Carol Menezes
Os mais de 126 mil habitantes de Altamira, município do sudeste do Pará e um dos maiores do mundo em extensão territorial, por pouco não ficaram sem sua própria Usina da Paz por conta de uma desistência inesperada do consórcio Norte Energia, que no ano passado assinou a ordem de serviço junto ao Governo do Pará, idealizador do projeto, para execução das obras e logo depois simplesmente retirou máquinas e trabalhadores do terreno onde o complexo será erguido.
Durante uma extensa agenda em Altamira na sexta, 23, Helder fez questão de expressar toda a sua indignação com a Norte Energia ao falar sobre o assunto, inclusive sem poupar adjetivos bastante descritivos contra a empresa.
“Eu preciso dar uma satisfação para a população aqui de Altamira. Eu vim aqui há alguns meses atrás para iniciar as obras da Usina da Paz. Lamentavelmente nós, do Governo do Pará, fomos vítimas dos mesmos calotes que a Norte Energia faz com Altamira”, anunciou em seu discurso à população.
“A Norte Energia veio aqui e assinou a Ordem de Serviço para construção da Usina da Paz. Fizeram um teatro, colocaram um monte de máquinas, para me enganar e enganar a população de Altamira. Resultado: quando nós fomos embora, esses vigaristas levaram as máquinas embora e não fizeram a obra”, confirmou.
“Eu só quero dizer uma coisa: Altamira não vai ser prejudicada pela vigarice da Norte Energia. Eu já mandei arrumar outra empresa que vai construir a Usina da Paz aqui. E esses vigaristas da Norte Energia que se preparem comigo. Eu não mexo com ninguém. Agora quando mexem comigo se preparem, porque eles escolheram o inimigo errado. E o tratamento que eles estão dando pra cá… a volta do anzol é pior”, prometeu o governador.
Para quem não lembra, a Norte Energia é a responsável pelo controverso projeto da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, próximo ao município de Altamira, que já foi alvo de uma grande quantidade de denúncias por conta da degradação ambiental e social promovida ao longo dos anos em toda a região.
Legado social – Com mais de quatro milhões de atendimentos e considerado um exemplo nacional por ministros, autoridades diversas e um sem número de especialistas, estudiosos e influenciadores, o projeto Usina da Paz (UsiPaz), criado pelo Governo do Pará em 2019, segue em expansão por todo o estado a pedido de prefeituras e da própria população.
Para se entender o tamanho do prejuízo aos habitantes de Altamira, em uma única Usina da Paz, milhares de pessoas de dezenas de bairros, localidades e distritos adjacentes podem usufruir gratuitamente de mais de 80 serviços disponibilizados pelos órgãos e entidades parceiras do estado, como espaços para atividades esportivas; salas de audiovisual e inclusão digital; atendimento médico e odontológico; consultoria jurídica; emissão de documentos; ações de segurança; capacitação técnica e profissionalizante; espaço multiuso para feiras, eventos e encontros da comunidade.
Também há espaços para cursos livres e de dança, teatro, robótica, artes marciais, musicalização e biblioteca. Além disso, é disponibilizado pela Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Pará (Prodepa) sinal de wi-fi gratuito para os usuários da Usina da Paz.
Hoje, são cinco UsiPaz em funcionamento em Belém – Jurunas/Condor, Terra Firme, Guamá, Cabanagem, Benguí -, uma em Ananindeua, no Icuí-Guajará; uma em Marituba, no bairro Nova União, e outras duas no sudeste do estado, uma em Parauapebas e outra em Canaã dos Carajás. No momento há outras 28 em obras espalhadas em diversos municípios e regiões do estado. De acordo com a Secretaria de Estado e Segurança Pública e Defesa Social (Segup), de 2019 para cá houve queda nos índices de criminalidade e violência em todos os locais onde uma UsiPaz foi instalada.