Alexandre Nascimento
A diversidade da culinária paraense nunca deixa de surpreender, com uma riqueza de sabores, aromas e cores. Das tradicionais iguarias como o tacacá e a pupunha com café, aos clássicos como açaí com peixe e as irresistíveis sobremesas de frutas regionais, como a mescla da castanha-do-pará com doce de cupuaçu, Belém recebeu o título de Capital Criativa da Gastronomia pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Mas, a criatividade não se limita apenas aos modos de preparo e consumo tradicionais desses alimentos, que agora podem ser degustados congelados na forma de paletas.
A empresária Jakeline Corrêa decidiu elevar essa criatividade a um novo patamar ao introduzir uma inovação nas suas paletas artesanais na Don Zelitto, de sua propriedade, que fica na travessa Humaitá, no bairro da Pedreira. “Quando montei minha sorveteria, desejava algo único. Por que não utilizar os ingredientes locais em nossas paletas, assim como na Itália onde usam tomate e gorgonzola? Surgiram então as paletas de tacacá, pupunha com café, açaí com camarão, castanha-do-pará com doce de cupuaçu e chocolate com cupuaçu”, compartilhou a empresária.
O desafio inicial foi encontrar o equilíbrio perfeito de sabores para transformar esses alimentos em irresistíveis paletas. “Foram muitas tentativas até alcançar a combinação ideal. Testava com meu marido, filhos e amigos até obter a aprovação necessária para disponibilizá-las ao público”, explicou Jakeline Corrêa.
Apesar da aceitação positiva, alguns sabores dividem opiniões entre os clientes. “É natural que isso ocorra, afinal, alguns sabores são inesperados. Por exemplo, ao experimentar o de tacacá, as pessoas esperam algo mais doce, porém, é o verdadeiro tacacá, apenas sem a goma. Uma adaptação que pode causar estranheza”, acrescentou a empresária.
Entretanto, as paletas inovadoras têm conquistado cada vez mais adeptos, inclusive de fora de Belém. “A divulgação nas redes sociais tem atraído muitos clientes. Recentemente, uma pessoa da Bahia veio direto do aeroporto para experimentar as paletas e adorou todas. Estou confiante de que elas conquistarão ainda mais pessoas com o tempo”, afirmou Jakeline Corrêa.
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EXPERIÊNCIA
Um desses clientes é o médico Flávio Freire, que, influenciado pelas redes sociais, decidiu experimentar os sabores exóticos das paletas. Ao provar o de tacacá, inicialmente ficou surpreso, mas logo reconheceu o sabor autêntico. “É uma experiência única. A paleta não apenas captura o sabor do tacacá, mas também demonstra a genialidade por trás dessa criação. Tenho certeza que vai agradar muitas pessoas, principalmente turistas”, elogiou.
Com a aproximação da COP 30, que será sediada em Belém no próximo ano, Jakeline Corrêa planeja expandir ainda mais sua linha de produtos, introduzindo novos sabores inspirados na culinária regional, assim como a abertura de um novo estabelecimento. “Será um período que a cidade estará cheia de turistas de todo o mundo, pelas questões ambientais, da natureza, mas também por nossa culinária regional que vem dessa nossa natureza. Mas, até lá as paletas precisam conquistar os paraenses antes, por isso já iniciei o processo de abrir um novo espaço mais próximo do centro de Belém para melhor atender os clientes com mais opções de sabores que já estou desenvolvendo”, declarou Jakeline Corrêa.
FRUTAS
As paletas de sabores inspiradas na culinária local vão se juntar aos picolés e sorvetes das variadas frutas regionais do Pará, como no caso dos comercializados pela marca Cairu, que a fizeram figurar na lista das 50 melhores sorveterias do mundo. Essa popularidade pode ser facilmente observada nas unidades espalhadas pela cidade, sobretudo as que funcionam nos pontos turísticos, onde filas são comuns formadas por pessoas que não dispensam provar os sabores autênticos da região.
“A popularidade das nossas frutas regionais dos nossos picolés e sorvetes atrai uma clientela diversificada, principalmente em locais turísticos como a Estação das Docas. As pessoas vêm de fora do estado especialmente por causa desses sabores”, explicou Gerssilena Pantoja, gerente de uma das unidades da Cairu.
