Dr. Responde

Restrição alimentar já não deixa ninguém fora da Páscoa

Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Irlaine Nóbrega

Foi-se o tempo em que pessoas com restrições ao açúcar e à proteína presente em produtos lácteos ficavam “de fora” da Páscoa. Cada vez mais as opções são variadas para quem não quer ou não pode ingerir ingredientes de origem animal.

De acordo com a nutricionista Jamile Barros, durante o período pascal os consumidores devem se atentar às informações contidas nas embalagens dos produtos para identificar o grau de processamento do alimento. “É preciso prestar atenção no nível de ultraprocessamento dos bombons. Observar se tem aditivos químicos, como corantes e conservantes, que servem para manter sabor e o cheiro típicos dos chocolates. Pessoas que são sensíveis a esses aditivos podem sentir dores abdominais e irritação na pele, por exemplo”, explica.

Para os consumidores que tem algum tipo de restrição alimentar, seja por causa de intolerância, alergia ou seguem uma dieta vegana (não consomem produtos de origem animal), a opção são os doces a base de leite vegetal e oleaginosas, como as castanhas e cereais. Por isso, a melhor opção para quem tem uma dieta restritiva é o consumo de produtos veganos, já que são livres de produtos lácteos e, consequentemente, reduz a chance de uma contaminação cruzada, quando há a transferência das composições do leite, por exemplo.

“Essas pessoas devem ver se as embalagens indicam que os produtos não contêm lactose, caso seja de origem animal. Existe a opção dos chocolates que se utilizam de leites de origem vegetal, como o leite de coco, que são seguros para pessoas com intolerância à lactose. Esses mesmos chocolates também são indicados para pessoas que optam por uma dieta de origem vegetal, como os veganos”, indicou Jamile Barros.

Os chocolates brancos também devem ser consumidos com consciência. Esses não apresentam o principal ingrediente para ser considerado um chocolate: o cacau. “Então, é utilizada a gordura como principal ingrediente, o que torna um chocolate muito mais gorduroso e com um maior teor de corante e conservante para criar o cheiro e o gosto do chocolate tradicional”, revela a nutricionista.

Por isso, a recomendação é o consumo de chocolates amargos, meio-amargos ou com alto teor de cacau para quem deseja manter uma dieta saudável. “Eles acabam sendo mais recomendados por conter uma quantidade alta de cacau e menor adição de açúcar. É um produto menos processado e possui os oxidantes presentes no cacau. É um produto ais saudável”, assegura a profissional.

OPÇÕES

Pensando nessa realidade que a Padaria Verde e Rosa comercializa, desde 2018, produtos artesanais livres de proteína animal. Com a ideia inicial de suprir a ausência desses gêneros no mercado paraense, a chef e fundadora, Petra Marron, criou um espaço de acolhimento e inclusão para qualquer pessoa que pretende diversificar a dieta ou se identifica, principalmente, com a causa ambiental.

Esse ano, o tradicional menu de Páscoa conta com três opções de ovos artesanais de colher: brigadeiro, churros e morango com creme de avelã. Além disso, dois pratos salgados estão entre as opções para o almoço pascal, o Fricassê de jaca e a Batalhoada às natas, criação da chef. “Nos ovos, a base é o chocolate, que vem do cacau. O chocolate que a gente utiliza é 70% cacau e leva na composição leite coco. Para fazer os recheios de brigadeiro e creme de avelã, usamos as oleaginosas, como a castanha de caju, avelã e amêndoas que dão a cremosidade para os recheios. Tem os pratos salgados como a Batalhoada às natas, que é feita com batata, grão-de-bico e alga nori que dá o sabor de mar. Dá para montar um menu completo e não passar vontade”, afirma a chef Petra.

Para a fundadora, os ingredientes garantem sabor e texturas marcantes que agradam todos os paladares. “Eu considero que o sabor não é 100% igual, mas essa não é a nossa intenção. Queremos fazer algo que seja gostoso, mas não necessariamente igual a um alimento de origem animal. A gente consegue alcançar texturas e sabores muito parecidos com os clássicos. A cozinha é afetiva. Fazer uma escolha de vida ou ter uma restrição que nos impeça de comer algum alimento não impede de a gente querer lembrar o sabor de alguma maneira”, conclui.