingo, 21, uma caminhada pelo clima em defesa da terra em direção ao Complexo Feliz Lusitânia encerra a Semana dos Povos Indígenas. A concentração será às 9h, na escadinha da Av. Presidente Vargas. Logo após, a partir das 13h, na Praça Dom Pedro II, o Palco Encantaria recebe um ato de celebração pelo Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, com apresentações culturais e participação de artistas indígenas e aliados da causa indígena.
Atores, atrizes e cantores participaram do encontro “Dialogo com Artistas: qual o papel da arte em defesa dos Territórios Indígenas?”, momento em que falaram sobre vivências com comunidades indígenas, e o ator Klebber Toledo, ao perguntar quem já tinha tido algum tipo de experiência do tipo, lembrou que é importante conscientizar outras pessoas sobre a importância desse tipo de intercâmbio.
“Somos um só planeta, uma só natureza, então acho que a gente precisa desse cuidado. Quero ressaltar essa força, principalmente a quem está vindo pela primeira vez, que amanhã ainda tem mais coisa, mais atrações, mais formas de vocês aprenderem e conhecerem um pouco mais sobre nossos povos indígenas, então traga uma pessoa com você para conhecer também”, estimulou.
Bruno Gissoni se emocionou durante a participação e lembrou de uma experiência vivida há seis anos com Sônia Guajajara, que hoje é ministra dos Povos Indígenas do Brasil, no Maranhão, à época da eleição do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, até hoje declaradamente contra demarcação de terras indígenas.
“Ela precisou reorganizar tudo para que vocês pudessem resistir ao que estava por vir. E era muito difícil ter uma esperança de um rumo novo. Ela foi candidata a vice-presidente na época e eu perguntei a ela como seria se ela fosse eleita. Ela pintou, através da arte, uma imagem para mim, o que seriam os povos originários, e aquilo ficou guardado em mim. Acho que por isso estou aqui hoje. Temos dois anos até o ponto de não retorno, então é nesse período que temos que depositar nossas energias, nossa esperança. Cada encontro com os povos originários, eu renovo minha esperança na humanidade”, discursou.
Também sensibilizada, Alessandra Negrini lembrou dos primeiros contatos com comunidades indígenas, quando gravava a minissérie A Muralha, exibida pela rede Globo no início dos anos 2000, em Alto Paraíso de Goiás (GO). “Eu estava me maquiando quando um grupo chegou e eu fiquei olhando, fui ficando fascinada, eu não sabia me comunicar, mas me encantei com a beleza, com aquela força, e eu fiquei me comunicando por meio do sorriso, aquilo me tocou muito. Esse riso é o que nos une, somos seres humanos, somos todos iguais”, relatou.
Por sua vez, Yanna Lavigne contou ter se hospedado com a filha, à época com dois anos, em uma residência indígena, quando pôde ficar completamente inserida na cultura dos povos originários. “Fico cada vez mais descrente com o que nós, brancos, estamos fazendo com o mundo, e eu perguntei para uma das pessoas da casa se o mundo ainda tinha jeito. A pessoa respondeu, com a maior calma do mundo, ‘vocês estão aqui, não estão?’. A partir daquele momento, a minha consciência mudou. O que a minha voz enquanto artista está expondo, divulgando, mobilizando é toda essa vivência, e uma coisa que aprendi com os indígenas é que sem floresta o mundo não existirá. A gente tem pouco tempo para fazer alguma coisa, precisamos levar isso a quem ainda não está aqui”, expôs.