Vacinas para a crise bicolor
Quem acompanhou os jogos recentes do PSC percebeu a imensa diferença de rendimento em relação ao começo da competição. Até a 12ª rodada, o time funcionou muito bem, tanto no aspecto ofensivo quanto no comportamento defensivo. Tinha, acima de tudo, confiança. Não hesitava em arriscar jogadas e buscar surpreender o adversário.
Marlon, José Aldo, Robinho e Serginho se destacaram nas primeiras rodadas pela capacidade de criar jogadas agudas dentro e fora da área dos adversários. Depois de participar do Campeonato Paraense, o quarteto esbanjava entrosamento, o que contribuía para o desempenho do time.
Quando o coletivo funciona bem, as individualidades afloram naturalmente. Marlon tornou-se um dos goleadores da competição e José Aldo chamou atenção geral pela qualidade do passe e a participação sempre marcante na construção de jogadas.
Aos poucos, porém, a equipe passou a enfrentar problemas até mesmo contra adversários menos credenciados – como Aparecidense, Brasil, Confiança e Floresta. Contra oponentes do mesmo nível, os problemas aumentavam de tamanho. É como se houvesse um esgotamento de ideias.
Quando o problema chega a esse estágio, o papel do técnico começa a ser questionado. Márcio Fernandes tem um bom retrospecto no clube. Comandou a boa campanha no certame estadual e conseguiu moldar um sistema de jogo compatível com as limitações de elenco.
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Como a queda não foi estancada, manifesta-se agora na fase decisiva do campeonato. Ao contrário dos adversários de grupo, o PSC padece de uma ressaca técnica que afeta o conjunto e é visível também nas atuações apagadas de Marlon, no baixo protagonismo de José Aldo.
No jogo com o ABC, a alternativa buscada pelo técnico para tentar evitar a derrota foi povoar o ataque e despejar cruzamentos sobre a área. Lançou cinco atacantes, mas não produziu jogadas perigosas. Sinal de que não tinha soluções criativas para mudar o placar desfavorável.
Além de melhorar o astral e trabalhar o comportamento mental do grupo, Márcio vai precisar ser inventivo, buscando alternativas que talvez estejam em jogadores que não têm sido utilizados, como Wesley e Dioguinho.
O fato é que o técnico precisa reerguer o moral da tropa, a tempo de evitar sofrer em Florianópolis a quarta (e fatal) derrota consecutiva. E provar, de uma vez por todas, que o futebol do PSC ainda não bateu no teto.
Meia e lateral podem continuar no Baenão em 2023
Poucos jogadores conseguiram sobreviver ao torniquete representado pela Série C para o Remo neste ano. A grande maioria dos contratados não correspondeu às expectativas, frustrou a torcida e não deixou saudades no Evandro Almeida. Alguns são vistos, inclusive, como diretamente responsáveis pela má campanha.
No seleto grupo dos que saíram da competição com boa avaliação, estão o lateral esquerdo Leonan, o meia-armador Soares e o goleiro Zé Carlos. Leonan estava no elenco desde o campeonato estadual, com o mérito de ter feito o gol decisivo na decisão contra o PSC.
Mesmo ficando de fora de jogos importantes, devido a lesões e suspensões, o jogador segue nos planos do clube para a próxima temporada. É a mesma situação do meia Soares, que chegou na reta final da fase classificatória e deixou excelente impressão. Tem o perfil de organizador de jogadas que o Remo buscava desde a saída de Eduardo Ramos. É provável que fique.
Os goleiros Zé Carlos e Victor Lube já acertaram a permanência. São os primeiros reforços para 2023, juntando-se aos remanescentes da temporada – Vinícius, Paulinho Curuá, Pingo, Ronald, Solano, Henrique e Tiago Mafra.
Capricho da CBF causa esvaziamento da Copa Verde
O torneio nunca teve a valorização que merecia. A CBF criou a Copa Verde por força da pressão do futebol paraense em 2014 e, talvez por isso mesmo, destinou a ela um tratamento de quase menosprezo, tanto que nunca a incluiu no calendário oficial da temporada.
Desta vez, exagerou na irresponsabilidade. Não informou nada sobre a competição e deixou para decidir em cima do laço, pressionada pelas federações dos Estados que normalmente participam do torneio.
Com isso, inviabilizou a participação de sete clubes classificados para a Copa Verde. Ontem, o Trem de Macapá anunciou desistência, juntando-se a Atlético-GO, Remo, Manaus, Nova Venécia-ES, Ceilândia e Grêmio Anápolis.
Todos esses clubes estavam sem calendário quando foi confirmada a realização da CV. Manaus e Remo foram enfáticos em protestar contra as datas de disputa. Os dirigentes do Remo chegaram a propor o adiamento para janeiro, mas a entidade não atendeu o pedido.
O Trem amapaense padece do mesmo problema. “Quando acabou o campeonato amapaense, desmontamos a nossa equipe, fizemos o pagamento de todos os atletas, e a maioria desses atletas já estão vinculados a outros clubes aí do Pará para jogar a segunda divisão estadual”, disse Ronaldo Tavares.
Acrescentou algumas outras verdades. “Eu vejo que a CBF tem que mudar o seu pensamento com relação a nós, clubes do Norte. Parece que eles brincam, eles fazem o que querem. Acho que a CBF tem que ter mais respeito pelo futebol do Norte do país”. Na mosca.
Pelo visto, o desrespeito não vai cessar, a depender da maneira como as federações da região se submetem bovinamente aos ditames da entidade, desde que o mundo é mundo.
Em tempo: a Copa do Nordeste, que é uma competição viabilizada pela liga dos clubes da região, será jogada em janeiro. Sob pressão dos presidentes dos clubes, que têm voto na CBF, a confederação permitiu, sem problemas. Bem ao contrário da maneira como impôs as datas da Copa Verde.