Da Redação
O Grupo de Percussão Maracatu Quebra Baque está completando 21 anos de atividades. Criado em Recife pelo músico Tarcísio Resende, um dos atuais mestres da percussão pernambucana, o Quebra Baque é uma iniciativa cultural que busca promover a inclusão social por meio da música. Mais de 900 pessoas já passaram pelas fileiras do grupo, participando de forma ativa e aprendendo sobre os ritmos tradicionais afro-brasileiros, e com o resgate de ritmos tradicionais como o maracatu, coco de roda, caboclinho, xaxado e ciranda, ritmos que chegou a levar para França e Áustria, entre outros lugares. E para comemorar essa trajetória, o grupo vem circulando pelo Brasil com apresentações e também promovendo oficinas de percussão.
Desde a semana passada, o Quebra Baque está em solo paraense. O objetivo é ocupar os espaços públicos nas cidades visitadas, levando programação gratuita, de entretenimento e educação musical a crianças e jovens da rede pública de ensino, e público em geral, proporcionando interação e troca de vivências musicais. O projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Depois de passar por Parauapebas, nesta terça-feira, 16, o Quebra Baque desembarca em Marabá, onde oferece uma oficina especial de percussão com material reciclável, em uma escola local. Em três horas de atividade, a oficina apresenta as possibilidades de construção de instrumentos percussivos com material descartado, considerado como lixo. Outra atividade feita pelo grupo no mesmo local será um cortejo, nesta quarta-feira, 17, às 17h. A programação é gratuita. Assim como ocorre em todas as cidades por onde o grupo passa, o cortejo é aberto ao público, terá participação dos alunos da oficina e artistas convidados do município.
Tarcísio Resende diz que trazer a experiência dos sons do Quebra Baque ao Pará tem sido muito boa. “A troca está fluindo, que é o ponto principal da gente, a troca que é o gostoso, né? Saímos de Parauapebas e agora chegamos aqui em Marabá. E a expectativa é a melhor possível. E Belém do Pará, né? Fechar com chave de ouro, nessa cidade linda, onde eu tive a experiência já de conhecer e trabalhar junto com o SaGrama”, diz ele, lembrando o grupo pernambucano de música instrumental do qual faz parte e que também já passou por aqui. “Foi graças a essa minha ida com o SaGrama com a oficina de material reciclável que o Quebra Baque está aqui”, reforça Resende, percussionista há 30 anos, que diz que o Quebra Baque surgiu como uma forma de fortalecer suas raízes.
Nessa circulação pelo Pará, Belém recebe a mesma programação que o grupo ofereceu nas outras cidades, com oficina nesta sexta-feira, 19, das 9h às 12h, no Sesc Ver-o-Peso. Crianças e jovens de 10 a 18 anos são o público-alvo do evento e para participar é necessário fazer uma inscrição, que é gratuita, no Sesc.
“Eu vou demonstrar alguns instrumentos que eu já trouxe prontos, instrumentos que eu uso no SaGrama, em espetáculo, em sonoplastia, em show. E vamos fazer uma dinâmica de construir alguns instrumentos, depois vamos fazer uma brincadeira rítmica através dos instrumentos criados. Vamos brincar com o ritmo de coco, do maracatu”, avisa o percussionista.
Educador social há mais de 20 anos, trabalhando com crianças e jovens, Tarcísio Resende destaca o poder transformador desse tipo de ação, que vem presenciando ao longo de sua trajetória. “Há mais de 20 anos eu trabalho dando aula em ONG, e esses meninos chegaram com oito, dez anos de idade, hoje em dia estão com vinte e poucos anos, se tornaram cidadãos. Hoje em dia eles tocam percussão, trabalham profissionalmente na música, dois deles estão tocando comigo e tem menino tocando com Elba [Ramalho], com o Alceu [Valença], destaca.
Na capital paraense, haverá ainda um bate-papo e um cortejo, programados para o próximo sábado, dia 20, às 16h, também no próprio Sesc-Ver-o-Peso. O cortejo está marcado para começar às 17h, no Boulevard da Gastronomia e Orla da Estação das Docas. “No dia seguinte à oficina, tem a apresentação da equipe, do Grupo de Percussão Maracatu Quebra Baque. Somos dez batuqueiros, e aí vamos mostrar nos instrumentos convencionais, né? As alfaias, atabaques, nos gonguês, tudinho”, diz o músico.