Leia a coluna de Gerson Nogueira
Um xerife para chamar de seu
Yeferson Quintana, uruguaio com rodagem internacional e experiência de Libertadores, é o candidato natural a xerife do Papão no Brasileiro da Série B, que começa no sábado para os bicolores. Logo de cara, o zagueiro vai ter um duelo com o Santos, contra quem teve oportunidade de jogar no recente Campeonato Paulista, defendendo a Portuguesa de Desportos.
Na entrevista de apresentação, Quintana foi logo falando grosso. Disse que o PSC não tem o que temer, nem deve se amedrontar diante do Peixe, afinal tem história e tradição. Avaliou que o time bicolor está pronto para jogar de igual para igual com a equipe de Fábio Carille.
Quintana se prepara para disputar a Série B do Brasileiro pela primeira vez. Pelo tempo que dedicou aos treinos, sem poder atuar na Copa Verde e no Campeonato Paraense, o zagueiro está no mesmo nível de condicionamento dos demais companheiros.
A estreia é dada como certa, até pelo alto investimento do PSC em sua contratação, disputando com outros clubes o direito de contar com o uruguaio. E, caso seja confirmado na escalação, é candidato natural a envergar a braçadeira de capitão.
Na disputa direta pela posição na linha de defesa bicolor, ele tem como concorrentes Wanderson, Lucas Maia, Naylor, Carlão, Pedro Romano e Luan Freitas. Além das questões protocolares, na Curuzu ninguém tem dúvida de que ele chegou para ser titular absoluto na Série B.
Depois da excelente performance da zaga no Parazão, com a dupla Lucas Maia-Wanderson, a expectativa é que o setor fique ainda mais fortalecido com a entrada em cena de um jogador avaliado como acima da média para os padrões da Série B.
O aspecto positivo da presença de Quintana é que o elenco do Papão é formado, em grande parte, por jogadores com grande experiência na disputa da Segunda Divisão nacional.
Dos mais de 40 atletas inscritos na competição pelo PSC, mais da metade já atuou – alguns com destaque, como Robinho, Hyuri e Biel – na Série B. Essa condição garante mais tranquilidade para o desafio de levar o time a uma boa campanha.
Ronald aproveita chances e mostra utilidade
A série de quatro jogos entre Remo e PSC, além de testar a força dos dois times para o Campeonato Brasileiro, fez bem a alguns jogadores. O que melhor aproveitou a oportunidade foi Ronald, que se tornou uma peça indiscutível entre os titulares azulinos.
Sempre utilizado como um reserva eventual, Ronald agarrou com toda vontade as chances que recebeu. Nos dois últimos clássicos, ele foi do inferno ao paraíso. Apesar de ter feito uma boa atuação, na semifinal da Copa Verde, perdeu uma chance clara de gol que poderia ter decidido a partida.
Criticado pela torcida, mostrou que não se deixou abalar e teve um desempenho impecável no jogo decisivo do Parazão. Taticamente, foi importante como marcador no lado esquerdo e ainda encontrou tempo para ir ao ataque marcar o gol azulino.
A elogiada atuação não foi suficiente para conquistar o título, mas deixou claro que Ronald ganhou a posição no lado esquerdo do ataque. É finalmente titular, depois de incompreensão sistemática dos técnicos e tantas tentativas frustradas nos últimos quatro anos.
Lesionado no ano passado, durante a Série C, voltou com confiança redobrada, reinventando-se na faixa esquerda do time, onde sempre teve participações positivas. Houve um tempo em que os técnicos do Remo insistiam em escalar Ronald do lado direito, que não é o seu forte.
Algumas pessoas defendem que jogadores de lado têm que saber jogar tanto pela direita quanto pela esquerda. Não é exatamente assim que a banda toca. Experimentem, por exemplo, colocar Vinícius Jr. do lado direito do ataque. Ele até pode jogar por ali, mas não renderá como na canhota.
Ronald sofreu com isso, embora sempre tenha se mantido humilde e disciplinado. A espera valeu a pena. Gustavo Morínigo soube valorizar as características dele e ganhou um jogador extremamente funcional e aplicado, tanto para atacar como para defender.
A seguir nessa toada, Ronald será extremamente útil na campanha da Série C. Isso poderá ser observado a partir do confronto deste sábado contra o Vila Nova-GO, no estádio Evandro Almeida.
Transmissão da Série B desinforma e irrita torcedores
A CBF é incapaz de abrir mão da primazia pela bagunça no Brasil. Até mesmo quando tudo parece bem encaminhado, a entidade vem e embaralha as coisas. Depois de negociado o direito de transmissão dos jogos da Série B com a empresa de marketing esportivo Brax, vem um acerto com a Globo, manda-chuva do futebol no Brasil, para que o campeonato seja exibido nos canais SporTV e Premiere.
Em meio a isso, TV Brasil e canal Goat apareciam como alternativas de exibição. Em seguida, como noticiou o sempre bem informado Flávio Ricco, sumiram das conversas. A confusão está estabelecida, torcedores reclamam nas redes sociais, ninguém se entende.
A primeira rodada começa hoje e um dos jogos mais esperados é Santos x PSC, transferido para sábado à tarde, na Vila Belmiro (em Santos), de portões fechados. Dona dos direitos, a Globo vai mostrar a partida para a Baixada Santista e para Belém.
Ricco, aliás, observa que no ano passado a Brax também detinha os direitos, passando jogos também na Band, mas optou por desistir do acordo. Não mais que de repente, voltou a participar do novo arranjo junto à CBF. Difícil entender e explicar, como é de costume no país do futebol.
Os torcedores, que pagam pacotes caros para ver os jogos de seus times, mereciam informações mais precisas e esclarecedoras. Afinal, é um negócio como outro qualquer. Há uma relação de compra e venda, oferta e procura, sob regulação de um Código de Defesa do Consumidor.