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Robinho contradiz áudios, não mostra provas contra estupro e vê racismo

Robinho se diz convicto de que vai conseguir uma decisão favorável nos próximos dias.   Foto: Divulgação
Robinho se diz convicto de que vai conseguir uma decisão favorável nos próximos dias. Foto: Divulgação

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O ex-atacante Robinho, condenado na Itália por estupro, deu uma entrevista ao Domingo Espetacular, da Record, na qual negou mais uma vez ter cometido o crime na Itália. Robinho contradisse os áudios captados durante as investigações, obtidos pelo UOL, alegou que a mulher que o acusou estava consciente na boate em Milão e ainda apontou racismo por parte da Justiça italiana. O jogador apresentou durante a entrevista mensagens e alguns exames, mas não mostrou provas de que não tenha cometido o ato, em si, de estupro.

“Os áudios foram um ano depois do ocorrido. Foi em 2014. Naquele contexto, eu não estava conversando com pessoas confiáveis. Eles começaram com uma história de gravidez. Depois, trocaram dizendo que queria me cobrar 60 mil euros. Minha risada foi de indignação. “Vocês não vão me extorquir”. Sei que não cometi nada, não engravidei nenhuma mulher. Não foi de deboche às mulheres, de deboche à vítima. Foi simplesmente querendo me livrar daquela situação, porque eu estava 100% seguro que eu estava sendo extorquido.”, disse Robinho.

Contradições
“Os áudios foram fora de contexto, com pessoas que estavam me perseguindo, querendo me tirar dinheiro. Eu estava querendo me livrar de uma situação que eles estavam me extorquindo. Quando tomou uma proporção, procurei meus advogados. Cada hora, eu falo uma coisa. Quem estava me ligando estava querendo me arrancar alguma coisa. Eu fiz o teste do DNA”.

Ele questiona a ‘inconsciência’ da vítima
“A pessoa que me acusa de algo tão grave e bárbaro, de estupro, ela lembra o que tinha acontecido no local, a cor da minha camisa, quantas pessoas estavam no lugar. Temos imagens de que ela estava combinando de se aproximar de mim logo depois de a minha esposa deixar o local. Ela estava com outros rapazes. E foi para outro lugar com os mesmos rapazes até altas horas da madrugada. Em nenhum momento ela estava alterada, teve comportamento diferente. Ela dançou com outros rapazes, não era local fechado. Não era local violento, que não dava para ver. Ela não aparentou estar inconsciente. As provas mostram que ela não estava inconsciente”.

Nos áudios, Robinho nega qualquer participação no crime, ri e diz que a vítima estava embriagada. “Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina, a mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou”, diz Robinho.

O caso de Robinho volta à tona nesta semana porque a Justiça brasileira vai definir se ele cumprirá a pena no Brasil ou não. O país não extradita seus cidadãos. Por isso, não envia o ex-jogador à Itália para cumprir a pena.

“Quem cometeu esse tipo de crime tem que pagar mesmo. Mas não foi o meu caso. O meu caso é uma falsa acusação. Não sou esse monstro. Não sou violento. Nunca tive isso. Posso afirmar que não é verdade no que estão tentando me transformar. Eu espero que no Brasil eu possa ter a voz que eu não tive lá fora.”, disse Robinho.

O que mais Robinho disse
A noite de festa
“Eu fui condenado na Itália injustamente a nove anos por algo que não ocorreu. Eu tenho todas as provas que mostram isso. Naquele dia, estava em uma noite tranquila, me divertindo com minha esposa e amigos. Em determinado momento, ela foi para casa descansar. Eu sempre gostei de me divertir com amigos e conhecidos. Estávamos em uma boate, normal, em um café. Uma moça se aproximou, começou a conversar comigo, começou a ter leve contato. Fomos para outro lugar próximo, aberto. Tinha seguranças no local. E logo depois daquele contato, fui para casa. Não aconteceu nada além disso.”

Intervalo entre a foto com os amigos de Robinho e mensagem para os amigos.
“Nesses 22 minutos, eu saí em 5, 10 minutos que minha esposa foi embora. Eu já tinha ido para casa, fui o primeiro a sair. Até porque eu ia treinar no outro dia. Não sou de beber, até porque eu tinha que dirigir. Ela me acusa de algo sem o consentimento dela. Estupro coletivo. Se ela estava inconsciente no momento que estava comigo, que foi algo rápido e superficial, como que estava inconsciente para lembrar quantas pessoas estavam na discoteca, mandar mensagens para amigas, saber marca do carro? É impossível estar inconsciente e lembrar de tantas coisas que ela lembrou. A quantidade toxicológica dos exames provam que ela não estava bêbada. Ela foi procurar 4 meses depois a Justiça.”

E os amigos dele?
“O que eu tive com ela foi muito rápido e eu saí do local. Eu fiquei sabendo depois de quatro meses pelo que eles (amigos) me contaram. Eles me contaram que eles ficaram com a garota por determinado tempo, com consentimento dela. Eles não se aprofundaram. Mas aí já não é uma questão minha. Eu fui condenado por algo coletivo de seis pessoas. Por que só eu estou respondendo por isso? Fica bem claro que tinha o objetivo principal de tentar me condenar por algo que não fiz.”

Admissão de traição
“Tivemos uma relação superficial e rápida. Troca de olhares e trocamos beijos. Fora isso, eu fui para minha casa e ela continuou no local, como uma pessoa totalmente consciente. Em nenhum momento ela empurrou, falou “para”. Era um local totalmente aberto. Quando eu vi que ela queria continuar com outros rapazes, fui embora para casa. Foi consensual. Nunca neguei. Eu poderia ter negado, porque não tem meu DNA lá. Mas não sou mentiroso, não preciso mentir.”

Infidelidade
“Eu cometi os meus erros e isso foi resolvido com minha esposa há 10 anos. Eu nunca fui santo. As pessoas evoluem. Mas isso não significa que eu sou criminoso. Existe uma diferença entre cometer um erro e cometer um crime”.

Racismo da Justiça italiana
“Eu já cansei de ver história de racismo, com companheiros meu, como Balotelli. O Prince Boateng sofria muito disso. Infelizmente, isso tem até hoje. O que a Justiça italiana fez em relação a isso? Nada. Os mesmos que não fazem nada com esse tipo de ato de racismo são os mesmos que me condenaram no ato de racismo. Se o meu julgamento fosse para um italiano, um branco, eu tenho certeza que seria diferente.”