Diego Monteiro
Conforme o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bairro da Sacramenta é uma das áreas mais densamente habitadas de Belém. Com uma população estimada em 230.846 pessoas, distribuídas em 86.412 domicílios, a região ocupa a terceira posição com maior quantitativo de moradores, ficando atrás apenas do Guamá (1º) e Bengui (2º).
Ainda de acordo com os dados coletados pelo IBGE, 73.423 são domicílios particulares ocupados, onde a média é de três moradores por residência. Esse panorama ressalta não apenas a importância demográfica do bairro no contexto urbano de Belém, mas também sua relevância econômica e social, contribuindo para a identidade da cidade.
Dentro desse panorama, encontram-se histórias como a de Ila Góes, de 29 anos, que escolheu a Sacramenta como seu lar há pelo menos quatro anos. Para a esteticista, que reside na Senador Lemos com a rua São Benedito, a região oferece uma gama de opções, tanto para o exercício de sua profissão, já que possui um estúdio de beleza, quanto para a conveniência de diversos serviços.
Outro ponto ressaltado por ela é o fato de morar ao lado da Praça do Jaú, um dos tradicionais e mais conhecidos espaços de lazer da região, recentemente reformado e entregue à população. Ao analisar os pontos positivos, a área se destaca pela sua localização estratégica, próxima ao centro da cidade, e pela acessibilidade proporcionada aos seus moradores e visitantes, ressalta.
A esteticista pontua também a diversidade de opções de transporte público, facilitando o deslocamento para os mais diversos destinos. “Além disso, é um ponto onde encontramos de tudo, desde um shopping center, podemos dizer assim, até academias, entre outros empreendimentos. Então tem muita coisa que, para quem já morou em outro bairro da cidade sabe que tem muita diferença”.
História
O forte contingente populacional se mistura com a história do bairro, formado no século XX, durante a luta por moradia, sendo uma alternativa para centenas de famílias carentes. Anteriormente considerada uma região de mata, era frequentada por moradores da Pedreira, Telégrafo e Marambaia, que iam lá caçar, tomar banho nos igarapés, colher frutas das árvores.
Com o passar do tempo, a área que antes possuía características predominantemente agrícolas, foi recebendo novos moradores, especialmente nas proximidades do antigo Aeroclube. Após muita luta travada por esses moradores pioneiros, foi garantida a posse de toda aquela área para as várias famílias que já viviam ali.
Hoje, o bairro da Sacramenta exibe uma infraestrutura diferente e oferece condições de vida e desenvolvimento consideravelmente melhores, conforme relata Laise Moura Rego, 74 anos. A aposentada, que reside há 30 anos no bairro, testemunhou a evolução do local ao longo das décadas. “Desde que cheguei aqui, moro no mesmo endereço: na travessa Lomas Valentina, próximo ao canal da Pirajá”.
“Durante esses anos, vi muitas coisas acontecerem e tantas mudanças chegarem também. O que antes era apenas vegetação e algumas palafitas, hoje se tornou um dos principais bairros da cidade. Apesar da falta de espaço atualmente, é comum ver pessoas interessadas em se mudar para cá, pois estamos perto de tudo o que é necessário para uma vida tranquila”, acrescenta Laise.
Apesar de residir pouco tempo no bairro, o frentista Paulo César, 32, destaca o que aprecia na região. “Sabemos que muitos espaços precisam ser melhorados, principalmente a questão da limpeza. Mas não posso negar que aqui tem vários pontos importantes para o desenvolvimento de nossa cidade, além de áreas de lazer que gosto muito de visitar, como as praças. Por isso, não pretendo sair daqui”.
Origem do nome
Existem três possíveis explicações para o nome “Sacramenta”. Uma delas é que o primeiro morador do bairro se chamava João Sacramento. Outra é que havia um cemitério de animais que já não serviam mais para o transporte e quando os animais morriam, eram “sacramentados” naquele terreno. A terceira hipótese é de que havia, próximo à baía do Guajará, a “Rampa da Sacramenta”.