Notícias

Brasil tem 62 milhões de endividados

267 empresas oferecem mais de 250 milhões de ofertas com até 99% de descontos para a quitação de débitos atrasados ou negativados. FOTO: Marcello Casal jr / Agência Brasil
267 empresas oferecem mais de 250 milhões de ofertas com até 99% de descontos para a quitação de débitos atrasados ou negativados. FOTO: Marcello Casal jr / Agência Brasil
Planejar as contas do mês ajuda a aliviar dívidas. FOTO: Marcello Casal jr / Agência Brasil

Luiz Flávio

 

Quatro em cada dez brasileiros adultos (38,87%) estavam negativados em junho deste ano, o equivalente a 62,73 milhões de pessoas. O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O levantamento abrange informações de capitais e interior de todos os 26 estados da federação, além do distrito federal. O indicador mostra que, em junho de 2022, houve crescimento de 12,74% em relação ao mesmo período de 2021.

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (40,05%). O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil, em junho, está na faixa etária de 30 a 39 anos (24%), e segue bem distribuída entre os sexos: 50,82% de mulheres e 49,18% de homens.

Nessa faixa etária, são 15,58 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores. Quatro em cada dez consumidores (34,72%) tinham dívidas de até R$ 500, percentual que chega a 49,75% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.

As dívidas com o setor de bancos cresceram de 24,31%, seguido de água e luz (4,49%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de comunicação (-10,81%) e comércio (-4,06%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso. Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de bancos, com 59,22% do total de dívidas. Na sequência, aparece comércio (13,48%), o setor de água e luz (10,95%) e comunicação (9,13%).

Professor de Contabilidade e Finanças da UFPA, Luiz Paulo Guedes, diz que a organização e o planejamento estão diretamente ligados a uma vida financeira saudável. “Mas, por outro lado, esse endividamento alto é causado principalmente pelas dificuldades que passamos na pandemia. Estamos voltando à normalidade, mas nossa economia ainda está bastante instável. A taxa de desemprego ainda é alta, que se soma a uma taxa de juros e a uma inflação elevada, que aniquila o poder de compra do cidadão e faz aumentar a inadimplência”, detalha.

O especialista diz que diante desse cenário a educação financeira é fundamental. “Os gastos precisam ser sempre planejados e controlados, só consumindo bens e produtos em acasos extremamente necessários ou essenciais para a subsistência. É preciso te muito cuidado com gastos supérfluos no cartão de crédito, que é um muito fácil, mas que se não controlado ou organizado compromete muito seriamente a renda mensal de qualquer família”.

E para quem já está atolado em dívidas? Como fazer para sair da situação? Luiz Paulo explica que o fornecedor do bem ou serviço tem interesse em receber e, nesse caso ele aconselha sempre a priorizar as dívidas que possuem a maior taxa de juros através de negociação. “Outra saída é organizar todas as dívidas e planejar um pagamento, entrando em contato com o fornecedor e negociando um prazo maior para quitação com menores parcelas para que, ao final, a adimplência seja reconquistada e o nome possa ser retirado dos serviços de proteção ao crédito”, aconselha.

 

SEM GANHOS

O economista Luiz Carlos Silva avalia como o principal motivo da inadimplência a perda do poder de compra dos brasileiros já que nos últimos 3 anos os salários não tiveram ganhos reais. Com a inflação nas alturas o brasileiro se viu obrigado a parcelar suas compras, inclusive do grupo alimentação.

“Esse tipo de endividamento é um passo para a inadimplência, já que as parcelas vão se acumulando e chega uma hora que ficam impossíveis de serem pagas, sob pena de comprometerem os outros itens do orçamento familiar, como energia elétrica, água, gás, aluguel, educação dos filhos, etc.”, coloca.

O ideal para evitar o endividamento e a inadimplência é fazer o planejamento financeiro, coisa que não é usual pela grande maioria dos brasileiros que preferem adotar o ele classifica de “política Zeca pagodinho, do deixa a vida me levar“. “Caso a pessoa se encontre nessa situação, o ideal é procurar seus credores e renegociar as dívidas dentro de patamares que não comprometam mais de 30 % de sua renda, trocar dívidas por financiamentos mais baratos também é uma alternativa”, aconselha.

Planejar as contas do mês ajuda a aliviar dívidas. FOTO: Marcello Casal jr / Agência Brasil