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Osmar Prado encena peça no Theatro da Paz

“O Veneno do Teatro” é texto premiado do espanhol Rodolf Sirera e traz em cena Osmar Prado e Maurício Machado. FOTO: DIVULGAÇÃO
“O Veneno do Teatro” é texto premiado do espanhol Rodolf Sirera e traz em cena Osmar Prado e Maurício Machado. FOTO: DIVULGAÇÃO

TEXTO: ALINE RODRIGUES

“O Veneno do Teatro”, texto do dramaturgo espanhol Rodolf Sirera, chega ao Theatro da Paz nos dias 06 e 07 de abril, sábado e domingo, respectivamente às 21h e 19h, em montagem dirigida por Eduardo Figueiredo e protagonizada pelos atores Osmar Prado e Maurício Machado.

Escrito em 1978, como resposta à recém-encerrada ditadura franquista, que dominou a Espanha entre 1939 e 1975, o texto se expande para significados polêmicos que podem ser associados tanto ao campo político como artístico da contemporaneidade. O texto já foi encenado em mais de 60 países e coleciona prêmios mundo afora.

Nele, o ator Gabriel de Beaumont (Maurício Machado) é convidado pelo excêntrico Marquês (Osmar Prado) para interpretar uma peça teatral de sua autoria, inspirada na morte de Sócrates. Mas o nobre passa a controlar o ator através de um jogo psicológico, e se revela um psicopata capaz de qualquer coisa para atingir seu objetivo. Originalmente, a história se passa na França pré- Revolução Francesa, em 1784, ressaltando o período neoclassicista. Mas na versão brasileira, o espetáculo assume uma postura atemporal, inspirado na década de 1920 em Paris.

TEXTO CONTINUA MUITO ATUAL, DIZ DIRETOR

“A grande sacada, a grande pérola desse espetáculo é a dramaturgia do Rodolf Sirera. Ele consegue ser um texto que foi escrito na década de 1970 e ser muito atual, justamente porque discute essa relação de poder entre [os personagens] – o Marquês e o ator. É muito interessante porque ele vai conduzindo e surpreendendo o público a todo momento. Ele tem uma carpintaria teatral muito especial e a nossa montagem brasileira tem todos os aspectos de um grande suspense que o espetáculo pede. E a brasilidade está presente no processo da interpretação, na estética do espetáculo, que é uma estética moderna, tem um aspecto atemporal”, falou o diretor Eduardo Figueiredo, destacando que o público se surpreende o tempo inteiro, seja com a interpretação dos atores, seja com a música tocada ao vivo, que dá todo o clima espetáculo.

“A gente tem um violoncelo executado ao vivo pelo Matias Roque, que vai criando os climas de cada cena. A música é fundamental no espetáculo, inclusive durante todo o processo de ensaios o Matias esteve presente, com a música executada ao vivo. Também é uma característica de todas as minhas encenações, 90% dos meus espetáculos têm música ao vivo”, contou o diretor.

“O Veneno do Teatro” discute também até onde vai o limite da humanidade em cada pessoa. “Nesse momento, com tantas adversidades, onde o homem apresenta tantos sinais de retrocesso e barbárie no mundo contemporâneo, a obra Rodolf Sirera nos apresenta uma importante reflexão sobre civilidade e poder: até onde pode ir a crueldade do ser humano? E sempre com endosso dos poderosos, do poder, que é uma questão presente no personagem do Marquês”, pontuou o diretor.

a obra Rodolf Sirera nos apresenta uma importante reflexão sobre civilidade e poder: até onde pode ir a crueldade do ser humano?

PEÇA MARCA RETORNO DE OSMAR PRADO AOS PALCOS

Depois de quase 10 anos afastado dos palcos, Osmar Prado está de volta ao teatro com essa peça, ao lado do premiado Maurício Machado.

“Esses dez anos representam um tempo em que me dediquei à televisão e ao cinema. Fiz em 2015 o meu último espetáculo, ‘Barbaridade’, um musical, mas como eu atuo nas três áreas – teatro, cinema e televisão -, evidentemente que uma delas acaba me absorvendo mais, que é a televisão”, falou o ator, que acumula papéis na TV desde quando começou em 1958, ainda criança, com uma participação no filme de Anselmo Duarte, “Absolutamente Certo”. “Evidentemente que a televisão me absorveu mais e isso é sintomático, foi nela que comecei”, completou.

Osmar Prado diz que seu papel em “O Veneno do Teatro” veio a partir do convite do diretor Eduardo Figueiredo, para fazer o Marquês. “Não conhecia o Rodolf Sirera, pedi a ele que me mandasse o texto e fiquei absolutamente ‘envenenado’ pelo ‘O Veneno do Teatro’. É um dos textos mais brilhantes, magníficos que já li na vida, e olha que li alguns clássicos e tudo, mas esse texto do Sirera é espetacular, para dois atores brilharem. E ainda tem uma grande cartada da direção, colocar o Matias Roque, um violoncelista magnífico, que com seu violoncelo pontua todo o espetáculo”, elogiou o ator, atualmente dedicado com exclusividade a circular com o espetáculo.

“Me absorveu completamente, tanto que tão cedo não vou voltar para televisão, embora já tenha sido convidado. Você só pode fazer bem uma coisa, um trabalho, se você se dedicar inteiramente a ele, senão fica faltando. E em ‘O Veneno do Teatro’ não há menor possibilidade de realizá-lo a contento, se não me dedicasse inteiramente”, disse Osmar Prado.

ESPETÁCULO É MICROCOSMO DA VIDA, DIZ MAURÍCIO MACHADO

Para Maurício Machado, “o espetáculo é um microcosmo da vida, com as relações predatórias de poder e a manipulação desse mecanismo, máscaras sociais que vestimos, o lado farsesco da civilização e até o humor que existe nisso tudo, além da curiosidade em si que o teatro e a profissão do ator despertam no público”, disse. “Tudo isso está presente na peça. Fomos fiéis ao que está no papel, bastou seguirmos a corrente e o fluxo do texto, que é genial e, surpreendentemente, mais atual que nunca!”, contou Maurício, se dizendo honrado em dividir o palco com Osmar Prado.

“Estar ao lado de Osmar Prado é estar ao lado do maior ator vivo do país. E assisti-lo, só por esta razão, deveria ser obrigatório a qualquer brasileiro! Ao lado de Chico Anysio, sempre foram para mim os meus melhores, minhas referências e inspirações. Fizemos uma mesma novela, ‘Cordel Encantado’, e apesar de ter circulado por quase todos os núcleos, não contracenamos. Em cena, estamos num grande duelo, num espetáculo de apenas 70 minutos, mas que exige muito de nós, por sua dramaturgia, reviravoltas e ações. E tudo isso só é possível porque Osmar é nosso gigante, titã das artes cênicas”, finalizou Machado.

*Com colaboração de Aline Monteiro

ASSISTA

“O Veneno do Teatro”

Texto: Rodolf Sirera

Tradução: Hugo Coelho

Direção: Eduardo Figueiredo

Elenco: Osmar Prado e Maurício Machado.

Música: Matias Roque Fidelis (violoncelo)

Quando: Sábado, 6, e domingo, 7 de abril, respectivamente às 21h e 19h.

Onde: Theatro da Paz (Av. da Paz – Praça da República, S/N – Campina)

Quanto: Plateia, varanda e frisas a R$ 160/R$ 80(meia); camarote de 1ª ordem a R$120/R$60 (meia); camarote de 2ª ordem e galeria a R$ 100/R$ 50 (meia); Paraíso a R$ 80/R$40 (meia); e Proscênio PcD (1 par) a R$ 50. Vendas na bilheteria do teatro e pelo ticketfacil.com.br.

Classificação: 14 anos.