Luiz Octávio Lucas
No auge da pandemia, com tantas pessoas necessitando de cuidados nos hospitais e em casa, era um desafio conseguir um profissional de saúde até para procedimentos mais simples como aplicação de injeções, soros e verificação de sinais vitais. No dia a dia, em casos urgentes, nem sempre o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chega em tempo hábil por fatores como a alta demanda, trânsito, entre outros fatores.
As situações evidenciam o quanto é importante ter conhecimentos básicos em primeiros socorros. Os desafios para a saúde da população surgem de várias maneiras: acidentes domésticos, automobilísticos, queimaduras, afogamentos, engasgos. Em situações como essas você se sente habilitado para ajudar quem precisa? Se a sua resposta for “não”, saiba que já passou da hora de saber como agir em casos que exijam os primeiros socorros.
Médica cirurgiã oncológica e emergencista, Ângela Guimarães, 39 anos, trabalha há 15 anos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Belém, além de acumular 12 anos de experiência no Resgate Aeromédico do Pará. A profissional explica que os primeiros socorros “são os cuidados iniciais que devem ser prestados à pessoa que pode estar em risco de vida, com o objetivo de diminuir este risco e evitar que ele se agrave. Deveriam ser ensinados e treinados à toda a população, com o objetivo de salvar vidas, entretanto esta não é a realidade brasileira”, admite.
“Então, os primeiros socorros devem ser fornecidos por pessoas treinadas e confiantes que estão tomando as ações corretas frente à situação da vítima”, continua. Segundo Ângela, para começar, é importante ter por perto um kit de primeiros socorros. “Deve-se minimamente ter gazes estéreis; soro fisiológico 0,9%; curativos; ataduras; esparadrapo; antissépticos (como clorexidina ou álcool iodado); algodão e pomada para queimaduras”, detalha.
“É claro que dependendo do risco que a pessoa se expõe, os materiais variam no kit para completa segurança. A renovação do kit depende do material, pois a data de validade das soluções difere bastante da data de validade de curativos”, explica a médica.
Ângela Guimarães pontua que todas as pessoas deveriam ser treinadas, desde a infância, nas escolas, a prestar primeiros socorros. “Isso salvaria inúmeras vidas. Ressalto sobre a Lei Lucas, com objetivo proteger as crianças do Ensino Infantil e Básico de acidentes em ambientes escolares. Ela torna obrigatória a capacitação em primeiros socorros para professores e funcionários de escolas públicas e privadas”, cita. “Infelizmente, esta lei não é cumprida até hoje no Brasil. O Samu é uma instituição apta a fornecer cursos de primeiros socorros, fazendo isso há anos para diversas instituições, além de cursos privados distribuídos pela cidade”.
O coordenador estadual do departamento de primeiros socorros da Cruz Vermelha, Israel Sousa, 31, concorda que o treinamento é recomendado para todos: crianças, jovens e adultos. “Que possam ajudar até mesmo somente acionando o serviço especializado”, diz.