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Situação de cuidadoras de idosos se agravou na pandemia

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Situação de cuidadoras de idosos se agravou na pandemia Situação de cuidadoras de idosos se agravou na pandemia Situação de cuidadoras de idosos se agravou na pandemia Situação de cuidadoras de idosos se agravou na pandemia
 Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Os pesquisadores Dalia Romero, coordenadora do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (Gise) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Daniel Groisman, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e Leo Ramos Maia, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), escreveram o artigo “O apoio às cuidadoras familiares de pessoas idosas no contexto da pandemia de Covid-19“. No texto eles apresentam os dados de 2.023 pessoas, colhidos em todo o país, mostrando que a situação apresentada pela PNAD 2019 se agravou nos dois anos em que a doença vitimou milhares de pessoas.

A pesquisa, que deu origem ao artigo, foi baseada no inquérito Cuidando de quem cuida, coordenado pelos pesquisadores a partir da constatação da reduzida base de fontes de dados que há no Brasil sobre as condições de vida das pessoas cuidadoras de pessoas idosas. Segundo Dalia Romero, o artigo contém informações relevantes, “sendo que uma das principais é verificar que há um alto percentual de mulheres (quase 40%) que não contou com apoio durante a pandemia”, afirma.

Os pesquisadores analisaram também os dados pela ótica do apoio: contratado (quando a pessoa/família contrata profissional ou não para cuidar do parente idoso), familiar (quando mais membros da família se envolvem no suporte ao parente idoso) e na ausência total de apoio. Romero chama a atenção para o fato de cuidadoras que tinham três anos ou mais dedicadas ao cuidado de seu familiar idoso (60% delas) “não tiveram suporte e lutavam com a piora da saúde física e mental, cuidando 24 horas, todos os dias na semana, situação semelhante à escravidão, mesmo considerando que esse trabalho seja feito com e por amor”, afirma. Nos dados, a piora da saúde física e mental é evidente.

Políticas públicas

A coordenadora do Gise chama a atenção sobre o papel da mulher enquanto cuidadora, afirmando que tanto a sociedade quanto o Estado “invisibilizam totalmente” a maior carga do cuidado familiar atribuído a mulher. Segundo Dalia Romero, as pesquisas e a realidade mostram que a situação é pior para as mulheres que, “tendo em média, 50 anos, param suas vidas para cuidar de um familiar idoso”. Para ela, “é fundamental, urgente e justo que o Estado dê visibilidade à probemática. O SUS e, especialmente a Atenção Básica, poderia ser capacitado e sensibilizado para identificar as pessoas cuidadoras, cuidar de quem cuida”.

Com o decreto nº 11.460, de 2023, que instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial – que conta com representantes de várias instituições, dentre elas a Fiocruz, e Dalia Romero integra a equipe – o governo federal espera mudar a situação dos cuidadores familiares de pessoas idosas. O Grupo tem como finalidade elaborar as propostas da Política Nacional de Cuidados e do Plano Nacional de Cuidados. A pesquisadora do Icict acredita que haverá mudanças: “estamos atualmente trabalhando no Brasil numa nova política de cuidados a qual reconhecerá que a integração entre o SUS e o Suas (Sistema Único de Assistência Social) é essencial para o bem-estar da população brasileira, especialmente para quem precisa de cuidado”.