A Santa Casa foi visitada pela jovem Izana Behmer (28), gestora financeira de uma empresa multinacional e natural da Alemanha, que acompanhada de sua mãe, a empresária Izete Behmer, ambas de férias pelo Brasil, fez a doação de seus cabelos ao Espaço Acolher, que recebe as vítimas de escalpelamento em Belém.
“Minha mãe me informou sobre o nobre trabalho que a Santa Casa do Pará realiza no atendimento às mulheres que perderam seus cabelos. Só posso imaginar os desafios que essas mulheres enfrentam após sofrerem acidentes ou doenças, tentando se reintegrar à vida, principalmente diante da visibilidade da perda de cabelo”.
Izana disse ainda que neste sentido ficou impactada pelos esforços que os profissionais da Santa Casa do Pará fazem para para aliviar essa situação tão dolorosa nessas pessoas. “Não moro no Brasil, então a forma mais fácil e rápida de contribuir foi doar meu cabelo, na esperança de que ajude alguém em um momento muito triste”.
”Ter um corpo saudável é uma bênção pela qual devemos ser muito gratos. Embora cortar o cabelo possa inicialmente causar algum desconforto, pode fazer uma diferença significativa para outras pessoas. Se compararmos o mal-estar temporário que sentimos com a alegria que trazemos a outra pessoa, a decisão se torna muito fácil”, disse Izana Behmer.
Para a enfermeira Giselly Silva, gerente de Captação de Recursos da Fundação Santa Casa, que recepcionou a doadora, os acidentes com escalpelamento, que ainda estão muito presentes em nosso Estado, provocam uma mutilação permanente, onde a vítima pode ter perda total ou parcial do couro cabeludo, pálpebras e orelhas e também sofre com dores físicas e na alma durante toda a vida.
“A forma que encontramos de diminuir essa dor, é melhorar a autoestima dessa vítima, com a doação do cabelo para que sejam confeccionadas perucas para serem doadas à essas mulheres. Nosso desejo é que esses acidentes não aconteçam mais nos dias de hoje, porém como ainda acontecem, precisamos primeiro falar sobre a prevenção, mas também incentivar a doação de cabelos nos mais diversos lugares como nas escolas, nas instituições públicas e privadas e também nas nossas casas para os nossos familiares”, diz Giselly.
A enfermeira disse ainda que a doação do cabelo é importante pois se não for doado, é simplesmente descartado. Portanto é um ato de solidariedade que pode ser seguido por mulheres e homens. Qualquer tipo, cor e tamanho de cabelo vai servir.
Tratamento e apoio às vítimas – Desde 2005, a Fundação Santa Casa é referência no atendimento às vítimas do acidente de escalpelamento com o motor de barcos, tendo criado o Programa de Atenção Integral à Vítima de Escalpelamento. A instituição também conta com o Espaço Acolher, que recebe as vítimas no período de tratamento ambulatorial, quando não possuem casa de apoio ou familiar em Belém. O Espaço Acolher também garante o atendimento às vítimas por meios do Serviço Social, da Psicologia, uma equipe administrativa da Santa Casa e uma equipe de educadores da Secretaria de Educação do Pará e da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que em regime de convênio atua na Classe Hospitalar.
“O cabelo que a vítima de escalpelamento perde no acidente não cresce mais, porque ela perde a base do couro cabeludo. Nós precisamos de doações de cabelos para a produção de perucas, mas nos últimos tempos essas doações diminuíram bastante. Por isso a gente espera que esse gesto de quem faz a doação dos cabelos, possa servir de exemplo para outras pessoas também fazerem a doação”, afirma a assistente social Luzia Matos, coordenadora do Espaço Acolher.