Grande Belém

As manhãs de domingo na República são para passear, vender e comprar

Concurso literário terá nova categoria e também premiação em dinheiro. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.
Concurso literário terá nova categoria e também premiação em dinheiro. Foto Wagner Santana/Diário do Pará.

Diego Monteiro

Na manhã de todos os domingos a Praça da República, no coração de Belém, se transforma em um espaço de empreendedorismo e diversidade a céu aberto. Nesse dia, dezenas de barracas tomam conta das calçadas com uma ampla variedade de produtos colocados à disposição dos visitantes, que vão desde itens artesanais e de decoração, até plantas, livros, comidas típicas paraenses, entre outros.

Para os empreendedores, as manhãs dominicais representam uma oportunidade valiosa de empreender, garantir uma renda extra e dar visibilidade para os seus produtos. Josiel Pinheiro Gomes, 33, por exemplo, mora em Abaetetuba, cerca de 220 quilômetros de Belém, e percorre toda semana essa distância para poder expor suas criações feitas de miriti.

Josiel revela que trabalha na Praça da República há pelo menos sete anos. “Sem sombra de dúvida uma das coisas mais importantes desse espaço é a oportunidade de ganhar uma renda extra, além de que junto a isso, temos o reconhecimento do nosso trabalho. Eu literalmente enfrento uma viagem para estar aqui todos os domingos, mas além do cansaço, me sinto satisfeito e feliz com isso”, disse.

Mesmo que o clima tenha amanhecido nublado, marcado por momentos de chuviscos na manhã de ontem, 25, o movimento intenso de visitantes na República se manteve. “Moro numa região ribeirinha de Cametá e todas as vezes que eu venho aqui em Belém tenho que passar aqui pela praça. Considero um ambiente de conexões, tanto de pessoas como com a natureza”, explica Cadu Gomes, 15.

Segundo o estudante, um dos pontos favoritos do espaço são os sebos ao ar livre. “Imagina, você consegue comprar várias coisas úteis e tudo isso no melhor cenário possível. Eu, particularmente, passo bons tempos escolhendo livros. Além disso, acho os preços maravilhosos, o que dá oportunidade de comprar obras interessantes e ainda comprar alguns presentinhos”, acrescenta Cadu.

Cenário

Diferentemente de ambientes comerciais tradicionais, a praça proporciona uma interação mais próxima e autêntica entre empreendedores e consumidores, garante o professor de história e sebista Renato Ribeiro, 36. “É só olhar ao redor: olha que clima gostoso e visão maravilhosa. Eu sempre digo que aqui é um núcleo multiculturalista, pois tem de tudo e tem de todos”, afirma. “Não gosto de fazer vendas online, tanto que não ofereço nada nas redes sociais. Além disso, temos um sebo aqui na Presidente Vargas, mas esse momento aqui na República é o que chama mais atenção, não só por conta das vendas, que claro, é importante, mas por esse clima que mesmo que estejamos trabalhando não nos sentimos cansados como se estivéssemos em quatro paredes”, completa Renato.

A oportunidade de negócio que o local traz é grande, tanto que há empreendedores que trabalham ali há décadas. Maria de Nazaré Santana, 76, é uma dessas profissionais, que monta a barraca há 40 anos sempre com os mesmos produtos: nas primeiras horas do dia um cafezinho com pão e ao se aproximar o horário do almoço passa a oferecer maniçoba, vatapá e caruru. Maria revela que quando começou por lá, a Praça da República era bem diferente de como é atualmente. “Eu ficava numa área de pedras e apesar do grande movimento na época, hoje em dia é bem maior. Aqui é onde eu tiro o meu dinheiro para me sustentar e sustentar a minha família. Isso acontecia antes e acontece até os dias de hoje. Me sinto feliz quando venho para cá ganhar meu dinheirinho”.