Trayce Melo
Nas eleições de outubro, mais uma vez, as mulheres são a maioria das pessoas aptas a votar, segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dos 156,4 milhões de eleitores, 52,65%, ou pouco mais de 82,3 milhões, são do gênero feminino e 74 milhões do masculino, que equivale a 47,33%. A maior parte das eleitoras brasileiras (5.33%) está na faixa que vai dos 35 aos 39 anos, seguida por mulheres que têm entre 40 e 44 anos (5.32%) e pelas que possuem de 25 a 29 anos (5.20%). Entre as eleitoras, há 87.400 mulheres com 100 anos ou mais.
Apesar de comporem a maior parte dos eleitores, esses números ainda não se refletem em participação política. Nas Eleições Gerais de 2018, apenas seis das 81 vagas do Senado Federal foram conquistadas por mulheres. Na Câmara dos Deputados, o cenário é semelhante: dos 513 eleitos, somente 77 eram do sexo feminino. Em 2018, apenas uma governadora foi eleita: Maria de Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte (RN).
Para incentivar a entrada e a permanência das mulheres na política, o TSE lançou, em junho de 2022, a nova campanha “Mais Mulheres na Política 2022”. Exibida nacionalmente em emissoras de rádio e de televisão, redes sociais da Justiça Eleitoral e no Portal do Tribunal, a campanha enfatiza a diferença entre o Brasil real, de forte presença feminina, e o Brasil político, universo no qual as mulheres ainda são minoria.
ELEITORAS
Segundo Alice Ailane, 18 anos, universitária, para mudar essa realidade, é fundamental o estímulo ao lançamento de mais candidaturas femininas, especialmente de mulheres negras, indígenas e de identidades LGBTQIA +. “Eu acredito que seja muito importante para nós, atualmente, principalmente como mulher no atual cenário político que estamos vivendo nesse Governo Federal. Inclusive, pretendo votar em mulheres nessas eleições, uma delas uma mulher trans”, explica.
Patricia de Paula, 31, professora, diz que a falta de representatividade da mulher na política se dá por conta que os recursos financeiros estão concentrados nas mãos de homens. “Infelizmente quem poderia financiar essas eleições não apostam em mulheres. Ainda não há uma valorização social e política. Em relação às pautas sobre as mulheres ainda pouco é feito a respeitO”, relata.
A advogada e médica Débora Xavier, 28, conta que elas são desencorajadas desde crianças a entrar nesses debates e discussões sobre política. “Somos sempre colocadas de escanteio. Pretendo votar em outras mulheres nessas eleições. As poucas mulheres que conheço que são mais atuantes na política, estão muito preparadas. Inclusive daqui do Estado temos boas representantes”, pontua.
A advogada Yasmin Nagat, 23, ressalta que houve um retrocesso com a nova lei eleitoral deste ano. “Eu acho que ainda que a gente tenha proposições de maior participação nas eleições, elas são rasas. Existem várias apurações de medidas contra partidos sendo investigados em que as mulheres são usadas como “laranjas” cotas para recebimento de verbas. Não somos levadas a sério na política, mesmo quando somos eleitas, não somos respeitadas. Há diversos episódios de violências verbais na câmara contra mulheres e até em rede nacional”, lembra.
Elizabeth Paulino, 29, pedagoga, acredita que através da representativa das mulheres na política, elas consigam encorajar outras mulheres a seguir essa carreira. “Ainda falta muito a ser feito a respeito do direito das mulheres, no próprio debate político as candidatas que estão vindo para presidência tinham discursos muito artificiais. Já votei em outras eleições em mulheres e estou cogitando em algumas candidatas para esse ano”, garante.