Com um olhar atento ao mercado de trabalho e ao setor de energia solar, que está em franca expansão no país, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) concluiu a formação de mais uma turma do curso de Instalador de Sistema Solar Fotovoltaicos “On Grid e Off Grid”.
Desta vez, a parceria com a igreja Assembleia de Deus do Campo do Maguari beneficiou 25 internos da Unidade de Custódia e Reinserção de Ananindeua (UCR Ananindeua), que foram certificados e estão aptos a entrarem no mercado de trabalho assim que deixarem a unidade prisional.
Para termos uma ideia do poder econômico do setor de energia solar no Brasil, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) aponta que desde 2012, o setor de energia solar já injetou na economia do Brasil mais de R$ 189,3 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 51,6 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou cerca de 1,1 milhão de empregos acumulados. Com isso, também evitou a emissão de 47,7 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
O professor Marcio Charchar, que ministrou às 40 horas-aulas do curso aos 25 alunos, destacou a importância para um custodiado ao concluir um curso dessa natureza. Primeiro pelo valor do curso, que gira em torno de R$ 800 a R$ 900, um preço inviável para a maioria das pessoas, lembra o professor, e mais ainda para quem está privado de liberdade.
Outro ponto destacado pelo professor Márcio é a alta demanda por mão de obra qualificada e especializada para o setor de energia solar no Brasil. Por essa razão, foi repassado aos alunos, durante o curso, a questão de desenvolver o empreendedorismo. “Ele pode empreender também. É por isso que ele sai de lá e já pode empreender, ele pode montar algo para ele”, diz Márcio.
“É um curso completo, abordamos a questão da instalação, a questão do empreendedorismo. O mercado tá pedindo mão de obra e não tem mão de obra. Mão de obra tá escassa, porque muitas vezes a pessoa começa a trabalhar e já monta o negocinho dele ali. Então se você for prestar atenção numa rua, lá deve ter umas duas casas que tem energia solar, o resto todas vão ter no futuro. No momento, é o negócio que está dando emprego, dinheiro e renda”, aponta o professor.
Demanda – Marcio relatou aos concluintes do curso que a procura por mão de obra é intensa em todo o país. Essa já é a segunda turma de formandos na área de usina solar e o professor contou como está a situação de um dos ex-alunos do curso e que já se encontra no regime semiaberto. “Eu o contratei a pedido de um amigo e ele já com a tornozeleira. Ele começou a trabalhar e, resumindo, hoje, quando procuro ele para fazer algum trabalho na área, não consigo porque está sempre ocupado, trabalhando”, contou o professor.
O pedagogo da Diretoria de Reinserção Social da Seap, Oséas Castro Costa, também avalia positivamente a realização do curso na UCR Ananindeua. Costa ressalta que se trata de um curso diferenciado, que além de promover a remissão da pena dos custodiados participantes, garante a profissionalização dos mesmos.