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Gerson Nogueira analisa a queda de Catalá: 'Ausência de ideias'

Foto: Samara Miranda/Remo
Foto: Samara Miranda/Remo

Novo tropeço derruba Catalá

O desenho da partida foi muito parecido com o da eliminação na Copa do Brasil. O Remo perdendo gols e tomando o 1 a 0 em meio à barafunda defensiva. Como em Porto Velho, abusou da desorganização. Empatou em lance atípico, de iniciativa individual do zagueiro Ícaro, mas a transição foi novamente um desastre. Frouxa, lenta, sem inspiração. O empate só teve um aspecto positivo: o desligamento do técnico Ricardo Catalá.

Quando a bola rolou, a expectativa era de uma nova vitória do Remo, que seria a terceira seguida no Parazão – Tapajós e Águia foram as anteriores. O adversário não impunha temor, mas, à medida que o tempo passava, os erros habituais voltaram a assombrar a torcida presente ao Baenão.

Depois de perder oportunidades claras com Felipinho e Ribamar por pura afobação, a marcação vacilou e o São Francisco não perdoou. Foram quatro finalizações numa jogada só, até a bola tomar o caminho das redes. O arremate definitivo foi de meia bicicleta. Um golaço de Edgo, aos 28 minutos.

A simplicidade do São Francisco contrastava com a desconexão dos setores de meio e ataque do Remo. Como de praxe, na busca pela igualdade, o time passou a disparar chuveirinhos em direção a Ribamar. Não funcionava, pois a zaga levava quase sempre a melhor.

Aos 40’, quando o zagueiro Ítalo acertou um tiro de primeira, aparando um rebote da zaga, tudo parecia se encaminhar para uma reação azulina. Ledo engano. O primeiro tempo terminou com os atacantes desperdiçando lances bobos junto à área do São Francisco.

Na volta do intervalo, o Remo seguiu na mesma estratégia de cruzar bolas na área. Como o São Francisco se fechava todo para garantir o empate, o técnico Ricardo Catalá meteu as mãos pelos pés com mudanças completamente incompreensíveis.

Tirou o volante Henrique, que estava bem na recomposição e na distribuição de jogo, para colocar o confuso Pavani. Além disso, tirou Camilo para a estreia de Matheus Anjos e trocou Felipinho por Echaporã.

A mexida no meio deixou o Remo inicialmente travado, sofrendo com o desentrosamento de Mateus com os companheiros. O time só começou a pressionar mais forte nos 20 minutos finais, com Echaporã e Thalys avançando pela direita e a dupla Marco Antônio e Raimar pela esquerda.

Mas, se não bastasse a dificuldade para criar pelo corredor central, o Remo tinha contra si a absoluta inaptidão de Ribamar para o jogo aéreo. Alto e forte, o centroavante repetiu ontem à noite as performances que faziam as torcidas de Botafogo e Vasco arrancarem os cabelos.

O jogo terminou empatado pela inoperância ofensiva do Remo e a completa ausência de ideias por parte de Catalá, que terminou dispensado minutos depois do tropeço. A situação ficou insustentável e o voto de confiança da diretoria terminou ontem.

Botafogo e Tiquinho finalmente estreiam na temporada

Tomei como presente de aniversário a belíssima atuação do Botafogo, ontem, diante do Aurora (Bolívia). Desculpem a imodéstia deste escriba, mas a goleada de 6 a 0 retratou o que foi a partida, inteiramente dominada por Tiquinho Soares e seus companheiros. Os gols foram surgindo naturalmente, e cabia até mais.

Importantíssima a reabilitação de Tiquinho perante o torcedor alvinegro. Marcou um gol e deu assistência para dois gols de Júnior Santos, grande nome da partida, com quatro gols e uma atuação encapetada.

E até semanas atrás havia quem defendesse a saída de Junior e Tiquinho. Teve até pichação no estádio Nilton Santos. Em certos momentos, o torcedor é um ser absolutamente insano e afobado.

O gol de Júnior Santos logo aos 3 minutos deu o tom do que viria a ser a partida: um passeio botafoguense. O time foi vertical e implacável no aproveitamento das muitas brechas deixadas pelo sistema defensivo boliviano.

Aos 16 minutos, foi a vez de Tiquinho fazer as pazes com o gol – e com a torcida. No lance, bateu duas vezes para colocar a bola nas redes. Depois, Savarino marcou um golaço, invadindo pela esquerda e chutando no ângulo para fechar o primeiro tempo em 3 a 0.

Na etapa final, Tiquinho teve um gol anulado logo no início, mas deu assistência perfeita para Júnior estufar as redes. O ponta-direita estava em noite digna de Jairzinho, aterrorizando a zaga do Aurora. Marcou mais duas vezes, contribuindo decisivamente para a goleada de 6 a 0.

Curiosamente, como ocorreu na fatídica Série A de 2023, esta grande atuação do Botafogo teve um auxiliar técnico na beira do campo. No ano passado, Cláudio Caçapa foi responsável por alguns dos jogos mais empolgantes da equipe. Desta vez, o interino é Fábio Mathias.

Que venha o Bragantino.

Papão só não pode subestimar o azarão Ji-Paraná

Contra o Ji-Paraná, hoje, o PSC estreia na Copa do Brasil e Hélio dos Anjos, que não estará em cena – cumpre suspensão –, formatou a equipe com força máxima. A dupla titular da zaga está de volta e Nicolas comanda o ataque.

Fundamental a essa altura é tomar como alerta o tropeço que eliminou o Remo, lá mesmo em Rondônia, na semana passada. Qualquer vacilo pode significar um prejuízo de R$ 1,4 milhão.

A estratégia montada pelo clube para o jogo foi meticulosa. O time poupou peças diante do Canaã, no sábado, e o complicado roteiro de viagem foi cuidadosamente pensado para evitar ao máximo o desgaste do time.

Em situação normal, o PSC é favoritaço. Tem um elenco tecnicamente superior, a partir de investimentos muito superiores aos do Ji-Paraná, e não pode desperdiçar a chance de fazer receita na Copa do Brasil.