Belém

Grupo se dedica a ajudar famílias com casos de autismo em Belém

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Irlaine Nóbrega

Fundado em fevereiro de 2022, o Grupo Gotas Azuis é um espaço virtual de apoio às mães, pais e familiares de crianças e adolescentes com Transtornos do Espectro Autista (TEA); Transtorno de déficit de atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor Desafiador (TOD). Idealizado pela assistente social Laura Lima, a ideia surgiu após a necessidade de fazer parte de uma rede de apoio que conhecesse o contexto de dificuldades que perpassam a atual realidade desse público.

“A maioria das pessoas que chegam ao Gotas Azuis vem perdidas, desorientadas. Geralmente, elas estão em processo de descobrimento, mas não foram bem acolhidas pelos profissionais pelo qual passaram. A pessoa expõe a dificuldade dela, pede orientações e ali mesmo a gente orienta. Nós acolhemos, ouvimos e, em outro momento, orientamos em relação ao transtorno”, explica a fundadora.

Com objetivo de ser suporte, o projeto auxilia os familiares em processo de desconfiança, investigação ou com laudo de algum desses transtornos. “Nós orientamos sobre os transtornos, como o responsável tem que agir, quais são os direitos, o que diz a lei, como faz para tirar a carteirinha CIPTEA, o passe-livre. Orientamos sobre os atendimentos da rede pública e qual o fluxo de encaminhamento. Na área da educação, orientamos sobre o facilitador escolar e já acompanhamos algumas mães para informar sobre a situação do filho para a escola”, afirma Laura Lima.

Atualmente, o grupo reúne mais de 400 participantes, em um aplicativo de mensagens instantâneas, entre eles promotores de justiça, psicólogos, fonoaudiólogos, estudantes e responsáveis atípicos. Ao todo, já foram mais de 100 atendimentos virtuais e cerca de 50 orientações sobre o direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas).

Juntos, os integrantes já realizaram diversas iniciativas com intuito de amparar as famílias atípicas em situação de vulnerabilidade social em relação aos cuidados específicos para as pessoas com transtornos comportamentais. Distribuição de cesta básica e vale gás, doação de bicicleta, fogão, air fryer e medicamentos de uso contínuo foram algumas das ações visavam melhorias na qualidade de vida dessas crianças e adolescentes.

É dessa forma que o projeto conscientizar e luta pelo reconhecimento social da causa. “Nós prezamos pelo empoderamento da família. Nós temos encorajado os pais e mães a lutarem e buscarem os direitos pelos filhos. Nosso maior avanço é o conhecimento para denunciar situações de desrespeito no Ministério Público, cobrar os direitos na diretoria da escola e, principalmente, a irem dialogar”, revela a fundadora Laura Lima.

ACOLHIMENTO

Foi em 2017 que Daniele Tavares, 41 anos, iniciou uma caminhada solitária em busca de tratamento para o filho com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foram pelo menos cinco anos de uma rotina difícil em busca de informações sobre o acesso à educação e atendimento de saúde pública para o menino.

Depois de algumas tentativas de entrar em outros grupos que Daniele encontrou o Gotas Azuis, onde, finalmente, teve contato com as experiências de outras mães. “Depois do diagnóstico a gente fica meio perdida e precisa de uma troca. Se eu estava precisando, eu pensei em quantas outras mães não estavam precisando de alguém que ouvisse e desse alguma informação”, contou.

Através do grupo, Daniele percebeu a necessidade de fortalecer o fluxo de informações sobre os transtornos comportamentais, um meio de luta pelo reconhecimento dos direitos desse público. Por isso, hoje, ao lado de outras 11 mães, ela é uma das administradoras do grupo e trabalha para conscientizar sobre o papel da família na evolução diária das crianças e adolescentes.

“O primeiro passo é a família se conscientizar e se unir para fazer que o meu filho progredisse. O nosso interesse é fazer com que outras mães tenham a mesma força de vontade de lutar para conscientizar outras pessoas. Se eu conseguir 10 mães para fazerem isso, eu consigo impor para a sociedade que meu filho precisa ser reconhecido”, conclui a administradora do Gotas Azuis.