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Ensaio clínico: vacina contra a dengue tem eficácia de 79,6%

Vacina fornece proteção robusta contra os quatro sorotipos da doença
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Vacina fornece proteção robusta contra os quatro sorotipos da doença FOTO: Divulgação

Agência Gov

O Instituto Butantan publicou os primeiros resultados do ensaio clínico da fase 3 da vacina contra a dengue no New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiosas revistas científicas do mundo. Feito com os quatro tipos de vírus da dengue atenuados, o imunizante de dose única evitou a doença em 79,6% dos vacinados ao longo de dois anos, com proteção tanto de quem já tinha tido dengue como daqueles sem infecção prévia.

Um marco importante deste processo ocorreu em 2017, quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apoiou o Butantan com R$ 97,2 milhões para custeio de ensaios clínicos e construção de uma planta de escalonamento para fornecimento da vacina contra a dengue.

“Tem duas diferenças entre a vacina do Butantan e os dois imunizantes comercializados no Brasil. A primeira é que a do Butantan é de dose única, enquanto as outras exigem duas e três doses. Outra diferença é a faixa etária: no caso do Butantan, foram estudados participantes de 2 a 59 anos, o que é mais abrangente”, explicou a diretora médica do instituto, Fernanda Boulos.

Desenvolvido desde o final da década de 90, a vacina fornece proteção robusta contra os quatro sorotipos da dengue. O esquema de dose única ajuda a alcançar uma maior cobertura vacinal com vantagens logísticas e econômicas.

SUS

A vacina precisa finalizar os ensaios clínicos e passar por processo regulatório antes de ser disponibilizada pelo SUS, o que se espera ocorrer em 2025. “A publicação na NEJM, uma revista de prestígio, reforça a qualidade dos ensaios clínicos conduzidos pelo Butantan, a capacidade dos centros de pesquisa e cientistas envolvidos no projeto e o reconhecimento internacional do Instituto”, destaca o diretor do Butantan, Esper Kallás.

A divulgação do estudo fortalece a possibilidade de aprovação da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A análise de eficácia do imunizante foi feita ao longo de dois anos de acompanhamento de 16.235 voluntários de todo o Brasil, com idades de 2 a 59 anos, em 16 centros de pesquisa.

Proteção

  • A proteção foi observada em todas as faixas etárias, sendo 90% em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% dos 7 aos 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos.
  • Em relação à segurança, a maioria das reações adversas foi classificada como leve a moderada, sendo as principais delas dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga.
  • Eventos adversos sérios relacionados à vacina foram registrados em menos de 0,1% dos vacinados, e todos se recuperaram totalmente.